domingo, 6 de junho de 2010

Terrorismo de Estado

O mundo em lágrimas - 02/06/2010

O governo de Israel é belicoso e, ao praticar terrorismo de Estado, estimula reações em todo o mundo. O Reino Unido e a Austrália expulsaram diplomatas israelenses depois de apurarem que Israel falsificara passaportes britânicos e australianos utilizados pelos assassinos de um líder do Hamas. Os planos de Israel para construir um novo assentamento judaico em terras ocupadas no Leste de Jerusalém provocaram duras críticas até dos EUA, em março.
Uma investigação das Nações Unidas culpou os governantes daquele país por crimes de guerra durante ofensiva na Faixa de Gaza, em 2008 e 2009. Israel, único país com arsenal atômico no Oriente Médio, é cobrado para assinar o Tratado de Não ProliferaçãoNuclear (TNP).
Sectário, resiste às pressões e isola-se. Agora, o ataque à chamada Flotilha da Liberdade, expedição humanitária à Faixa de Gaza foi repudiado tanto por países islâmicos como por europeus e latino-americanos.
No último domingo (30/05), em águas internacionais, soldados israelenses, como piratas, desceram de helicópteros por cordas no deck do principal navio de um comboio de seis embarcações, e abriram fogo contra civis desarmados, que natural e corajosamente tentavam conter o criminoso assalto com suas próprias mãos. Montado por organizações internacionais, o comboio transportava dez mil toneladas de brinquedos, material escolar, de construção e alimentos, além de 700 pessoas de 38 nações, inclusive uma brasileira, a cineastaIara Lee. Também estavam a bordo a ganhadora do Prêmio Nobel da Paz, Maired Corrigan Maguire, da Irlanda do Norte, e o escritor sueco HenningMankell, além de vários parlamentares.
A alta comissária para Direitos Humanos da ONU, Navi Pillary, destacou que nada pode justificar o resultado terrível da operação, classificando o bloqueio a Gaza como desumano e ilegal. O relator especial sobre Direitos Humanos nos territórios palestinos, RichardFalk, afirmou que Israel é culpado por um comportamento chocante, usando armas contra civis em navios em alto-mar, onde há liberdade denavegação. Há, até agora, nove mortos e trinta feridos. A ação foi tão sinistra que nem mesmo a identificação total das vítimas já foi feita.
Não há que se confundir a ação de um governo com a de um povo, que precisa reagir e substituir, urgentemente, a esse governo. Registro nesta Casa a contundente Carta ao Governo Israelense, do amigo e grande cineasta Silvio Tendler:
"Senhores que me envergonham: Judeu identificado com as melhores tradições humanistas de nossa cultura, sinto-me profundamente envergonhado com o que sucessivos governos israelenses vêm fazendo com a paz no Oriente Médio. As iniciativas contra a paz tomadas pelo governo de Israel vêm tornando, cotidianamente, a sobrevivência em Israel e na Palestina cada vez mais insuportável.
Já faz tempo que sinto vergonha das ocupações indecentes praticadas por colonos judeus em território palestino. Que dizer agora do bombardeio do navio com bandeira turca que leva alimentos para nossos irmãos palestinos?
Vergonha, três vezes vergonha!Proponho que Shimon Peres devolva seu Prêmio Nobel da Paz e peça desculpas por tê-lo aceito mesmo depois de ter armado a África do Sul do Apartheid. Considero o atual governo, com todos os seus membros, sem exceção, merecedores, por consenso universal, do Prêmio Jim Jones, por estarem conduzindo todo um país para o suicídio coletivo. A continuar a política genocida do atual governo nem os bons sobreviverão e Israel perecerá sob o desprezo de todo o mundo.O Sr. Lieberman, que trouxe da sua Moldávia natal vasta experiência com pogroms, está firmemente empenhado em aplicá-la contra nossos irmãos palestinos. Este merece só para ele um Tribunal de Nuremberg. Digo tudo isso porque um judeu humanista não pode assistir calado e indiferente o que está acontecendo no Oriente Médio. Precisamos de força e coragem para, unidos aos bons, lutar pela convivência fraterna entre dois povos irmãos.
Abaixo o fascismo!Paz Já!"

Agradeço a atenção,
Sala das Sessões, 02 de junho de 2010.

Chico AlencarDeputado Federal, PSOL/RJ

domingo, 23 de maio de 2010

Esses milicos só podem estar sofrendo de saudades ou de Alzheimer

O Vozes da América agradece a colaboração do excelente cavaquinista, bandolinista e outras cordas, Bruno Eschenazi, pela matéria abaixo.
Os militares saudosistas, assim como a elite civil que lucrou com o golpe e nos escombros dele ainda se deleitam, cometem nessa entrevista (e em tantas outras) uma série de aberrações históricas. Mas destacamos duas que fogem a lógica racional, descambam para o ridículo e desaguam nos mares tortuosos da mais pura sacanagem: Primeiro foi dizer que a imprensa na ditadura militar era "amplamente livre"; Segundo, afirmar para termos cuidado pois o Brasil ruma para uma "ditadura totalitária comunista". Ou esse milico é limitadíssimo do ponto de vista intelectual ou é de uma grandeza ideologicamente fascista das raias da estupidez. Seja como for, é necessário manter uma distância de segurança.

Governo Lula quer implantar ditadura totalitária no país

General pivô de polêmica defende que ditadura de 1964 foi autoritária, mas não totalitária, e deixou imprensa "amplamente livre"
RESPONSÁVEL até fevereiro deste ano pelo Departamento de Pessoal do Exército, o general Maynard Marques Santa Rosa, 65, disse à Folha que está em andamento um processo para transformar o Brasil numa "ditadura totalitária comunista" e que o 3º Programa Nacional de Direitos Humanos é parte dessa estratégia.
Ele afirma que "com certeza" há exagero quando se fala em tortura na ditadura militar (1964-85). "Vocês conhecem algum ex-torturado cubano? Ou russo? Não existe, porque não se deixava sair [da prisão]. Então, foi a bondade, entre aspas, dos torturadores que permitiu que saíssem [no Brasil]."
LUCAS FERRAZDA SUCURSAL DE BRASÍLIA
ELIANE CANTANHÊDE COLUNISTA DA FOLHA

