
No papado do também conservador João Paulo II, ele foi o braço direito, responsável pela versão moderna do Tribunal da Santa Inquisição, que na Idade média condenava à fogueira os "hereges", homens e mulheres que questionavam os dogmas da Santa Igreja. Na versão século XX, este Tribunal, entre outras calaminades, calou as oposições dentro da própria Igreja, como a Teologia da Libertação. O próprio Ratznger decretou o silêncio por dois anos do então frei, Leonardo Boff, hoje professor e excomungado da Igreja Católica.
O artigo que se segue foi escrito pelo Núcleo de Estudos Anarquistas da UFF (Universidade Federal Fluminense) sobre a mais recente polêmica envolvendo o Papa e os rumos conservadores desta Instituição, que em recente visita ao Brasil, afirmou em discurso na sessão inaugural dos trabalhos da 5ª Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe (CELAM), que se realizou na Basílica de N. Sra. Aparecida, Bento 16 negou que o catolicismo tenha sido imposto pela Igreja aos povos indígenas que viviam na América do Sul. Falando em espanhol, o papa disse que a cultura indígena permite afirmar que, mesmo sem saber, os índios procuravam Jesus Cristo. "O que significou para os povos latino-americanos ter aceitado a fé cristã? Para eles, significou conhecer e acolher Cristo, o Deus desconhecido que seus antepassados, sem saber, procuravam em suas ricas tradições religiosas. Cristo era o Salvador que buscavam silenciosamente", disse o pontífice.
Segundo ele, o anúncio de Jesus e seu Evangelho não supôs, em nenhum momento, a alienação das culturas pré-colombianas, nem foi a imposição de uma cultura estranha, acrescentou. Para o papa, as culturas autênticas não estão fechadas em si mesmas ou petrificadas em um determinado ponto da história. "Mais ainda, buscam o encontro com outras culturas, esperam alcançar a universalidade no encontro e diálogo com outras formas de vida e com os elementos que possam levá-las a uma nova síntese, em que se respeite a diversidade das expressões e sua realização cultural concreta", reiterou.
Vaticano beatifica 498 "mártires" da Guerra Civil espanhola
CIDADE DO VATICANO - Neste domingo no palco da Praça São Pedro aconteceu uma das mais patéticas ações promovidas pelo Vaticano nestes
últimos anos: a beatificação de 498 espanhóis considerados mártires das
"perseguições religiosas" durante a Guerra Civil espanhola (1936-1939).
Essa foi a maior beatificação coletiva da história da Igreja. Após a cerimônia, o
Papa Bento XVI disse que o"com seus gestos de perdão em relação a seus
perseguidores, (os novos beatos) nos impulsionam a trabalhar pela
reconciliação e convivência pacífica". "Com seu testemunho, iluminam
nosso caminho espiritual para a santidade e ns levam a entregar nossas vidas
como oferenda de amor a Deus e aos irmãos" - disse funebremente o pontífice,
após a cerimônia celebrada pelo cardeal português José Saraiva Martins,
prefeito da Congregação para a Causa dos Santos e representante oficial do
Papa.
O Papa Bento XVI (que, não por coincidência, é egresso das
fileiras nazistas, filho um combatente da SS e tendo participado da
União de Jovens Nazistas da Alemanha), assistiu a cerimônia do
Palácio Apostólico e não mencionou as circunstâncias históricas nas
quais os "mártires" morreram. Muitos padres e líderes da Igreja
Católica se aliaram ao genral fascista Francisco Franco durante a
Guerra Civil, fazendo mais de 500.000 pessoas mortas, dentre eles
grande número de trabalhadores socialistas e anarquistas.
Grande parte destes "mártires" eleitos pelo Vaticano foi assassinada
pela própria população espanhola, organizada contra a ditadura
fascista de Franco. Durante décadas, a Igreja Católica na Espanha colheu provas de que centenas de seus membros morreram durante a guerra "devido à crença que seguiam", o que os torna, na opinião dela, "elegíveis à beatificação".
Na cerimônia, o Cardeal José Saraiva Martins disse que os 498 novos beatos
"derramaram seu sangue pela fé durante a "perseguição religiosa" na
Espanha". Completando essa cena asquerosa, o Cardeal afirmou que, "antes de morrer perdoaram os que os perseguiam e rezaram por eles". E, de acordo
com "as estatísticas" da Igreja, os """"mártires"""" dos anos da Guerra Civil
Espanhola, classificados no que o Papa João Paulo II denominou como os
"Mártires do Século XX", podem chegar a 10 mil. O resultado do teatro bizarro
foi a beatificação de 977 destes indivíduos e a santificação de 11 deles em
outras cerimônias celebradas no Vaticano, e avisou que caso católicos
devotos relatem milagres decorrentes de preces direcionadas aos """mátires"""
que foram beatificados neste domingo, eles podem ser colocados na lista do
longo processo de santificação.
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Aos que almejam a justiça social e a liberdade, resta o repúdio e a denúncia desta barbaridade que o Vaticano está proclamando!
Neste momento, os que forem religiosos cabe prestar reverências e
preces e os que não forem religiosos cabe prestar as devidas
homenagens à população espanhola que lutou na Guerra Civil,
contra a ditadura fascista apoiada pela Igreja Católica, e aos muitos
que foram assassinados nesta luta.
GEA-NEC / UFF
Agradecemos a colaboração do professor e amigo J.J. pelo artigo enviado.
Abraços fraternos, Vozes da América.
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