terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Não somos neutros pelo simples fato deles não existirem

Car@s Amig@s,
o Vozes da América relembra sua posição a favor da democratização dos meios de comunicação e assume que não é, nunca foi ou será imparcial. Somos como todas as formas de mídia: defendemos um lado, uma ideia, uma proposta. Portanto refutamos a hipocrisia da "neutralidade".
Assim sendo, abrimos agora a discussão que toma conta dos principais meios de comunicação de massa: a crise europeia ou crise do capitalismo. A diferença é a quem se defende ou o que se defende.
A imprensa burguesa se apressa para tentar explicar que o que vemos na Grécia, em Portugal, na Espanha, nas ruas da Inglaterra... é apenas uma fase passageira, que com uma boa reforma, se arruma.
Algumas questões estão em jogo. Se for uma crise passageira, bastaria pela ótica do capitalismo, fazer cortes profundos nas conquistas sociais que os europeus lutaram séculos para conseguir. Mexer no Estado de bem estar social, bandeira que a burguesia asteou como carta na manga na luta ideológica contra o comunismo. A máscara está caindo. O sistema está caindo. O capitalismo não é o modelo de desenvolvimento que nos levará a uma sociedade justa e fraterna, nem tampouco possibilitará a nossa sobrevivência eco sustentável, pois são coisas inconciliáveis, o lucro e a vida.
O vídeo que segue abaixo neste link é uma alternativa diferente de ver este fenômeno, crise do capitalismo, por partidos e grupos da esquerda europeia.

http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=QBjNcZ3HP0Y

Chico Baeta

Hasta la victoria, siempre!

Belo Monte demite mais 80 com ajuda da PM

Após nova paralisação dos canteiros de obras da Usina Hidrelétrica Belo Monte no último sábado, ao menos 80 trabalhadores foram demitidos nesta segunda, 12. As dispensas ocorreram uma semana depois da negociação do acordo trabalhista da categoria – que, entre outros pontos, garantiria três meses de estabilidade para todos os operários da obra.

Segundo os trabalhadores, a manifestação aconteceu em função do não-cumprimento, por parte da empresa, dos acordos feitos com os trabalhadores após a última paralisação. “Eles prometeram o adiantamento do salário para o dia 20, antes do recesso. Agora eles dizem que não vão dar”, explicam. Em relação a uma das principais contestações dos trabalhadores, a baixada – tempo de retorno para sua cidade de origem, hoje em 6 meses, segundo o contrato do Consórcio Construtor Belo Monte(CCBE) – , as coisas também não avançaram. “A baixada continua igual. Nós queremos 3 meses, como em qualquer obra. Também queremos o salário igual das outras obras. Belo Monte não é o que eles vendem pra gente lá fora não”, lamentou.

Como no caso dos 141 operários maranhenses demitidos em 16 de novembro, os afastamentos desta segunda foram realizadas com a presença da Polícia Militar dentro dos canteiros de obras. “Quando chegamos no RH, a PM já estava lá esperando a gente. Chegaram lá com a lista, caçando a gente no canteiro. Teve bate-boca, porque ninguém esperava ser demitido, né? Aí a polícia apontou arma na nossa cara, tentou algemar um colega nosso”, contaram os demitidos. “Fomos humilhados que nem bandido, que nem vagabundo. Por quê?”

Os trabalhadores foram então colocados em um ônibus pela polícia. Uma parte seguiu para um trecho urbano da Rodovia Transamazônicano no sentido Altamira-Itaituba, onde fica um dormitório do Consórcio, e outra foi liberada. No local, a polícia cercou a área do prédio de Belo Monte. “Não sabemos porquê fomos parar lá, pra que polícia”, afirmou um pedreiro demitido. Tanto a PM quanto um funcionário com uniforme do CCBE teriam dito a eles que “se fosse continuar a baderna, ninguém vai entrar”. “Eles tratam a gente como se fosse marginal! Eles estão demitindo a gente, sem explicar, sem motivo, e ainda botam a polícia na história”, contou um armador, concluindo: “nem comida direito tinha nessa casa, e pediram pra voltarmos amanhã pra pegar o dinheiro da rescisão”.