FOLHA - Qual é sua opinião sobre o governo Lula?
MAYNARD MARQUES SANTA ROSA - Acho o presidente uma pessoa simpática, tem empatia com o público e sensibilidade em detectar os anseios da massa. O que é diferente da linha governamental que ele segue. Está rodeado de pessoas impregnadas de preconceito e ideologia. O governo tem várias caras. Ideologicamente, é intolerante, autoritário. Para ser mais preciso, tem anseio totalitário.
FOLHA - O Lula?
SANTA ROSA - O governo. O presidente, não. Não sei se ele é usado ou se ele usa esse grupo para promover seus interesses.
FOLHA - O que caracteriza o autoritarismo do governo?
SANTA ROSA - A intolerância com opiniões contrárias. Quem examinar o Programa Nacional de Direitos Humanos vai interpretar o que digo. Aquilo é um tratado ideológico de extrema intolerância, onde se pretende regular uma sociedade inteira. Adota o tal princípio da transversalidade. Na medida em que se têm intenções que transcendem Legislativo e Judiciário, são pretensões que transcendem até preceitos da Constituição, portanto, totalitárias.
FOLHA - Em que parte o 3º PNDH transcende Legislativo e Judiciário?
SANTA ROSA - Quando propõe a institucionalização de mecanismos ilegais. Ingerir no processo judicial de reintegração de posse transcende a lei e na estimulação da degradação dos costumes à revelia da tradição cristã que temos, ao estimular a homoafetividade.
FOLHA - Totalitarismo não é o contrário, exigir que todos tenham o mesmo comportamento?SANTA ROSA - Querer consertar isso com outra penada mais totalitária é que é o erro. Temos de deixar fluir a natureza, inclusive nas relações sociais.
FOLHA - Os dois planos elaborados no governo FHC já não continham basicamente os mesmos pontos.
SANTA ROSA - O primeiro plano não choca ninguém. Embora tenha bandeiras polêmicas, obedece ao princípio da naturalidade, não faz a sociedade civil engolir pontos que não lhe pertencem, diferentemente do de agora, fabricado de fora.
FOLHA - De fora? De onde?
SANTA ROSA - Se você pesquisar a similitude entre a Constituição venezuelana, e também a equatoriana e a boliviana, que são clones adaptados aos seus países, vai verificar qual é a origem. Isso tudo é uma composição organizada, é uma conspiração internacional.
FOLHA - Durante seus 49 anos no Exército, o sr. conheceu muitos gays nas Forças Armadas? SANTA ROSA - Não, existe uma rejeição inata da estrutura militar contra isso. O problema é que existe uma articulação, no sentido de transformar a sociedade, colocar uma nova cultura goela abaixo na classe média, e isso é apenas uma fase preliminar para depois se implementar o que se quiser.
FOLHA - E o que se quer?
SANTA ROSA - Uma ditadura totalitária.
FOLHA - Comunista?
SANTA ROSA - Exatamente. Primeiro, transformar os costumes da sociedade, para, por último, implementar o sistema totalitário. Falar isso no século 21 é quase uma aberração.
FOLHA - Após 21 anos de ditadura, a democracia não é irreversível?
SANTA ROSA - Não acho. O povo não reage, está numa situação letárgica. Nosso povo não tem opinião, e quem tem se cala. Estamos anestesiados.
FOLHA - No seu e-mail contra o plano não havia nada disso.
SANTA ROSA - O nosso foco era a defesa da instituição militar.
FOLHA - Nosso? De quem?
SANTA ROSA - Meu. O foco militar era porque, se se conseguisse abrir a Comissão da Verdade, o resto seria facilmente alastrado. Houve uma reação institucional à qual até o próprio ministro [Nelson Jobim] aderiu, reconhecendo que iria causar uma desarmonia grande. Então, ele contrapôs aquele protesto que levou o presidente a flexibilizar a redação do plano.
FOLHA - Que nota o sr. dá para o ministro Nelson Jobim?
SANTA ROSA - Para o momento, é o melhor que se tem. É preparado, foi ministro do STF, da Justiça, tem relacionamentos de alto nível e é inteligente. O Ministério da Defesa é uma necessidade, faz parte da modernidade do Estado.
FOLHA - Como o sr. define o regime de 1964?
SANTA ROSA - Um regime emergencial, um mal que livrou o país de um mal maior.
FOLHA - E a tortura?
SANTA ROSA - Nunca foi institucionalizada, é um subproduto do conflito. A tortura começou com os chamados subversivos. Inúmeros foram justiçados e torturados por eles próprios, porque queriam mudar de opinião. A tortura nunca foi oficial.
FOLHA - O sr. critica que o plano está transportando para o país um regime autoritário, mas não foi justamente o de 1964?
SANTA ROSA - Foi autoritário, mas não totalitário.
FOLHA - Qual é a diferença?
SANTA ROSA - A imprensa, por exemplo, foi amplamente livre.
FOLHA - Como?!
SANTA ROSA - Só teve censura no momento de pico, a partir do AI-5 [1968]. Se não houvesse um enrijecimento político naquela oportunidade, poderia se perder o controle. Considero isso tudo um mal, mas um mal menor e necessário.
FOLHA - O sr. aceita um militar torturando uma pessoa indefesa, um jovem, uma mulher, desarmados?
SANTA ROSA - Nenhum militar torturou ninguém. Se houve, foi no Dops [Departamento de Ordem Política e Social, oficialmente vinculado à polícia].
FOLHA - Não é covardia matar pessoas e torturar rapazes e moças, algumas grávidas, depois de presas?
SANTA ROSA - Sinceramente, não sei de nenhum caso. O que existe é produto de imaginação. FOLHA - O sr. tem dúvida? A própria ex-ministra Dilma Rousseff foi presa e torturada.
SANTA ROSA - Ela diz que foi torturada, mas... Só no Brasil, a pessoa que sobrevive, e está com boa saúde, alega a tortura para ganhar os benefícios, sejam políticos ou de pensão.
FOLHA - É mentira que houve tortura?
SANTA ROSA - Com certeza absoluta. Vocês conhecem algum ex-torturado cubano? Ou russo? Ou chinês? Não existe, porque não se deixava sair [da prisão]. Então foi a bondade, entre aspas, dos torturadores que permitiram que saíssem [no Brasil]. Institucionalmente, legalmente, não houve [tortura]. Não posso afirmar que, fora do controle, não tenha havido.
FOLHA - Não é justo, portanto, ter uma Comissão da Verdade para apurar se houve ou não houve?
SANTA ROSA - Seria justo se os dois lados dissessem a verdade. Se você perguntar a Dilma Rousseff quantas pessoas ela assaltou, torturou, matou...
FOLHA - Até onde se sabe, ela não matou ninguém.
SANTA ROSA - É o que ela alega. Sabe-se que tem vítima.
FOLHA - Qual é a sua opinião sobre José Serra? Ele foi presidente da UNE, exilado no Chile... SANTA ROSA - É um administrador competente, um gestor público excelente, tanto que, se voltar para São Paulo, se reelege. Mas eu estou me atendo ao produto do trabalho dele.
FOLHA - E a Marina Silva?
SANTA ROSA - Tem uma visão da Amazônia igual à da Fundação Ford, igual à dos americanos. É uma visão internacionalista.
FOLHA - O sr. vota em quem?
SANTA ROSA - Na Dilma não voto de jeito nenhum, mas não é fácil engolir o Serra.

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.שלום לכולם

Bruno Eschenazi.



quinta-feira, 20 de maio de 2010

FHC nunca mais!

O Vozes da América já está em ritmo de campanha eleitoral - 2010. E por mais que a verdadeira esquerda não tenha chances reais de ganhar a disputa e fazer as reformas profundas que o país tanto precisa, apontamos aqui, na majestosa visão do professor Emir Sader, os danos de uma possível volta ao poder da dupla Serra/FHC em 2011. Isto, sem contar daqueles velhos aliados dos tucanos, que desembarcaram no Brasil com Cabral em 1500 para matar índios, corromperam a estrutura colonial com a instituição do latifúndio e da escravidão, fizeram uma falsa independência em 1822, proclamaram a república em 1889, apoiaram o Estado Novo de Vargas, sorriram felizes com a notícia do suicídio dele em 1954 e, mais recentemente, golpearam a democacia impondo uma tenebrosa ditadura militar em 1964: estes nefastos "homens bons" de uma atemporalidade amendrontadora são do sugestivo partido... DEM. Incansável defensor do latifúndio e da concentração de renda. Carrasco da moralidade pública. Corruptos vorazes de nosso dinheiro e do nossa ética. Câncer em metástase da complexa engenharia política nacional. O Neoliberalismo de FHC, o DEM(o), a dependência com os EUA... nunca mais!
Vozes da América, 20 de Maio de 2010.

"O povo brasileiro já definiu uma decisão inapelável: FHC NUNCA MAIS!
Depois de se tornar ministro da economia e colocar em prática no Brasil a versão tupiniquim do plano de estabilização do FMI e ser eleito presidente com a promessa do fim da inflação e, com ela, da felicidade de todos. Terminado o “imposto aos pobres”, viriam o crescimento econômico, com a chegada de investimentos, a modernização do país e a distribuição de renda.
Seria virada “a página de getulhismo” – significando com isto, a capacidade reguladora do Estado, o patrimônio das empresas estatais, os empregos com carteira de trabalho, a política redistributiva através dos salários, a extensão do mercado interno de consumo popular, o desenvolvimento econômico junto à extensão dos direitos sociais – enfim, o papel indutor do crescimento e dos direitos sociais.
Com FHC o Brasil substituiu definitivamente o objetivo do crescimento econômico pelo da estabilidade monetária – como prescrevia o FMI e Malan e FHC acatavam. Como resultado, o discurso de que o Estado “gasta muito e gasta mal” desembocou na multiplicação por 11 do déficit público, com a inflação sendo transferida para esse déficit, deixando o Estado em situação falimentar. Nos seus dois mandatos – lembremos que FHC comprou votos para mudar a Constituição durante seu mandato para conseguir a reeleição, tal qual fizeram Menem e Fujimori -, FHC quebrou o país três vezes, tendo que apelar nas três ao FMI. Na terceira delas, os juros foram elevados a 49% (sic).
FHC terminou seu mandato rejeitado pelo povo brasileiro. Seu candidato foi derrotado e ele passou a ser o eventual candidato à presidência com o maior grau de rejeição. Saiu do governo com a inflação controlada, mas com o patrimônio público dilapidado – no maior caso de corrupção da história brasileira, o caso das privatizações, que nem sequer foi objeto de CPI do Congresso -, com as finanças públicas arrasadas, com a economia estagnada e fragilizada. Saiu como o presidente que tinha governado para os ricos, como o presidente dos ricos.
Desde o luxuoso conjunto financiado pelo grande empresariado paulista, onde instalou sua fundação – caricatura da caricatura da que tem Bill Clinton -, FHC passou a fazer ouvir a voz do grande capital brasileiro – na verdade, paulista, da Avenida Paulista -, multiplicado pelo rancor da derrota de 2002, do sucesso internacional da política exterior de Lula. Não se conteve no seu papel de ex-presidente e passou a intervir na política cotidiana. Não se deu conta que o tempo tinha passado, que sua imagem tinha se degradado, acreditou que ainda podia contar com o aureola de intelectual que pontifica sobre tudo.
Está reduzido a um velho político derrotado – junto a ACM, a Tasso Jereissati, a Bornhausen -, que fizeram parte da base fundamental de apoio de seus desastrados 8 anos de governo. Oito anos desastrados para o Brasil, no pior governo que o país já teve.
No entanto ninguém acredita que FHC se retire para a sua privacidade. O que faria ai? Seu narcisismo não esperou para publicar suas “memórias” - de auto-exaltação e desprezo pela realidade. O que faria agora? Sua vaidade, a nostalgia de quando aparecia no jornal para dizer qualquer bobagem e tinha espaço, o impulsiona a um futuro perigoso. Sua imagem vai se degradar cada vez mais. A situação de tucanos que não se atrevem a defender seu governo na campanha eleitoral prenuncia o que espera FHC daqui pra frente.
O povo já deu seu veredicto. Cada vez que FHC falava, a adesão a Lula aumentava. (A ponto de se cogitar a entrega de alguns minutos no programa de Lula a FHC, como reconhecimento e alavanca para aumentar ainda mais a vantagem de Lula.) FHC nunca mais. Nunca mais um intelectual que pretende ditar sua verdade ao povo do alto da sua suposta sabedoria, enganando, mentindo, difundindo falsidades (como “A globalização é o novo Renascimento da humanidade” ou “Há 12 milhões de brasileiros inimpregáveis”, entre tantas outras).
FHC nunca mais, nunca mais ricos governando em nome dos ricos, com falsas promessas para os pobres. Nunca mais um governo vassalo dos EUA. Nunca mais um governo que criminaliza os movimento sociais. Nunca mais um governo que desmantela o patrimônio público pela privatização de empresas estatais. Nunca mais um governo que dissemina a educação privada em detrimento da educação pública, que promove a mercantilização da cultura. Nunca mais FHC. Nunca mais tucanos-pefelistas. Nunca mais governos que concentram ainda mais a renda no Brasil, que vendem a Amazônia para ser vigiada pelas raposas do Império.

