A presidenta
Cristina Fernández assinou nesta semana um Decreto de Necessidade e Urgência
decretando a intervenção do Estado na empresa petroleira YPF Sociedade Anônima.
Pelo decreto, 51% das ações da empresa passam para as mãos do Estado argentino.
No mesmo decreto, são empossados como interventores na YPF o ministro do
Planejamento Federal, Julio de Vido, e o secretário de Política Econômica, Axel
Kicilov.
Mas é importante que tenhamos conhecimento de alguns
fatos do que está acontecendo na Argentina e que estão sendo escondidos pelos
nossos jornais. Afinal, o que levou a presidenta Cristina Fernández de Kirchner a
tomar tal posição?
Em primeiro lugar, da
maneira que nossos jornais estão tratando do tema ficamos com a impressão de
que foi uma atitude intempestiva. Mas esta é uma visão totalmente errada, pois
o governo argentino já vinha, nos últimos anos, denunciando que a empresa
Repsol não estava cumprindo com o estipulado no acordo de privatização.
Para se ter uma idéia do que
acontecia, basta dizer que entre 1998 e 2011 houve uma redução na produção de
petróleo do país na ordem de 54% e a produção de gás caiu 97%. E estes
resultados são fruto da política usada pela Repsol que priorizava a máxima
exploração dos poços e jazidas já existentes, levando ao quase esgotamento, e
deixava de investir em novas áreas de exploração.
Enquanto empresa estatal, a
YPF tinha mais de 55 mil trabalhadores em seus quadros. Depois de privatizada
reduziu este número para 6 mil empregados e levou algumas cidades argentinas
(General Mosconi, Tartagal, Luján de Cuyo, Berisso, Ensenada, Cutral Có, Plaza
Huincul e outras) a uma terrível situação social de desemprego e desesperança.
Até 1999, data da
privatização, a YPF engarrafava e vendia o GLP (gás liquefeito de petróleo).
Além da tarifa social (mais baixa em determinadas regiões), a garrafa de 10
quilos custava 7 pesos. Passando para a exploração da Repsol, a garrafa de 10
quilos chegou a custar 30 pesos e desapareceu a tarifa social para populações
de baixa renda.
E, é bom que se diga, o
governo argentino não está reestatizando a empresa. O governo tomou de volta
51% das ações (classe D) que pertenciam à Repsol. Deste total, o Estado ficará
com a maior parte (51%) e passará 49% para as províncias petroleiras do país.
Isto permitirá a criação de um Conselho Federal de Hidrocarbonetos que passará
a ser o centro da política para o setor. A família Eskenazi continua de posse
de 25% das ações da YPF e a Repsol ainda terá 7% das ações, enquanto os 17%
restantes permanecem nas mãos dos investidores que compraram na Bolsa de
Valores.
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