Paralisação – Parte dos trabalhadores agora demitidos estavam envolvidos na última greve de final de novembro. Contudo, há outros que, segundo eles, sequer participaram dos movimentos. “Eu mesmo não participei de greve nenhuma. Não queria me envolver, sempre saía de perto, ia embora porque sei que é perigoso. Os meus colegas tentaram falar pro encarregado que eu não tinha nada a ver com a história, mas ninguém fez nada”, expôs um operário.

“No sábado, eles tinham ameaçado o pessoal, dizendo que o acordo só valia para a outra greve, e que dessa vez ia ser todo mundo demitido”, contou um trabalhador. Entre os demitidos, havia ao menos dois membros da comissão que negociou, mediada pelo sindicato, a pauta de reivindicações dos operários.

Ameaça – Durante o processo das demissões, dois homens não identificados se aproximaram do jornalista do Movimento Xingu Vivo para Sempre, que estava cobrindo o caso do lado de fora do prédio da CCBE, para ameaça-lo. De acordo com depoimento colhido pelo procurador Bruno Gütshow, do Ministério Público Federal, um dos homens chamou o jornalista de “vagabundo, e o outro agente ameaçou repetidamente ‘vamos dar cabo de você agora’”. As agressões voltaram a ocorrer quando o jornalista estava registrando a cena. Repetindo os insultos, o primeiro homem afirmou que a policia não poderia ser fotografada e tentou tomar o equipamento, o que não ocorreu em função da interferência dos trabalhadores. Os policiais presentes assistiram à cena e não interferiram, mesmo após serem interpelados pelo jornalista, relata o depoimento.

Após o ocorrido, o jornalista tentou registrar boletim de ocorrência na polícia, mas o delegado de Altamira afirmou que estava com déficit de escrivão, uma vez que ocorreram cinco homicídios de domingo para segunda, e pediu gentilmente que retornasse nesta terça às 8h da manhã.

Direitos Humanos – Em enquete virtual, o Consórcio Construtor Belo Monte (CCBM) foi eleito como a pior empresa de 2011, em termos de violação de direitos.

FONTE: Xingu Vivo

O colapso da educação no Brasil

O sistema educacional brasileiro atravessa uma crise estrutural e crônica. Paradoxalmente, essa crise ocorre em meio a um rico contexto de avanços tecnológicos e novas descobertas científicas (genoma humano, nanotecnologia, desenvolvimento da informática, por exemplo). Mas as políticas neoliberais aplicadas à educação ao longo dos anos 1990 pelo governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB), o Plano Decenal de Educação Para Todos - 1990, e mantidas por Lula e Dilma (PT) retiraram qualquer possibilidade dos filhos dos trabalhadores se apropriarem deste conhecimento.

O colapso da educação pública básica sequer permite os alunos desenvolverem satisfatoriamente o raciocínio aritmético e matemático. A imensa maioria dos alunos da escola pública não domina a leitura e a escrita, e estão muito distantes dos benefícios proporcionados pela informática. Não por acaso, o analfabetismo funcional atinge mais de 30% da população, segundo o PNAD 2009. Quer dizer, a cada três pessoas, uma sabe ler, mas não é capaz de entender o sentido do que lê. Como se não bastasse, nosso país é campeão de analfabetismo na América Latina, com taxa de 9,7%.
As políticas educacionais implementadas pelos governos tucanos e pelo PT foram ditadas pelos grandes órgãos do capital financeiro internacional, FMI e Banco Mundial. O objetivo era claro: transformar a educação em mercadoria.

O primeiro Plano Nacional de Educação (PNE), aprovado em 2001 pelo governo FHC, tinha por objetivo investir 7% do PIB na educação. Mas o compromisso com o capital financeiro falou mais alto e a medida foi vetada pelo governo tucano. Com Lula no governo a situação não foi diferente. O veto foi mantido e o PNE amargou um retumbante fracasso (veja quadro abaixo).

Hoje, se gasta por volta de 5% do PIB com a educação, mas o governo Dilma promete ir a 7% do PIB até 2020. A meta, porém, é irrisória diante da montanha de dinheiro enviada para o pagamento da dívida pública (veja ao lado). E, diante do compromisso de Dilma com o capital financeiro, é muito difícil que essa promessa, mesmo irrisória, seja cumprida.