FHC NUNCA MAIS"!

Emir Sader - 22/10/2006.

domingo, 16 de maio de 2010

13 de Maio - Valeu Zumbi!

Zumbi, um negro,
respirando rebeldia,
foge pra mata um dia
à procura do Lugar.

Era um Quilombo,
a terra dos ex-escravos,
todos livres, sem os travos,
sem ter dono pra ferrar.

Vinham mestiços,
índios chegavam do eito,
todos lá tinham direito,
preto, branco, sarará.

Uma nação de iguais sem oprimidos,
de homens livres nascidos,
crescidos sem apanhar.

Chegaram ali
brancos pobres, mamelucos,
com pau, pedra e trabuco
pra liberdade ganhar.

Todos queriam ser mais um quilombola,
não viver pedindo esmola
a que não queria dar.

Uma cruzada
contra os povos livres, bravos,
para mantê-los escravos,
correram então a formar.

E a batalha
derradeira aconteceu,
jamais dela se esqueceu
quem nasceu nesse lugar.

O sol,o sol já vem.
Eu namoro uma morena
e sou moreno também

Vi preto livre
lá na Serra da Barriga
enfrentar bala e urtiga
para não se escravizar.

Como uma praga,
saída dos evangelhos,
vi Domingos Jorge Velho
palmares incendiar.

Eu vi foi tiro,
eu vi corte de peixeira,
pernada de capoeira,
vi corpo no chão rolar.
Eu vi Zumbi
ser preso, ser torturado,
violado e humilhado
por querer se libertar.

Eu vi seu corpo
ser a faca esquartejado,
como um bicho ser sangrado,
também vi seu degolar.
Vi a cabeça
enfiada numa vara,
eu vi toda a sua cara
no sol quente descarnar.


Antonio Nóbrega, em “O Marco do Meio-Dia”, espetáculo em homenagem aos 500 anos do Brasil.

O compositor pernambucano Antonio Nóbrega, levanta na história esquecida do Brasil uma das passagens mais dramáticas e ao mesmo tempo mais esperançosas: a luta do povo pobre, mestiço e negro pela liberdade. Foi Zumbi e sua trincheira chamada Palmares, que plantou a “semente” que mais tarde culminará na “liberação” dos escravos. Porém, a libertação, ainda não ocorreu, mesmo com tanta luta, e com tanto sangue derramado, seja pelos famosos ou pelos anônimos guerreiros da igualdade.

TAXA CAMARAE - Parte 3

Continuação ...

A Taxa Camarae é um tarifário promulgado, em 1517, pelo papa Leão X (1513-1521) destinado a vender indulgências, ou seja, o perdão dos pecados, a todos quantos pudessem pagar umas boas libras ao pontífice. Como veremos na transcrição que se segue, não havia delito, por mais horrível que fosse, que não pudesse ser perdoado a troco de dinheiro. Leão X declarou aberto o céu para todos aqueles, fossem clérigos ou leigos, que tivessem violado crianças e adultos, assassinado uma ou várias pessoas, abortado… desde que se manifestassem generosos com os cofres papais.

Vejamos o seus trinta e cinco artigos:



8. A absolvição e a certeza de não serem perseguidos por crimes de rapina, roubo ou incêndio, custará aos culpados 131 libras e 7 soldos.

9. A absolvição de um simples assassínio cometido na pessoa de um leigo é fixada em 15 libras, 4 soldos e 3 dinheiros.

10. Se o assassino tiver morto a dois ou mais homens no mesmo dia, pagará como se tivesse apenas assassinado um.

11. O marido que tiver dado maus tratos à sua mulher, pagará aos cofres da chancelaria 3 libras e 4 soldos; se a tiver morto, pagará 17 libras, 15 soldos; se o tiver feito com a intenção de casar com outra, pagará um suplemento de 32 libras e 9 soldos. Se o marido tiver tido ajuda para cometer o crime, cada um dos seus ajudantes será absolvido mediante o pagamento de 2 libras.

12. Quem afogar o seu próprio filho pagará 17 libras e 15 soldos [ou seja, mais duas libras do que por matar um desconhecido (observação do autor do livro)]; caso matem o próprio filho, por mútuo consentimento, o pai e a mãe pagarão 27 libras e 1 soldo pela absolvição.

13. A mulher que destruir o filho que traz nas entranhas, assim como o pai que tiver contribuído para a perpetração do crime, pagarão cada um 17 libras e 15 soldos. Quem facilitar o aborto de uma criatura que não seja seu filho pagará menos 1 libra.

14. Pelo assassinato de um irmão, de uma irmã, de uma mãe ou de um pai, pagar-se-á 17 libras e 5 soldos.

15. Quem matar um bispo ou um prelado de hierarquia superior terá de pagar 131 libras, 14 soldos e 6 dinheiros.

16. O assassino que tiver morto mais de um sacerdote, sem ser de uma só vez, pagará 137 libras e 6 soldos pelo primeiro, e metade pelos restantes.



(Fonte: Rodríguez, Pepe (1997). Mentiras fundamentais da Igreja católica.Terramar – Editores, Distribuidores e Livreiros -(1.ª edição portuguesa, Terramar, Outubro de 2001 – Anexo, pp. 345-348)

O soviete de Joinville - Um outro mundo é possível

O soviete de Joinville - Jornal do Brasil, 18 de Março de 2007.

Renan Antunes de Oliveira De Joinville, especial para o JB

Está em curso uma experiência cabocla, anacrônica e politicamente incorreta em Santa Catarina: a formação do "proletariado bolivariano trotskista estatizante germânico-joinvillense".
É uma categoria de trabalhadores sem a visão do lucro. Eles tomam a fábrica e expulsam o patrão. Funcionam sem capital e sem matéria-prima. Reduzem a jornada para 30 horas semanais. Produzem com maquinário obsoleto e só o necessário para garantir os próprios salários. Livres dos grilhões do capitalismo, são escravos de si mesmos.
A vanguarda desta turma parada no tempo é formada por 1.070 operários entrincheirados há quatro anos e meio nos galpões da indústria plástica Cipla. Eles esperam o presidente Lula cumprir uma promessa de estatização para salvar os empregos, feita na campanha de 2002.
Enquanto dura o impasse eles desafiam a Justiça que quer tirá-los de lá. Agitam-se sob o total silêncio da imprensa. Enfrentam a hostilidade da elite empresarial catarinense. E teimam em subverter até as leis de mercado: todo ano fecham no vermelho, felizes da vida.
Os operários têm planos de queimar tudo se um dia a polícia invadir o sagrado chão da fábrica. No início aconteceram algumas escaramuças, quando eles botaram para correr a PM, a Polícia Federal e até oficiais de justiça.
Antes dos incidentes a turma obedecia às leis do país e adorava o presidente Lula. Eles radicalizaram depois que o venezuelano Hugo Chávez começou a pagar as contas. Desde dezembro, quando reuniu 600 líderes de ocupações em países hermanos, a Cipla virou solo sagrado do proletariado cucaracha.
Foi tortuoso o caminho de formação desta nova classe de trabalhadores - só o proletariado é o centro da receita. O bolivariano nasce da palavra da hora para revolucionário anti-Bush, deriva do libertador das Américas, Simón Bolívar. Trotskista é o seguidor da vertente comunista do russo Leon Trotsky, criada no século passado e fracassada em todo lugar onde foi testada.
Estatizante é óbvio. O germânico-joinvillense vem das origens e do local onde ocorre. Joinville, a maior cidade industrial catarinense, uma potência econômica criada à imagem e semelhança da Alemanha. Por décadas o operariado de olhos azuis segue a tradição de trabalhar de cabeça baixa e dizer sim para tudo, em nome da ordem.
A Cipla, hoje vista como um corpo estranho e de operariado desgarrado, nasceu da nata do empresariado germânico e capitalista: ela é a mãe do Grupo Tigre, a maior empresa da América Latina de tubos e conexões.
Seus operários, máquinas e galpões foram separados da parte boa da Tigre quando começou a fazer água, nos anos 90. A família Hansen, dona de tudo, deu uma mexida e a Cipla foi entregue pelo fundador como dote a um dos genros - formado em Harvard, era tido como um geniozinho neoliberal.
Depois de cinco boas temporadas faturando 100 milhões de dólares por ano, o genro gênio deixou de recolher impostos e FGTS. Passou a pagar os operários com vales de 30 por semana. A Tigre, blindada por advogados, não quis saber da parte podre e a deixou naufragar sob uma dívida de 600 milhões.
Foi aí que o proletariado germânico-joinvillense virou revoltado à trotskista. Ele tomou a fábrica - tomada esta insuflada por um líder sindical que passou pela cidade em campanha eleitoral e prometeu estatização.
"Invadam que eu garanto", foi a promessa aos líderes. A invasão se consumou em primeiro de novembro de 2002. O pessoal evolui então para "estatizante", vendo na encampação a única chance de salvar os empregos.
No janeiro seguinte, o candidato virou presidente. Só então caiu na real. Já não pôde cumprir a promessa - ela estava na contramão da globalização. Para não fazer feio, Lula mandou seu chefe da Casa Civil ajudar o pessoal, mas José Dirceu é que acabou precisando de ajuda, bombardeado primeiro pelo caso Valdomiro Diniz, depois derrubado por Roberto Jefferson.
O pessoal continuou a luta. No ano passado apareceu o novo patrono da causa: Hugo Chávez, líder da sua peculiar Revolução Bolivariana. Ele anunciou que não queria mais comprar de empresas norte-americanas.
Como a Cipla produz tubos para a indústria do petróleo, um emissário trotskista-capitalista foi enviado à Venezuela com urgência. Deu negócio. E dos bons. Chávez manda aos companheiros matéria-prima a preços subsidiados. A turma então bolivarianou.
Lula se reelegeu. Em fevereiro, na Bahia, o presidente recebeu Serge Goulart, 52 anos, catarinense, membro do diretório nacional do partido pela corrente radical trotskista O Trabalho, líder da ocupação da Cipla.
Momento tenso. Quatro anos e cinco meses depois de insuflar a turma à invasão, Lula olha o velho companheiro e faz cara de espanto: "Como ? Ainda não resolveram o problema"? Aí vira-se para o secretário e ordena: "Dulci (Luís), cuide do caso".
Em Joinville, enquanto isso...

