Já havíamos denunciado a participação de traficantes no golpe que
derrubou o presidente Fernando Lugo, no Paraguai, e até falamos da suspeita de
que havia brasileiros envolvidos na trama. Na verdade, houve uma estranha
aliança para impedir que o Paraguai se desenvolvesse e iniciasse uma fase de
justiça social.
Em 1864, quando o Paraguai avançava a passos mais
largos que os demais países da América do Sul e incomodava o poderio da
Inglaterra na região, foi forjada uma aliança entre Brasil, Uruguai e Argentina
(a tríplice aliança), alimentada e armada pelos ingleses, para impedir o
desenvolvimento paraguaio. Para quem não conhece, o Paraguai foi o primeiro
país na América Latina totalmente atendido por redes elétricas, tinha a maior
ferrovia do continente, a única siderúrgica da América e abolido o
analfabetismo! E isto incomodava o Império Inglês. Para quem não conhece a
história, recomendo a leitura do livro “Guerra do Paraguai – o genocídio americano”,
de Julio José Chiavenato.
E o que estamos vendo é a repetição do ataque ao
Paraguai, agora com outros atores. Uma “quádrupla aliança”, composta pela
empresa multinacional Monsanto, pela oligarquia latifundiária da região, pela
Igreja Católica e pelos narcotraficantes, é a responsável pelo golpe que
derrubou o presidente legitimamente eleito, Fernando Lugo. As eleições presidenciais que acontecem hoje apenas
consolidam uma farsa!
Os pecados de Lugo? Em primeiro lugar, sua vontade de
aumentar os impostos sobre os exportadores de carne e soja (passar de 3% para
4%) e, em segundo lugar, sua vontade de terminar com os altíssimos lucros da
Monsanto no país, abolindo a taxa de quatro dólares que a produtora de sementes
transgênicas recebe por cada tonelada de soja colhida no país (sementes dos
tipos Roundup
Ready RR1 e Intenta RR2 Pro).
Vale lembrar que, dois meses
depois do golpe, o “novo governo” paraguaio suspendeu a gratuidade nos serviços
de saúde para os mais pobres, implantada por Lugo. A assistência social aos
camponeses também foi abolida e se estabeleceu uma perseguição aos sindicatos e
todas as formas de organizações dos trabalhadores do campo.
Além de ter se tornado uma
área livre para o tráfico de cocaína, em apenas 10 meses decorridos desde o
golpe o Paraguai se transformou no terceiro maior produtor mundial de maconha
(perde apenas para os EUA e para o México)!
As eleições de hoje devem
consolidar o golpe e “legalizar” a narco-democracia paraguaia. Alguns falam que
pode haver uma “surpresa” com candidatos da esquerda, mas é muito difícil.
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