Por que chegamos a esta situação?
Ao longo dos anos 1990, toda a política em relação à educação esteve em sintonia com a política de “Estado mínimo” neoliberal. Ou seja, estavam a serviço de desobrigar o Estado em relação à educação, tornando-a cada vez mais privatizada, com a política de criar as “ilhas de excelência”. Todas elas reforçaram o caráter excludente, segregacionista e racista do sistema de ensino no Brasil. Podemos resumir, sumariamente, da seguinte forma as diretrizes centrais da nova LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional) e da Emenda Constitucional n° 14:


Prioridade no Ensino Fundamental, como responsabilidade dos estados e municípios. A Educação Infantil é delegada aos municípios. Assim, aplicou-se a municipalização e “escolarização” do ensino, com o Estado repassando adiante sua responsabilidade. Hoje os custos são repassados às prefeituras e às próprias escolas.


Aceleração da aprovação para desocupar vagas. O “rápido e barato” é apresentado como critério de eficiência. Também é marcante o aumento de matrículas, utilizadas pelos governos como jogo de marketing. No entanto, apenas são feitas mais inscrições, sem a criação de uma
nova estrutura efetiva para novas vagas. O resultado é superlotação de salas.


Parceria com comunidade e empresa. A sociedade civil deveria adotar os “órfãos” do Estado (o programa “Amigos da Escola”, por exemplo). Se as pessoas não tiverem acesso à escola a culpa é colocada na sociedade que “não se organizou”. Assim, o governo fica isento de sua responsabilidade com a educação. Na antiga LDB a educação era tarefa do “Estado e da família”. Na nova, houve uma mudança na ordem e a educação se tornou uma tarefa da “família e do Estado”.


Formação menos abrangente e mais profissionalizante. Assim, divide-se o Ensino Médio entre educação regular e profissionalizante, com a tendência de priorizar este último. Ou seja, a ênfase do ensino é dada na produtividade e eficiência empresarial. Não interessa o conhecimento crítico, mas, sim, a formação desqualificada de ‘mão-de-obra’, levando ao empobrecimento curricular.


Descentralização administrativa e financeira. Ou seja, tudo que se refere à parte financeira (como infra-estrutura, merenda, transporte), passa a ser descentralizada, isto é, mais uma iniciativa que isenta o Estado de responsabilidades. Mas a
autonomia é apenas administrativa. Tudo o que se refere ao conteúdo didático continua dirigido e centralizado.


Avaliação de desempenho e do rendimento escolar. Sistema de Avaliação do Ensino Superior, Enem, Seab e “Provão” foram alguns dos instrumentos criados para transformar as escolas em “empresas”, sob a inspiração do programa de qualidade produtiva, adaptando-a ao mercado. Mas não houve aumento de verbas, apenas alocação dos recursos para “melhores resultados”. Avaliação externa na verdade é uma inspeção escolar.

Vanessa Portugal, de Belo Horizonte (BH) e João Zafalão, de São Paulo (SP)


Veja também: http://www.youtube.com/watch?v=TiIVZ_elYuo&feature=youtu.be

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Os “desaparecidos” da era Bush

A força aérea dos EUA usou secretamente um aterro sanitário para fazer desaparecer restos mortais incinerados de centenas de soldados mortos em ação durante a tal “guerra ao terror”. Os números agora são oficiais: 274 homens e mulheres mortos em combate foram enviados para o depósito de lixo no condado de King George, na Virgínia, entre 2004 e 2008. Mas a denúncia feita pelo Washington Post pode ser ainda mais grave. Segundo a matéria, além dos 976 fragmentos de corpos identificados pelo Pentágono, há 1.762 restos trazidos do campo de batalha sem identificação, demasiadamente destruídos para fazer teste de DNA. Funcionários do Pentágono declararam que “não há um plano para comunicar as famílias dos soldados” porque estabelecer as suas identidades seria demasiado caro e tomaria muito tempo. Fonte: http://www.pagina12.com.ar/diario/elmundo/4-182990-2011-12-09.html