Tudo dá certo quando começa mal

Com a fábrica sucateada, sem dinheiro para investimentos e no vermelho, não era para as coisas irem bem. Mas a Cipla que faturou só 37 milhões em 2006, quando precisa de 90 para se equilibrar, continua de pé.
Fala Francisco Lessa, advogado da empresa: "Nós conseguimos pagar os salários de todos, acima do piso da categoria em Joinville".
Por que a Cipla não cumpre ordens de penhora da Justiça ?
- Elas são para pagar dívidas dos antigos donos. Nós queremos manter os empregos. A Justiça está mais sensível e já entende que se nos tirar equipamentos e receita ficaremos sem ter como garantir os salários de trabalhadores.
Quando pegaram a fábrica vocês não sabiam do rombo?
- Só tivemos a dimensão da coisa quando abrimos os livros. Ocupamos a fábrica quebrada e agora queremos estatização.
Quanto vale a Cipla ?
- O patrimônio está avaliado em cerca de 60 milhões, não dá para pagar nem 10% da dívida. Mas a empresa é viável, segundo um estudo do BNDES.
Como vai a produtividade?
- Ótima. Em 2004 a empresa foi premiada. Em janeiro, adotamos o regime de 30 horas semanais, uma coisa de primeiro mundo. Nosso gargalo é a compra de matéria-prima, porque os antigos donos nos deixaram com o nome sujo na praça.
Qual é o trato com Chávez?
- É um negócio feito com profissionalismo e transparente. Nós estamos passando para a Venezuela tecnologia em construção de casas populares em PVC. Eles nos fornecem materia-prima que teríamos dificuldade de comprar aqui. Nossa fábrica já está montada lá e agora esperamos mais carregamentos para tocar a Cipla.
A estatização não vai contra a política econômica nacional?
- O momento da ocupação foi antes da primeira eleição do presidente Lula. Os trabalhadores botaram muita fé nele. As coisas começaram mal, mas conseguimos nos equilibrar e sobreviver até agora. São mil famílias numa luta histórica. Está na hora de o Estado reconhecer e respeitar isso, fazendo sua parte.

Tigre foge do mico de R$ 800 milhões

A quebra da fábrica Cipla que levou à ocupação pelos operários tem origem na cisão familiar do Grupo Hansen, cuja parte saudável forma hoje a Tubos e Conexões Tigre.
Em 1989, a Cipla, mãe da Tigre, foi separada do império. Ficou com a filha do fundador, Eliseth Hansen, e administrada pelo marido, Luís Batschauer.
Usando suas iniciais, o casal formou a HB. Na gestão dele o faturamento da empresa foi caindo de 200 milhões de dólares para 155, depois 116, 87, e, finalmente, apenas 70 milhões, em 1993.
No ano seguinte a HB pediu concordata, quando já devia 600 milhões de reais em impostos e encargos sociais, além de acossada por centenas de processos trabalhistas. O rombo hoje passa dos 800 milhões.
O marido foi preso, acusado de sonegação fiscal e evasão de divisas. A esposa pediu socorro à família rica, mas não obteve. Foi à Justiça contra os dois irmãos pedindo revisão da herança do patriarca João Hansen Junior, cujo resultado não foi possível apurar.
Um dos irmãos morreu, o outro vendeu sua parte e a Tigre acabou na mão de uma cunhada com quem Eliseth não se dava direito - o resultado é que a Tigre nunca quis assumir o mico de sua fábrica-mãe.
Pelos oito anos da concordata até a ocupação a Cipla foi encolhendo de quase 3 mil para os 1.070 operários que tem hoje.
Cada fim de mês era um parto pagar salários. Os equipamentos ficaram obsoletos e a produção caiu para 30%, sem falar do sufoco que era trabalhar com dezenas de credores batendo às portas todo dia.
Aperreado pelas dívidas, Batschauer tentou vender a fábrica para os operários. Quando eles se deram conta do tamanho do rombo recusaram a oferta.
O empresário então passou uma procuração para o Conselho de Fábrica, órgão formado por gente eleita em assembléia no pátio da firma - o povão.
Apostando que o Conselho levaria a empresa à falência em poucos meses, Batschauer recolheu-se a uma peça nos fundos da Cipla, com entrada independente, onde se manteve por quase dois anos torcendo pelo fracasso dos "despreparados".
A fábrica continuou funcionando. Contrariado, Bat, como era apelidado pela massa, quis cassar a procuração. Tentou vender tudo para um pastor adventista, querendo zerar as dívidas e retomar o patrimônio.
O Conselho de Fábrica descobriu que o pastor era procurado pela polícia e conseguiu que as autoridades o prendessem.
Injuriados com o golpe do ex-patrão, os operários passaram um cadeado no portão do escritório dele e nunca mais o deixaram entrar na sua Cipla.
E então ele simplesmente desistiu. Uma das figuras mais notáveis da cidade por quase duas décadas, Luís Batschauer está desaparecido da face de Joinville, de Santa Catarina e da Região Sul, quiçá do Brasil: seis detetives particulares estão no encalço dele sem sucesso há dois anos.
A fofoca da cidade é que o casal HB se divorciou para evitar que as dívidas dele respinguem nela quando e se ela conseguir um pedaço da Tigre na Justiça.
Se o divórcio saiu, nada até agora foi averbado na certidão de casamento deles, no cartório de registro civil da cidade, como deve acontecer nestes casos.
Tudo o que se sabe é que o outrora incensado gênio das finanças formado em administração na Universidade de Harvard ofereceu às editoras locais um livro intitulado A inadimplência idônea - sua tentativa de explicar como matou a mãe da Tigre, abriu aquele rombo, não pagou as dívidas e puxou apenas algumas semanas de cadeia.
A obra permanece inédita. E o autor, em local ignorado.

Dona Odete descobre Karl Marx

Renan Antunes de Oliveira De Joinville, especial para o JB

Teve gente que cresceu como gente, depois da ocupação. O maior exemplo é dona Odete Camargo, mãe de quatro filhos, jornada dupla casa/fábrica. Era do tipo cabeça baixa, bem na sua, só batendo cartão.
Vendo o agito, estudou economia capitalista num curso promovido na fábrica por militantes da Quarta Internacional. Foi fundo no capítulo do Manifesto Comunista de Karl Marx.
Diplomada, Odete concluiu que se entrasse na luta "nada teria a perder, a não ser grilhões". Agora, só trata os colegas por "camaradas".
Acabou eleita para o conselho que dirige a fábrica. E tem mais moleza em casa com a adoção da jornada de 30 horas semanais.
Na fábrica, ela divide o serviço na linha de produção com as reuniões do comando que decide as finanças.
Tudo ali é discutido nos mínimos detalhes. Os operários analisam a planilha como se fossem acionistas: "Se alguém vê alguma coisa que não gosta, reclama e discute na assembléia", diz Eni, auxiliar da administração.
Os quesitos mais expressivos do relatório são pendurados no mural da fábrica e podem ser questionados até pelos faxineiros. No mês passado, o faturamento foi R$ 3,5 milhões, abaixo do necessário - ninguém chiou.
Os trabalhadores vigiam os companheiros. Quando um dos líderes da primeira greve tentou se eternizar num cargo sem precisar trabalhar, foi demitido por mil votos a um, o dele. Ninguém queria o vagabundo na folha.
Quem paga boa parte dela é uma multinacional. A Mercedes-Benz garante quase R$ 500 mil mensais por várias peças e aquela famosa estrela dos veículos da marca.
Por isso, mesmo com toda turbulência, o pessoal sempre se esforça para manter o setor da estrelinha, virou xodó deles.
Um flash back de 2002: a Volvo também era cliente, mas cancelou seu contrato depois que soube que o comando da fábrica estava com o operariado. Mandou buscar os moldes das peças para trocar de fornecedor.
O Conselho não quis entregá-los. A assembléia apoiou a decisão. A Volvo então foi à Justiça, que mandou a polícia para a Cipla. Não adiantou: os operários se agarraram nos moldes. Aí a multinacional ajoelhou, com medo de parar em vários países por falta de peças: pagou R$ 500 mil, garantindo um Natal gordo no ano da ocupação.
Depois de quatro anos e meio sem patrão, a aventura ainda encanta o proletariado. Os capítulos da novela são acompanhados todos os dias pela rádio peão, o boca-a-boca nas fábricas de "Xoinfile", como pronunciam os descendentes alemães.
Por conta da experiência a Cipla virou pronto-socorro de crises. Quando trabalhadores de outras fábricas estão em dificuldades, pedem ajuda e know-how ao pessoal dela. Aí o comando despacha especialistas em manifestações e enfrentamentos, na teoria trotskista de exportar a revolução permanente.
No front interno, acabou aquela de corpo mole para escapar da exploração capitalista: "Sei que se não trabalhar serei eu o prejudicado", diz um operário. "Porque se a fábrica não é minha, o produto agora é".

