O
patrimônio do ex-ditador chileno é avaliado em mais de 20 milhões de dólares,
mas está bloqueado pela Justiça desde 2006 e não se sabe como ele conseguiu.
Mas agora o mistério pode ser desvendado. Uma decisão judicial assinada na
quarta-feira (25) decreta a abertura do seu testamento para encontrar pistas
que levem à origem da fortuna.
A pedido do CDE (Conselho de Defesa do Estado), a juíza
Soledad Araneda, do terceiro Juizado Civil de Santiago, convocou uma audiência
para a abertura do testamento de Pinochet. Fontes ouvidas pela agência AFP revelaram
que, junto dela, estará apenas Eduardo Avello, tabelião que preservou os bens
embargados, e outras duas testemunhas, Jorge Aguilera e Carmen Carmona, amigos
dos familiares.
Há dois anos, uma longa auditoria coordenada pela
Suprema Corte Chilena averiguou que, dos 21 milhões de dólares que legou aos
herdeiros, 19,5 não possuíam origens declaradas. Mais além, o relatório sobre o
chamado Caso Riggs também concluiu que boa parte de seu patrimônio estava
depositados em contas bancárias de outros países, como os EUA. Segundo
especialistas da Faculdade de Economia da Universidade do Chile, convocados à
época para a investigação, apenas uma pequena parcela de cerca de dois milhões
de dólares estaria embargada nos caixas de bancos chilenos.
• Cúmplices. O setor financeiro do Reino Unido também estaria
vinculado ao gerenciamento ilícito de contas de Augusto Pinochet em paraísos
fiscais. De acordo com um relatório emitido em 2009 pela Brilac (Polícia de Investigações
do Chile), autoridades fiscais britânicas teriam auxiliado o ditador a omitir
um amplo esquema de lavagem da receita proveniente do comércio de drogas e
armamentos.
Há quatro anos, David Sugarman, professor da
Universidade de Lancaster e estudioso da prisão do militar chileno, disse ao
jornal The Independent que “aparentemente, alguns dos bancos que administravam
os fundos de Pinochet não cumpriram com suas obrigações de transparência e não
atenderam a uma requisição legal que pedia que relatassem movimentações
suspeitas”.
Ernesto Germano
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