Camila Vallejo perde eleição no Chile

Camila Vallejo, a jovem que ganhou espaço na imprensa por sua atividade no movimento estudantil chileno e que, nos últimos sete meses, abalou o governo de Sebastián Piñera com protestos, choques e greves, foi derrotada nesta terça-feira (06) na eleição para presidente da Fech (Federação de Estudantes da Universidade do Chile), a entidade mais importante do setor. Segundo analistas, o resultado mostra que há uma vontade de radicalizar ainda mais o movimento, já que a corrente vencedora, mais radical, rechaça a via parlamentar como espaço de resolução das demandas estudantis. O novo presidente, o estudante de Direito Gabriel Boric, falou em estabelecer alianças com outros movimentos sociais em 2012. Oito listas concorreram na eleição, realizada na segunda e terça-feira. A lista vencedora, F, Criando Esquerda, recebeu 4.053 votos. A lista J, Esquerda Estudantil, de Camila Vallejo, terminou com 3.964, uma diferença de apenas 89 votos.

Pedido para exumar restos de Pablo Neruda

O Partido Comunista do Chile solicitou oficialmente, na última quinta-feira, que a justiça chilena determine a exumação dos restos mortais do poeta Pablo Neruda a fim de confirmar se sua morte se deveu ao câncer de próstata ou a um possível envenenamento. O motorista particular de Neruda, Manuel Araya, declarou recentemente que, na clínica Santa María, teriam injetado um veneno para provocar a sua morte. Manuel Araya afirma que a ordem partiu da junta militar que havia dado o golpe no Chile poucos dias antes.

“Quem nega o passado é covarde”

O general Pedro Aguerre, comandante do Exército uruguaio mandou suspender qualquer pacto de silêncio em torno de crimes praticados na ditadura. Aguerre disse que o Exército que comanda não encobrirá delinqüentes e homicidas em suas fileiras, e ordenou que seja posta à disposição da Justiça toda informação possível para esclarecer os crimes de terrorismo de Estado. Quer que a Justiça estabeleça a responsabilidade material do Exército em casos de assassinato, seqüestro e tortura de presos políticos. “Não sei de nenhum pacto de silêncio para acobertar crimes dentro da Força que comando. E, mesmo desconhecendo se existiu ou se ainda existe esse pacto, neste momento dou a ordem de sua suspensão ime-diata”. O artigo é de Eric Nepomuceno, em Carta Maior.

Duas grandes notícias na saúde...

A vacina cubana CIMAVax-EGF, única de seu tipo no mundo para o câncer avançado de pulmão, foi aplicada em mais de dois mil cubanos. A vacina foi desenvolvida pelo Centro de Imunologia Molecular (CIM), há dois anos, e está sendo empregada largamente em toda a Ilha. Distribuída em 65 centros clínicos especializados, a CIMAVax-EGF é uma terapia segura contra o câncer e eleva a expectativa e a qualidade de vida. Cuba já autorizou a fabricação da vacina em vários países, incluindo Brasil, Argentina e Peru.
A recém concluída XXIX Feira Internacional de Havana (FIHAV 2011), em Havana, mostrou mais uma grande conquista da medicina cubana. O Heberprot-P, um composto desenvolvido no Centro de Engenharia Genética e Biotecnologia (CIGB) que tem revolucionado o tratamento das úlceras de origem diabética, ao reduzir ao mínimo o número de amputações de membros inferiores por esta causa. Cerca de 41 mil pacientes de 12 países foram tratados até o momento com este medicamento fruto da biotecnologia cubana. Isto sem falarmos na vacina anti-meningite, a vax-MEN-AC, específica para os sorotipos A e C. Milhões de doses já foram entregues à Organização Mundial da Saúde (OMS) para sua distribuição e aplicação, comentou o especialista.

Governo aprova anistia para Marighella.

Segunda-feira (05/12), no dia em que Marighella faria 100 anos, a Comissão de Anistia do Ministério da Jus-tiça reconheceu que ele foi perseguido pelo Estado desde os anos 30, na ditadura de Getúlio Vargas. Após ser libertado, em 1945, Marighella foi eleito deputado federal constituinte. Teve o mandato cassado em 1947, quando o Partido Comunista foi declarado ilegal, e passou à clandestinidade. O período final de perseguições foi entre o golpe militar de 1964 e o seu assassinato por agentes do Dops (Departamento de Operações Políticas e Sociais), numa emboscada em São Paulo.
A viúva de Carlos Marighella, Clara Charf, 86, disse segunda-feira (5) que a concessão da anistia política restabelece a verdade sobre o guerrilheiro, morto em novembro de 1969. “Durante muitos anos, eles mentiram, acusaram e jogaram o nome das pessoas na lama para tirar a resistência do povo brasileiro”, discursou, em ato em Salvador.