Camaradas, leitores, amigos, liberais...
Este é um exemplo de que outro Brasil é possível, outro mundo é possível. Apesar de ter saído timidamente no Jornal do Brasil, a imprensa burguesa insiste em não publicar uma só linha sobre esta bem sucedida experiência comunista dentro de um país de alto potencial capitalista, segundo as expectativas de "G-20", "oitava economia do mundo"... E ainda assim, o operariado, por conta própria, de maneira leninlista, promove uma auto gestão. Imaginem todos os meios de produção (industrial, intelectual, artesanal) fazendo o mesmo. Imaginem trocarmos a ideia de riqueza individual pela ideia de riqueza coletiva. Imaginem a mudança radical da filosofia individualista que beneficia 1% da população pela filosofia coletivista de bem comum. A utopia marxista é possível. O Vozes da América agredece aos camaradas de Joinvile pelo exemplo.
"Ousar lutar, ousar vencer".

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Sobre prostitutos e prostituições

Guapimirim, 2008.

Fazia um enorme calor na quarta-feira, enquanto vagava por Guapimirim e me surpreendia com cada armazém, com as casas de material de construção, com a única praça que expunha um papai Noel mecânico e epilético para as crianças que passavam sem admirá-lo.
A fim de gastar o tempo e almoço que ainda me incomodava, entrei numa barbearia, daquelas tradicionais, que se vê no subúrbio ou no interior, e esperei para ser atendido. Atento, ouvi uma conversa sobre a política local e me interessei. Um homem que cortava os cabelos, ao sentar já foi dizendo que seu cabelo era "ruim" num tom de brincadeira e o barbeiro, que lhe conhecia bem, puxou logo assunto sobre as eleições municipais do ano que vem.
O homem que desbastava sua já rala cabeleira desandou a falar mal do prefeito e de seus assessores, que já estava desiludido com política e que havia cansado de tentar disputar uma vaga para vereador desta pequena cidade sem alcançar sucesso. Até tudo indo. Até que, estimulado pelo responsável por sua estética capilar, começou a denunciar, ainda que sem querer, a podridão ética que nos encontramos. Disse que o salário de um vereador em Guapimirim é muito bom R$ 2.400,00, sem contar os adicionais - que confesso não ter entendido se estão dentro ou fora da legalidade - e que era um absurdo um vereador como fulano ter passado dois mandatos (ou seja 8 anos) e "não ter feito um patrimônio para sua família"!? Sobre a conivência concordata do seu interlocutor barbeiro, estava deflagrado ali, aos pés do pico do dedo de deus, a total ausência de ética com a coisa pública que tanto nos acostumamos a ouvir. Dois homens simples, que julgam ser pouco mais de dois mil reais um bom salário, exortando o desvio de dinheiro público para fins pessoais, valorizando vereadores que enriqueceram em um mandato e construíram imóveis e negócios que os seus salários não construiriam nunca. Engraçado como ninguém quer ser vereador para cuidar do bem coletivo, qual será a razão que nos leva a colocar o dinheiro acima do bem estar social?
Brasília. Eis uma das múltiplas explicações. O que assistimos no Senado da República é de uma melancolia atroz. Esta semana Renan Calheiros foi mais uma vez inocentado, mas não sem antes cumprir sua parte do acordo, renunciar de uma vez por todas a presidência da Casa. E aí sim, os senhores "homens bons" da república cumpriram sua parte na farsa.
O parlamento brasileiro é uma grande casa de prostituição, com uma ressalva honrosa: as mulheres e homens que vendem seus corpos por dinheiro, vendem somente os corpos e não a alma.

Grito da Terra, clamor dos povos

Por Frei Betto

Os gregos antigos já haviam percebido: Gaia, a Terra, é um organismo vivo. E dela somos frutos, gerados em 13,7 bilhões de anos de evolução. Porém, nos últimos 200 anos, não soubemos cuidar dela e a transformamos em mercadoria, da qual se procura obter o máximo de lucro.
Hoje, a Terra perdeu 30% de sua capacidade de autorregeneração. Somente através de intervenção humana ela poderá ser recuperada. Nada indica, contudo, que os governantes das nações mais ricas estejam conscientes disso. Tanto que sabotaram a Conferência Ecológica de Copenhague, em dezembro de 2009.
A Terra, que deve possuir alguma forma de inteligência, decidiu expressar seu grito de dor através do vulcão da Islândia, exalando a fumaça tóxica que impediu o tráfego aéreo na Europa Ocidental, causando prejuízo de US$ 1,7 bilhão.
Em reação ao fracasso de Copenhague, Evo Morales, presidente da Bolívia, convocou, para os dias 19 a 23 de abril, a Conferência Mundial dos Povos sobre a Mudança Climática e os Direitos da Mãe Terra. Esperavam-se duas mil pessoas. Chegaram 30 mil, provenientes de 129 países! O sistema hoteleiro da cidade entrou em colapso, muitos tiveram de se abrigar em quartéis.
A Bolívia é um caso singular no cenário mundial. Com 9 milhões de habitantes, é o único país plurinacional, pluricultural e pluriespiritual governado por indígenas. Aymaras e quéchuas têm com a natureza uma relação de alteridade e complementaridade. Olham-na como Pachamama, a Mãe Terra, e o Pai Cosmo.
Líderes indígenas e de movimentos sociais, especialistas em meio ambiente e dirigentes políticos, ao expressar o clamor dos povos, concluíram que a vida no Planeta não tem salvação se perseverar essa mentalidade produtivista-consumista que degrada a natureza. Inútil falar em mudança do clima se não houver mudança de sistema. O capitalismo é ontologicamente incompatível com o equilíbrio ecológico.
Todas as conferências no evento enfatizaram a importância do aprender com os povos indígenas, originários, o sumak kawsay, expressão quéchua que significa “vida em plenitude”. É preciso criar “outros mundos possíveis” onde se possa viver, não motivado pelo mito do progresso infindável, e sim com plena felicidade, em comunhão consigo, com os semelhantes, com a natureza e com Deus.
Hoje, todas as formas de vida no Planeta estão ameaçadas, inclusive a humana (2/3 da população mundial sobrevivem abaixo da linha da pobreza) e a própria Terra. Evitar a antecipação do Apocalipse exige questionar os mitos da modernidade - como mercado, desenvolvimento, Estado uninacional - todos baseados na razão instrumental.
A conferência de Cochabamba decidiu pela criação de um Tribunal Internacional de Justiça Climática, capaz de penalizar governos e empresas vilões, responsáveis pela catástrofe ambiental. Cresce em todo o mundo o número de migrantes por razões climáticas. É preciso, pois, conhecer e combater as causas estruturais do aquecimento global.
Urge desmercantilizar a vida, a água, as florestas, e respeitar os direitos da Mãe Terra, libertando-a da insaciável cobiça do deus Mercado e das razões de Estado (como é o caso da hidrelétrica de Belo Monte, no Xingu).
Os povos originários sempre foram encarados por nós, cara-pálidas, como inimigos do progresso. Ora, é a nossa concepção de desenvolvimento que se opõe a eles, e ignora a sabedoria de quem faz do necessário o suficiente e jamais impede a reprodução das espécies vivas. Temos muito a aprender com aqueles que possuem outros paradigmas, outras formas de conhecimento, respeitam a diversidade de cosmovisões, sabem integrar o humano e a natureza, e praticam a ética da solidariedade.
Cochabamba é, agora, a Capital Ecológica Mundial. Sugeri ao presidente Evo Morales reeditar a conferência, a exemplo do Fórum Social Mundial, porém mantendo-a sempre na Bolívia, onde se desenrola um processo social e político genuíno, singular, em condições de sinalizar alternativas à atual crise da civilização hegemônica. O próximo evento ficou marcado para 2011.
Pena que o governo brasileiro não tenha dado a devida importância ao evento, nem enviado qualquer representante. A exceção foi o deputado federal Chico Alencar (PSOL-RJ), que representou a Câmara dos Deputados.


Frei Betto é escritor, autor, em parceria com Marcelo Barros, de O amor fecunda o Universo – ecologia e espiritualidade (Agir), entre outros livros. http://www.freibetto.org

sábado, 1 de maio de 2010

Proletariado do mundo, uní-vos!

Proletariado do mundo, uní-vos! Neste 1º de Maio de 2010 Vozes da América faz sua singela homenagem aos trabalhadores, aqueles verdadeiros responsáveis pela produção de TODAS as riquezas geradas no mundo, mas que por força da brutalidade capitalista, são os que menos ganham com a partilha dos frutos destas riquezas.
Acreditamos que a falência múltipla dos órgãos do sistema capitalista já está em fase adiantada rumo ao óbito, porém, as plásticas e os botoxes que a burguesia faz ainda nos esconde a putrefação por trás da aparência.
Fica então o velho chamado feito por Karl Marx em seu Manifesto do Partido Comunista, de 1848: "Proletários de todos os países, uní-vos!".

