Goiânia, 25 de Setembro de 2011. Em tempos de futebol globalizado e de esporte popular elitizado, onde as cifras milionárias são banalizadas em continentes famintos ou emersos a profundas crises, surge o inusitado.
O jogo era Atlético Goianiense e Palmeiras e antes de começar o jogo fez-se um minuto de silêncio. Até aí normal. Pois basta morrer um sócio importante (quase sempre rico ou politicamente influente), alguém famoso, ex-jogador que tenha conseguido não cair no esquecimento, que este tipo de prática acontece: o juíz apita o tal respeito antes de começar a peleja.
Mas hoje não. Morreram quatro trabalhadores da construção civil, pedreiros, num edifício que se ergue em Goiânia. E o silêncio solene foi feito para pessoas simples, sem rostos e sem nomes, mas foi feito.
Nessas horas volto a ter a singela impressão muito recorrente em minha infância de que todos somos iguais. Será? Ojalá sejamos, pois nos segundos que antecederam mais um empate do Palmeiras, nós fomos.
Ouvir as vozes da América, continente que testemunhou mais de 500 anos de exploração. Deixem os gritos dos excluídos entrar em suas almas e verão que o sangue derramado em nossos campos não fertilizaram a terra, que a soberba dos imperialistas se camufla em guerras ou globalização, que nosso povo pagou com suas vidas o alto preço dos lucros. A literatura e história são as nossas armas e com elas, havemos de continuar resistindo, recriando a latinidade.
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