“A Privataria Tucana”

Neste fim de semana chega às livrarias “A Privataria Tucana”, de Amaury Ribeiro Jr., resultado de 12 anos de trabalho do premiado repórter, que durante a campanha eleitoral do ano passado foi acusado de participar de um grupo cujo objetivo era quebrar o sigilo fiscal e bancário de políticos tucanos. Ribeiro Jr. acabou indiciado pela Polícia Federal e tornou-se involuntariamente personagem da disputa presidencial. A obra apresenta documentos inéditos de lavagem de dinheiro e pagamento de propina, todos recolhidos em fontes públicas, entre elas os arquivos da CPI do Banestado. José Serra é o personagem central dessa história. Amigos e parentes do ex-governador paulista operaram um complexo sistema de maracutaias financeiras que prosperou no auge do processo de privatização.
Ribeiro Jr. elenca uma série de personagens envolvidas com a “privataria” dos anos 1990, todos ligados a Serra, aí incluídos a filha, Verônica Serra, o genro, Alexandre Bourgeois, e um sócio e marido de uma prima, Gregório Marín Preciado. Mas quem brilha mesmo é o ex-diretor da área internacional do Banco do Brasil, o economista Ricardo Sérgio de Oliveira. Ex-tesoureiro de Serra e FHC, Oliveira, ou Mister Big, é o cérebro por trás da complexa engenharia de contas, doleiros e offshores criadas em paraísos fiscais para esconder os recursos desviados da privatização.
O livro traz, por exemplo, documentos nunca antes revelados que provam depósitos de uma empresa de Carlos Jereissati, participante do consórcio que arrematou a Tele Norte Leste, antiga Telemar, hoje OI, na conta de uma companhia de Oliveira nas Ilhas Virgens Britânicas. Também revela que Preciado movimentou 2,5 bilhões de dólares por meio de outra conta do mesmo Oliveira. Segundo o livro, o ex-tesoureiro de Serra tirou ou internou no Brasil, em seu nome, cerca de 20 milhões de dólares em três anos.
A Decidir.com, sociedade de Verônica Serra e Verônica Dantas, irmã do banqueiro Daniel Dantas, também se valeu do esquema. Outra revelação: a filha do ex-governador acabou indiciada pela Polícia Federal por causa da quebra de sigilo de 60 milhões de brasileiros. Por meio de um contrato da Decidir com o Banco do Brasil, cuja existência foi revelada por CartaCapital em 2010, Verônica teve acesso de forma ilegal a cadastros bancários e fiscais em poder da instituição financeira.

Ernesto Germano

Um dica, uma boa dica cultural...

Ao Vivo entre Amigos - Rádio Mec AM


Na próxima quarta-feira (14/12/2011) às 17h o músico e professor Rodrigo Ferreira vai participar do pragrama Ao Vivo entre Amigos. O programa já se tornou referência obrigatória para quem curte a Música Popular Brasileira.
A entrada é franca e as senhas são distribuídas a partir das 16h. Tem a produção de Lídia Costa e Marina Barreto e epresentação de Marina Barreto.
http://radiomec.com.br/aovivoentreamigos/

Apareçam para assistir ao vivo
Praça da República 141 - A
Centro / Rio de Janeiro - RJ

O blog do Rodrigo é www.rodrigoferreiraoficial.com

Trabalho escravo no campo cresceu 23% em 2011, diz Comissão Pastoral da Terra

Levantamento parcial divulgado nesta segunda-feira (12) pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) mostra que as ocorrências de trabalho escravo no campo tiveram aumento significativo no período de janeiro a setembro de 2011, na comparação com igual período do ano passado.

Neste ano, foram registradas 218 denúncias à CPT e ao Ministério do Trabalho, contra 177 em 2010, o que representa um aumento de 23%. Para Antonio Canuto, secretário da coordenação nacional da CPT, os flagrantes cresceram devido ao aumento da fiscalização e à maior participação da sociedade, mas o número de trabalhadores vivendo em condições análogas à escravidão também cresceu.