TAXA CAMARAE - Parte 2

A Taxa Camarae é um tarifário promulgado, em 1517, pelo papa Leão X (1513-1521) destinado a vender indulgências, ou seja, o perdão dos pecados, a todos quantos pudessem pagar umas boas libras ao pontífice. Como veremos na transcrição que se segue, não havia delito, por mais horrível que fosse, que não pudesse ser perdoado a troco de dinheiro. Leão X declarou aberto o céu para todos aqueles, fossem clérigos ou leigos, que tivessem violado crianças e adultos, assassinado uma ou várias pessoas, abortado… desde que se manifestassem generosos com os cofres papais.

Artigos publicados hoje: 4, 5, 6 e 7.

4. A religiosa que quiser alcançar a dignidade de abadessa depois de se ter entregue a um ou mais homens simultânea ou sucessivamente, quer dentro, quer fora do seu convento, pagará 131 libras, 15 soldos.

5. Os sacerdotes que quiserem viver maritalmente com parentes, pagarão 76 libras e 1 soldo.

6. Para todos os pecados de luxúria cometido por um leigo, a absolvição custará 27 libras e 1 soldo; no caso de incesto, acrescentar-se-ão em consciência 4 libras.

7. A mulher adúltera que queira ser absolvida para estar livre de todo e qualquer processo e obter uma ampla dispensa para prosseguir as suas relações ilícitas, pagará ao Papa 87 libras e 3 soldos. Em idêntica situação, o marido pagará a mesma soma; se tiverem cometido incesto com os seus filhos acrescentarão em consciência 6 libras.


(Fonte: Rodríguez, Pepe (1997). Mentiras fundamentais da Igreja católica.Terramar – Editores, Distribuidores e Livreiros -(1.ª edição portuguesa, Terramar, Outubro de 2001 – Anexo, pp. 345-348)

sexta-feira, 23 de abril de 2010

O Império do Norte segue mostrando sua cara: Bárbies neofascista

O lugar é o estado do Arizona e a personagem é clássica: uma Bárbie, só que velha. A governadora daquele nefasto lugarzinho que só teria de bom o fato de ser fronteira com o México. Seria pois é esta razão que fez a Bárbie plastificada, governadora cujo nome é Jan Brewer, republicana como Bush e ideologicamente pouco diferente do, "nobel da paz" (ainda me causa estarrecimento), aprovar uma lei que torna crime o imigrante ilegal nos EUA.
A tal governadora assinou a lei controversa, com transmissão ao vivo pela TV, na presença de todo seu gabinete, enquanto centenas de manifestantes protestavam do lado de fora da sede do governo. Também permite que policiais interroguem pessoas sobre sua situação imigratória se houver qualquer motivo para suspeitar que estejam ilegalmente no país. E quem julga isto, pasmem, é a própria polícia! Ah, agora sim estou mais tranquilo!
Assim dá para entender a razão de ser os EUA o único país do mundo a manter ATIVO o único campo de concentração do planeta, um lugar onde se tortura, se mata, mas não se julga. Na "Base militar de Guantánamo", há presos que nem sabem o que fazem ali. Há pessoas que foram presas simplesmente por discordarem do governo estadunidense e outras que pagam o preço de serem Árabes. Como se pode observar, um lugar muito justo, tanto quanto a lei discriminatória do Arizona.
A nós, meros mortais frente ao Império do Norte só resta o boicote. Diga não a tudo que vem sujo com sangue de gente inocente! Diga não aos EUA!

TAXA CAMARAE - Parte 1

A Taxa Camarae é um tarifário promulgado, em 1517, pelo papa Leão X (1513-1521) destinado a vender indulgências, ou seja, o perdão dos pecados, a todos quantos pudessem pagar umas boas libras ao pontífice. Como veremos na transcrição que se segue, não havia delito, por mais horrível que fosse, que não pudesse ser perdoado a troco de dinheiro. Leão X declarou aberto o céu para todos aqueles, fossem clérigos ou leigos, que tivessem violado crianças e adultos, assassinado uma ou várias pessoas, abortado… desde que se manifestassem generosos com os cofres papais.


O Vozes da América vai publicar ao longo do tempo os 35 artigos da Taxa Camarae para que o leitor e a leitora possam comparar a Igreja Católica de ontem e de hoje. Sugerimos também que façam as contas de quanto em Libras esta Instituição pagaria hoje para chegar aos céus que ela mesmo vende em lotes, depois dos inúmeros casos de pedofilia que a envolve e outras aberrações. Boa leitura!

Artigos 1, 2 e 3.

1. O eclesiástico que cometa o pecado da carne, seja com freiras, seja com primas, sobrinhas ou afilhadas suas, seja, por fim, com outra mulher qualquer, será absolvido, mediante o pagamento de 67 libras, 12 soldos.

2. Se o eclesiástico, além do pecado de fornicação, quiser ser absolvido do pecado contra a natureza ou de bestialidade, deve pagar 219 libras, 15 soldos. Mas se tiver apenas cometido pecado contra a natureza com meninos ou com animais e não com mulheres, somente pagará 131 libras, 15 soldos.

3. O sacerdote que desflorar uma virgem, pagará 2 libras, 8 soldos.


No entanto, para a historiografia católica, o Papa Leão X, autor de um exemplo de corrupção tão grande como o que acabamos de ler, passa por ser o protagonista da «história do pontificado mais brilhante e talvez o mais perigoso da história da Igreja».

(Fonte: Rodríguez, Pepe (1997). Mentiras fundamentais da Igreja católica.Terramar – Editores, Distribuidores e Livreiros -(1.ª edição portuguesa, Terramar, Outubro de 2001 – Anexo, pp. 345-348)

Com esse monopólio, não venham falar em democracia

OS DONOS DA MÍDIA NO BRASIL


GRUPO 1

O primeiro grupo – os “cabeças-de-rede” – são as famílias que controlam as redes de nacionais de comunicação, de TVs, rádios, e jornais de circulação nacional.
- Organizações Globo – família Marinho
- Rede Record – Igreja Universal - Edir Macedo
- Sistema Bandeirantes de Comunicação – família Saad
- Sistema Brasileiro de Televisão–SBT – Silvio Santos
- Grupo O Estado de São Paulo (Estadão)– família Mesquita
- Grupo Folha de São Paulo – família Frias
- Grupo Abril – família Civita (responsável por 70% do mercado de revistas do país, incuindo a Veja).
É importante ressaltar que alguns desses grupos possuem também portais na internet e agências de notícias (ex. UOL, da folha; globo.com; agência Estado; agência globo).

GRUPO 2

O segundo grupo de “donos da mídia” é composto por grupos nacionais e regionais com presença econômica expressiva e alguns fortes grupos regionais.

Entre estes grupos estão:

o Grupo RBS da família Sirostski no RS
as Organizações Jaime Câmara em Goiás e Tocantins
o Jornal do Brasil, no DF
a Gazeta Mercantil, em SP

GRUPO 3

O terceiro grupo é composto por grupos regionais de afiliados às redes nacionais de TV.

Neste grupo estão presentes as oligarquias regionais que, obviamente, controlam tanto o poder econômico, quanto o político.

Outra questão importante a ressaltar é que, embora vinculados às redes nacionais de TV, esses grupo locais controlam todo o sistema de comunicação regional por meio de inúmeras rádios e jornais.
Exemplos em alguns estados:

Ceará
família Jereissati (do Senador Tasso Jereissati - PSDB)

Rio Grande do Norte família Maia (do Senador Jose Agripino Maia - DEM) e família Alves (do Senador Garibaldi Alves Filho - PMDB)

Bahiafamília Magalhães (do deputado ACM Neto - DEM)

Maranhãofamília Sarney (do Senador José Sarney - PMDB)

Alagoasfamília Collor (do Senador Fernando Collor de Mello - PRTB)

Sergipefamília Franco (do Senador Albano Franco - PSDB)

Paráfamília Pires (do Deputado Vic Pires - DEM)
Mais detalhes no quadro 5 do arquivo anexo.


GRUPO 4

O quarto grupo é composto por pequenos grupos regionais de TV, rádio e jornais ou ainda por veículos de pequena participação no mercado de mídia, mas que muitas vezes são apêndices de fortes grupos que atuam em outros ramos da economia.

Um bom exemplo dessa situação é a TV Brasília, que durante um bom tempo foi propriedade do Grupo Paulo Octávio.

Ou seja, os pequenos grupos de mídia estão também, em sua maioria, sob controle do poder local.

É por isso que nos municípios do interior do país, o dono da rádio local é também o chefe político municipal.


Jornal do Brasil

O Jornal do Brasil é publicado na cidade do Rio de Janeiro e atualmente pertence ao empresário Nelson Tanure, do grupo Docas Investimentos, que também administra a revista Forbes no Brasil e agência de notícias InvestNews.

É tradicionalmente voltado para uma elite diminuta da classe alta que se concentra na Zona Sul do Rio de Janeiro e que se pretende formadora de opinião, a nível nacional.

Gazeta Mercantil

Apesar de haver fechado em maio de 2009, o jornal Gazeta Mercantil continua sob o controle acionário do grupo Docas Investimentos, do empresário Nelson Tanure, e conta com uma redação unificada com os demais produtos jornalísticos da empresa (JB, a Forbes e a agência de notícias InvestNews).


Histórico

A crise que deflagrou na transferência do controle acionário da família Levy para Nelson Tanure ocorreu no final da década de 90 e início dos anos 2000. Após anos de liderança absoluta no mercado, as contas da empresa se deterioraram e, ao mesmo tempo, a direção do jornal decidiu ampliar as áreas de atuação, com investimentos em internet e televisão.

As novas áreas contaram com parceiros que foram a Portugal Telecom, antiga controladora da Telesp Celular - atualmente Vivo, na web e a TV Bandeirantes e a TV Gazeta, controlada pela Fundação Cásper Líbero, na televisão.

O jornal passou pela crise e uma drástica reestruturação nos últimos anos.
Tinha uma tiragem de 70 mil exemplares de acordo com levantamento do IVC de julho/2007.

Em 25 de maio de 2009, Nelson Tanure anunciou que devolveria a administração do jornal aos proprietários anteriores, não se responsabilizando mais pela publicação a partir de 1 de junho.
Alegou que herdou dívidas de mais de 200 milhões de reais em processos trabalhistas.

Dessa forma, a última edição do jornal foi a de 29 de maio de 2009.

O grupo português Ongoing negou interesse em comprar o jornal "porque o título tem uma dívida muito grande", mas animou-se com a possibilidade de ingressar na imprensa econômica brasileira, aproveitando o vácuo deixado pela interrupção.

O grupo Ongoing estreou o jornal Brasil Econômico em 8 de outubro de 2009.

domingo, 18 de abril de 2010

E QUEM PROTEGE A ROCINHA DA BARRA DA TIJUCA?

Por Laerte Braga*



Douglas Dique Carnicelli Júnior, filho de um empresário da Barra da Tijuca, 28 anos de idade, nunca trabalhou a bem dizer. Vive de viagens ao exterior, mora num condomínio fechado. Em tese é importador de peças de automóveis importados.

Na realidade é traficante e abastece a favela da Rocinha no Rio de Janeiro. Foi preso sexta-feira pelo delegado Fábio Pacífico da Delegacia de Repressão a Crimes contra a Saúde Pública quando ia encontrar-se com o traficante Antônio Francisco Bonfim Lopes, o “NEM”.

Estava com três mil pontos de LSD em seu carro e em seu apartamento de alto luxo num condomínio na avenida Flamboyant, na Barra, a Polícia apreendeu um quilo e meio de cocaína.

O delegado Fábio Pacífico disse a jornalistas que Douglas “é o atacadista que fornece a droga para as vendas no varejo.”

Há anos atrás o ex-jogador Zico e um grupo de moradores da Barra da Tijuca conseguiram um referendo para tentar dividir a cidade do Rio de Janeiro em vários municípios. A idéia foi rejeitada nas urnas, mas Zico falava muito do comportamento das pessoas e da segurança pública, afirmando que a Barra sem estar dentro do município do Rio de Janeiro, teria condições de livrar-se da violência.

Não está livre nem da violência e nem de Zico.

Está recheada de Douglas.

Há pouco mais de um ano jovens moradores de outro condomínio saiam às ruas para “exemplar” mulheres de conduta duvidosa (a juízo deles). Quando as encontravam, em nome da sociedade cristã e democrática, aplicavam-lhe uma surra, tomavam os seus pertences e com o produto do trabalho dessas mulheres compravam a droga de cada dia.

Presos, o pai de um deles alegou que seu filho não poderia ficar na mesma cela que criminosos comuns, pois além de estudante de direito “foi criado num ambiente familiar saudável, num condomínio onde tinha tudo o que precisava”.

A moça em questão, a tal de “conduta duvidosa” era uma faxineira. Limpava as casas e apartamentos dos condomínios.

O diretor do programa BBB, exemplo de uso da televisão para fins educativos, formação de caráter, etc, o tal Boninho, juntava-se a amigos no apartamento da freira Narcisa Tamborindeguy, para da janela jogar água suja em mulheres que ao talante deles tinham “conduta duvidosa”. Narcisa ia mais além, em quem ela julgava feio.

E agora? Quem vai proteger a Rocinha da Barra da Tijuca?

Construir muros para evitar que os criminosos dos condomínios tenham rotas de fuga?

A propósito, o que seria “conduta duvidosa”? Não assistir igual a pateta a GLOBO o dia inteiro? Não ficar de joelhos à hora do JORNAL NACIONAL e agradecer as revelações do enviado divino William Boneer? Sair de casa gritando que “Bonner é o nosso Deus e Arruda/Serra nosso profeta?

Adorar durante uma hora por dia Miriam Leitão, Alexandre Garcia, Pedro Bial, Lúcia Hipólito, seria esse um procedimento de penitência para purgar pecados e condutas duvidosas?

Ler VEJA todas as semanas em posição de oração, a FOLHA DE SÃO PAULO todos os dias e uma vez por semana tomar a bênção de D. Pedro no ESTADO DE SÃO PAULO?

O governador Sérgio Cabral, para ser justo, precisa criar uma comissão que estude providências imediatas para isolar os condomínios de Barra e proteger a Rocinha, antes que a população fique em pânico com a violência salvadora desse bando de sacerdotes que leva a cachorrinha ao cabeleireiro de helicóptero, que joga água suja em quem tem “conduta duvidosa”, ou em quem é feio a critério da sóror Narcisa Tamborindeguy.

Muro é a solução que normalmente adotam. Aqui, na Palestina, na fronteira do México com os EUA para evitar que mexicanos entrem no império e contaminem os atiradores de elites que matam pelo menos uma vez por semana num rito da libertação e purificação

Ou quem sabe pedir ao “Congresso” de Miami, sede do governo da Barra da Tijuca, que decrete a intervenção e garanta a atitude com mariners?

Bases militares nos estacionamentos de shoppings para ajudar no combate às drogas?

É possível que alguma usina nuclear do Irã esteja escondida num desses condomínios e agentes do demônio iraniano possam estar construindo uma bomba destruidora de efeito mundial. Ou camponeses do MST em apartamentos grilados pela CUTRALE. Ou palestinos esperando a chegada de Osama bin Laden para planejar um novo ato de “terrrorismo”.

Aposto que se o delegado Pacífico for longe na história vai terminar no prédio sede dessas máfias todas, em São Paulo, o esquema FIESP/DASLU. É onde ocorre aquele negócio clássico do se gritar “pega ladrão” sai todo mundo correndo.

Só não pode abrir a porta dos fundos do gabinete de Gilmar Mendes. Vai morrer com a avalancha de habeas corpus a banqueiros, empresários e latifundiários e verbas que chegam por baixo dos panos naquela de fundar um instituto de direito. Eraldo Pereira o jornalista da GLOBO que Gilmar contratou deve ser o “contador.”

Mas e a Rocinha, como é que fica? Indefesa diante da Barra da Tijuca?

*Laerte Braga é jornalista. Nascido em Juiz de Fora, onde mora até hoje, trabalhou no “Estado de Minas” e no “Diário Mercantil”.

TRAGÉDIA DE ABRIL DE 2010, NO RIO DE JANEIRO

Sete perguntas sobre a chuva no Rio

1- Quando acabou a escravidão (no famoso 13 de maio) para onde foram mandados os escravos agora libertos?

2 - Quem inventou as favelas no Rio, no Brasil, na América Latina, no mundo?

3 – Se tivesse sido feita, desde há 120 anos atrás, a Reforma Agrária, quantos milhões de pessoas morariam no campo ao invés dos morros ou lixões do Rio?

4 – Por que ¼ da população do Rio “quer” morar em favelas?

5 – Quais alternativas foram apresentadas, nos últimos 50 anos para deixar a favela? Qual plano de construções populares, construídas a menos de um quilômetro da favela a ser removida? Qual o valor da mensalidade a ser paga até resgatar o total do valor da casa em 30 anos? Qual a relação deste valor com o salário do morador removido?

6 – Por que as pessoas “escolhem” morar em barracos em cima de barrancos ou na beira de córregos poluídos e em situação de risco?

7 – Por que as pessoas das favelas teimam em não querer mudar de lugar de moradia?


Estas perguntas foram tiradas do sítio www.piratininga.org.br , um núcleo de comunicação de mídia independente. Sugerimos que ao lerem as perguntas, reflitam sobre elas e busquem por seus próprios meios as alternativas de respostas. Boa reflexão.

sábado, 10 de abril de 2010

Menos um fascista na África do Sul. E no Rio de Janeiro?



Esta imagem acima é do funeral de Eugene Terreblanche, líder rascista morto há dois dias, membro do partido AWB, pró apartheid da África do Sul. Reparem nos símbolos das bandeiras e das mãos estendidas à direita, que lembram tempos sombrios vividos neste mundo há pouco.

Quando eu olho para a África do Sul e volto meus olhos para o Rio de Janeiro e vejo muros sendo levantados para esconder a favela, quando vejo a tentativa massiva de criminalizar a pobreza, quando ouço discursos fascistas de que a culpa da tragédia recente que se abateu no Estado é do favelado que ocupou as encostas de maneira irregular... temo. A onda fascista pode atravessar o atlântico como em outros tempos nada remotos.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

O Juízo Final ou a Seleção Natural, alguém terá que dar conta disto!

http://mais.uol.com.br/view/gce2c85st888/em-caruaru-susana-vieira-diz-em-que-esta-na-selva-04029A3968C8C98326?types=A

Com absoluta exclusividade o blog Vozes da América conseguiu captar um áudio de uma das mais difíceis abstrações, que embora seja raro sua gravação, é cada vez mais corrente em nossa sociedade "sapiens sapiens"... a imbecilidade humana. Todos os pesquisadores sabem de sua existência, todos nós conhecemos de perto um imbecil, mas poucos conseguimos um áudio tão explícito e perfeito. Aos que forem abrir, sugerimos que retirem de perto do computador as crianças, os idosos, os cardiácos e os epiléticos, pois o texto-flagrante é muito forte.