“O sistema vai lançando mão de formas de trabalho arcaicas para obter cada vez mais lucro”, disse. Segundo ele, tais condições são encontradas com mais frequência no corte da cana-de-açúcar, na colheita de frutas como o tomate e na extração de madeira.

O número de pessoas resgatadas do trabalho escravo também passou de 3.854 em 2010 para 3.882 em 2011. De acordo com a CPT, a região Centro-Oeste concentrou quase 50% dos trabalhadores resgatados (1.914 do total), sendo 1.322 apenas em Mato Grosso do Sul. O maior crescimento, no entanto, foi verificado no Nordeste: a região, que registrou 19 ocorrências de trabalho escravo nos nove primeiros meses de 2010, foi responsável por 35 ocorrências no mesmo período de 2011 (aumento de 84%).

Crimes têm maior repercussão

De janeiro a setembro de 2011, 17 trabalhadores do campo foram assassinados no país, 32% a menos que o registrado em 2010 (25 mortes). Segundo a CPT, apesar da queda, os crimes ocorridos neste ano tiveram uma repercussão maior. “Os assassinatos tiveram uma ‘seleção’ de pessoas defensoras do meio ambiente”, disse Canuto.

O primeiro crime que teve grande repercussão foi o assassinato do casal extrativista Maria do Espírito Santo e José Claudio Ribeiro da Silva, no Pará, no dia 24 de maio. Três dias depois, o líder camponês Adelino Ramos, um dos sobreviventes do massacre de Corumbiara, foi morto em Rondônia. Em novembro, o cacique Nísio Gomes desapareceu da aldeia em que vivia na fronteira do Mato Grosso do Sul com o Paraguai.

De acordo com o levantamento da CPT, ao menos oito das 17 mortes estão diretamente relacionadas com a defesa do meio ambiente, e outras quatro se relacionam com comunidades (duas mortes de quilombolas e duas de indígenas).

Ameaças de morte

Segundo a análise da CPT, o número de pessoas ameaçadas de morte cresceu significativamente. Em 2010, houve registro de 83 pessoas ameaçadas, e em 2011 esse número saltou para 172 (aumento de 107%). Para a entidade, esse crescimento é reflexo das ações que se desenvolveram após os assassinatos de maio, quando foi entregue à Secretaria de Direitos Humanos a lista dos ameaçados de morte na última década, destacando que as ameaças haviam se concretizado em 42 casos.

Disputa por terra e água

Na contramão dos conflitos trabalhistas (trabalho escravo), que cresceram, as ocorrências de disputa por terra caíram de 535, em 2010, para 439, em 2011. Também houve redução nos conflitos por água (de 65 para 29).

Retirado do sítio www.uol.com.br empresa ligada ao grupo Folha de São Paulo.

Comentário Vozes da América: Se a imprensa burguesa, que se resfatela com a miséria alheia, pois significa concentração de renda nas mãos de seus pares e parceiros, veicula uma notícias dessas, é porque a situação está tão calamitosa que prejudica até a falsa ideia de que estamos "saindo do terceiro mundo" ou que "lideramos os BRICS" ou qualquer outra balela que nos encha de falso orgulho.

domingo, 11 de dezembro de 2011

Sócrates, companheiro imprescindível...

Escrevo para os mais jovens, para aqueles que nasceram da década de 90 em diante e não viram o maior movimento político dentro do mais popular de todos os esportes mundiais: a Democracia Corinthiana.
O Brasil viveu no início dos anos 80 um tempo de grande instabilidade política. A ditadura caía de podre, mas insistia em não largar o osso, até porque precisava afinar a estratégia (que infelizmente foi bem sucedida) de sair do governo e continuar no poder. O fato é que, naquele momento - 1980, 81, 82, 83, não se sabia se de fato haveria uma redemocratização brasileira. Por um lado os movimentos oposicionistas ganhavam força, as greves no ABC paulista que revelaram Lula e o PT (naquela época um partido combativo, socialista e popular, muito diferente dos dias em que vivemos). Por outro, os militares de linha dura jogavam bombas no Rio Centro e enviavam cartas bombas à OAB, numa tentativa de forçar a sociedade a ter medo da insegurança da democracia e levá-la a apoiar o recrudescimento de um regime autoritário.
Neste cenário, no clube mais popular do Brasil (assim como o Flamengo), o Corinthians, nasceu a DEMOCRACIA CORINTHIANA. Graças a uma série de relações internas como a saída do Presidente Vicente Matheus e a subida à Presidência do Corinthians um grupo que optou por uma gestão participativa, a conjuntura política brasileira que vivia a campanha das Diretas Já e a junção de jogadores privilegiados do ponto de vista da consciência dos seus papéis sociais, não só como profissionais do esporte, mas como cidadãos. Vladimir, Biro Biro, Casagrande, Zenon e sob a liderança do inesquecível Sócrates.
Todo meu respeito ao maior cérebro que vi jogar: Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira morreu no dia 04 de Dezembro de 2011 e deixa uma imensa lacuna dentro do futebol. Primeiro se formou em medicina, depois foi jogar futebol, já com 24 anos, idade que hoje consideramos "velha" para começar um esporte de alto nível.
No Corinthians encontrou um grupo que nunca mais tivemos o privilégio de ver de novo, que contestava não só a ditadura militar brasileira, mas que também ousou fazer daquele clube um local de decisões colegiadas, onde o auxiliar do roupeiro tinha o mesmo peso, voz e voto do que o Presidente do clube. Eram eles, todos eles, que decidiam salários, pensavam em contratações, discutiam a necessidade ou não de se concentrarem antes dos jogos, votavam quem deveria ser titular ou reserva, enfim, fizeram daquele momento e daquele clube a maior experiência coletiva e organizada do Brasil nas barbas dos tiranos, tanto do país quanto da tradicional e ascendente máfia do futebol.
Foram campeões paulistas em 1982 e 1983, influenciaram toda uma geração de atletas e torcedores e deixaram o legado que se a sociedade se organizar, outra sociedade será possível de ser montada. Isto assustou muita gente. Fora do clube o exemplo da Democracia Corinthiana poderia se espalhar, chegar nas escolas, nas Universidades, nas fábricas... E dentro do futebol poderia levar ao fim do monopólio de meia dúzia de cartolas mafiosos e seus comparsas dos meios de comunicação preocupados em formar idiotas para consumirem bola e não da bola fabricar consciência.
Sócrates era perigoso. A Democracia, a verdadeira, a popular e coletiva é perigosa.
Sócrates, Vladimir e Casagrande participaram ativamente do movimento das Diretas Já e num dos comícios, o líder desse movimento chegou a dizer que se a Emenda Dante de Oliveira (Diretas Já) não fosse aprovado ele sairia do Brasil. Perdemos todos. A Emenda não foi aprovada, a ditadura seguiu até 1985, só votaríamos para Presidente do país em 1989 e Sócrates foi jogar na Itália.
O Corinthians aproveitou para vender todos os jogadores "perigosos" e contratou um monte de acéfalos, destes que conhecemos bem, que se juntaram a ideologia conservadora que predomina no mundo do futebol e que naquele clube tinha o goleiro Leão, hoje técnico do São Paulo, como representante dos reacionários.
Acabou a Democracia e o Corinthians virou um clube perverso como todos os outros, que tratam jogadores como comandados, técnicos como comandantes e patrocinadores como deuses. O resultado está aí: O Corinthians/CBF foi campeão brasileiro ironicamente no dia da morte do mais importante jogador de sua história política, como se ensinasse que a morte física do homem é a metáfora da morte do futebol-consciência que pode transformar. Pois se as torcidas organizadas soubessem do poder que têm, do palco semanal que possuem, se se associassem a outros movimentos populares, se exigissem democratização e não caíssem nas mãos assassinas das diretorias autoritárias, o futebol iria se orgulhar de ser de fato e de direito a mais popular de todas as manifestações coletivas no Brasil.

Obs.:
O agradecimento aqui é extensivo a dois outros jogadores que antecederam a geração de Sócrates, mas que também foram destes raros, que aliaram suas técnicas ao pensamento crítico: Alfonsinho - Santos e Reinaldo - Atlético-MG.
Que venham outros, que venham mais!

Chico Baeta