Obs.: Esta gravação foi feita em Pernambuco. Para apresentar a "Paixão de Cristo", Susana Vieira diz que se sente na selva em Caruaru, após se machucar com um tronco de uma árvore "que está seca há mais de cinco mil anos".

Em tempo: Se Jesus Cristo existiu e, consequentemente ele for filho de Deus, suponho que nem sua mais decantada compaixão perdoará tamanha aberração de uma das espécies que o Criador mais se gabaria de ter criado.

Em tempo 2: Onde está Darwin para explicar cientificamente a razão de a evolução das espécies não ter feito um filtro natural nesta senhora que envergonha a raça humana. E a seleção natural Darwin?

Em tempo 3: Se esta senhora-aberração for cristã, me parece que não entendeu nada sobre o que foi representar em Caruaru sobre a "paixão de Cristo".

Em tempo 4: Por que este graveto que a senhora-aberração cita errou o buraco?

Em tempo 5: A senhora-aberração fala em inteligência. Será que ela sabe o que está falando?

A ignorância deve ser combatida e o preconceito também


Vozes da América presta serviço a "grande imprensa" fascista.
Os sítios acima mostram mapas do município do Rio de Janeiro e visa ensinar para a mídia aquilo que ela insiste em não aprender.
Na visão dela, a catástrofe que a cidade vive e que até agora já apresenta 100 mortos se deu: 1."ZONA SUL" - insistentemente aparecem imagens da Lagoa, do Canal de Alah, do Túnel Rebouças, da orla de Ipanema e do Leblon;
2. "ZONA NORTE" - Tijuca e Grajaú? No máximo o Maracanã;
3. "ZONA OESTE" - Barra da Tijuca e Recreio???
4. "ACESSOS" - Av. Brasil, Linha Amarela e Linha Vermelha.
Esta é a cidade do Rio de Janeiro para a imprensa e nem isso para o Manoel Carlos! Algumas dúvidas me saltam: Será que a zona norte de fato e a zona oeste de fato foram submersas pelas chuvas e hoje habitam o mesmo ponto perdido no Oceano que a lendária Atlântida, por isso não são noticiadas? Será que os helicópteros não chegam a lugares como Oswaldo Cruz, Madureira, Marechal Hermes, Campo Grande, Santa Cruz...? Ou lá não choveu? Ou lá pouco importa?
De qualquer forma nossa contribuição é indicar os mapas acima e apontar o geografia da cidade para os ignorantes e para os preconceituosos.
http://www.cederj.edu.br/atlas/rio_janeiro_tab7.htm Este sítio mostra pessoas não alfabetizadas entre 35 e 39 anos pela cidade e talvez explique as razões de ocultação geográfica da mídia.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Memórias de uma pedra

Eu não sei bem quando nasci, mas parece que na última sexta-feira, 02 de Abril , alguns cientistas reproduziram meu nascimento em laboratório, naquilo que ficou conhecido como “big bang”, fato que no mínimo questiona a ideia dos humanos de existir um Ser supremo criador de tudo, inclusive de mim.
Ao longo da história fui arma e fui devoção. Servi a vários povos como instrumento de exércitos, arremessada por braços fortes ou por tecnologias como atiradeiras ou catapultas. Fui ligação entre os homens e seus deuses e depositada em oráculos como se divindade eu fosse.
Fui brincadeira de criança, de jogo de amarelinha a resta um e ai ganhei o bucolismo que sinto saudades enquanto os desgastes de meus grossos cascos se acumulam nos cantos por onde passo.
No Brasil, aceitei o papel de coadjuvante para as frágeis garrafas de vidro, quando o povo foi às ruas protestar contra o Imperador D. Pedro I na “noite das garrafadas”. Mas fui preponderante nas manifestações estudantis das décadas de 60, 70 e 80 no mundo todo e me realizava quando me arremessavam nas portas do Mac Donald’s ou na embaixada dos EUA e, no estilhaçar dos vidros no chão, delirava ao ouvir os gritos racionalmente ensandecidos da juventude que acreditava transformar o mundo. Fui várias vezes arremessada nos carros de reportagem da Globo, n0 final da década de 80 aos gritos de “o povo não é bobo, abaixo a rede globo”.
Fui protagonista de poeta que me viu no meio de caminho e teve a honradez de não me chutar. Fui tema de movimento musical de uma juventude que não via razão de deixar pedra sobre pedra em era de guerra fria.
Mas desde os primórdios, quando a fricção entre duas de mim atiçavam o fogo, até hoje, de tudo que vivi e representei, o que mais me dói é ser símbolo de um povo que ninguém escuta. É ser a “bandeira” de uma nação sem pátria, é viver vendo outras de mim desabar no formato de casas que já não mais protegem, são escombros. È estar nas mãos de uma criança que me segura com um ódio ancestral e não a um lápis para escrever a história de um povo que de tanto amar, se reconhece, se admira, se cultua... Palestino.

sábado, 3 de abril de 2010

Ou o mundo ou eu... Não sei quem enlouqueceu primeiro.


Este rapaz ao lado é um morador de rua no Rio Grande do Sul e foi pichado na madrugada de sexta-feira, 02 de Abril, também conhecida pelo cristianismo como "sexta-feira santa". Este homem não tem nome, não tem rosto, não tem importância. Serve inclusive de privada para quem quiser urinar nele depois de devidamente pichado é claro.
Mais um "pequeno incidente", que se juntará ao assassinato do Índio Galdino por jovens de classe média de Brasília ("foi por brincadeira, pensamos que era mendigo", disseram os bandidos de costas largas da capital federal) e a surra na empregada domésticas por jovens de classe média na Barra da Tijuca no Rio de Janeiro ("foi brincadeira, pensamos que era uma prostituta", disseram os fascistas da antiga capital).
Que mundo é este que vivemos? Como será para os que virão depois de nós? O que leva jovens financeiramente bem nascidos a alimentarem um ódio social-racial-étnico?
Eu tenho minhas respostas e você? Escreva. Mova-se. Indigne-se. Caso contrário a loucura global acaba te enlouquecendo também e te infectando com a mais letal de todas as doenças, a indiferença.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Brincadeira ou agressão?

O Vozes da América reproduz abaixo uma nota do SEPE, Sindicato Estadual dos Profissionais de Ensino que nos trás algumas reflexões: imprensa livre é independência de grupos financeiros; a criminalização do professor sem direito a defesa; o papel sensacionalista da imprensa mercantil... mas sobretudo, dá uma outra visão de um episódio que foi vendido como "agressão", será?


Nota da Regional VII sobre o episódio da Escola Municipal Cuba

Nos últimos dias, a mídia tem dado grande destaque a um episódio ocorrido entre um professor da Escola Municipal Cuba e uma aluna. O que mais nos chamou a atenção foi o caráter sensacionalista da matéria: um professor teria agredido uma aluna na sala de aula com um apagador. A imprensa, a nosso ver, segundo as próprias chamadas nos jornais e televisão, já teria antecipadamente julgado e condenado o professor como se criminoso fosse, um grande facínora. E aí nós perguntamos: qual deve ser o papel da imprensa? Para construirmos um país verdadeiramente democrático precisamos de uma imprensa que seja de fato livre. Livre para bem informar, ter um caráter investigativo, ser isenta, ter compromisso na criação de uma sociedade mais justa e denunciar as mazelas que existem num país como o Brasil. Infelizmente não é o que vemos ultimamente a grande imprensa, dita livre e “imparcial”, fazer. O que temos notícia é de uma imprensa que desinforma, mistifica, prejulga, aliena e que não tem interesse em de fato informar, mas vender jornal, atender aos interesses meramente mercantis. Produzir matérias que possam vender mais e mais jornais. Sem a preocupação em apurar os fatos, mas imputar crimes a pessoas e instituições.

Isto fica muito claro no episódio acima citado envolvendo o profissional de educação da Escola Municipal Cuba. E isto faz parte de todo um processo – que já vem de algum tempo – de criminalização do profissional de educação, em especial do professor, de culpabilização do mesmo por todos os problemas que existem na tão combalida educação em nosso país. A grande imprensa serve aos interesses dos poderosos e dos governos e de todos que tencionam acabar com a educação pública e tornar este direito sagrado para todo o cidadão brasileiro numa mera mercadoria que possa dar lucros. Não vemos da mesma imprensa a preocupação em retratar e denunciar as omissões e descasos das autoridades em relação à educação pública, do seu abandono, das condições de trabalho dos profissionais de educação, que estão entregues ao “deus-dará”, em sala hiperlotadas, sem um mínimo de infraestrutura para desenvolver um bom trabalho pedagógico, com salários aviltantes que levam o professor a uma pesada carga de trabalho semanal, e que leva a um esgotamento físico e psíquico, quando não à doença e à morte prematura. É mais fácil a essa imprensa e àqueles a quem ela serve responsabilizar o professor por carências que na verdade são estruturais e que passam longe de ser culpa do professor. A imprensa é formadora de opinião, e, neste sentido, o que vemos é um total descompromisso com a sociedade civil, de cobrar dos nossos governantes o cumprimento do dever do Estado para com a educação pública, de qualidade, laica e de caráter universal. Há que se ter mais responsabilidade na apresentação de fatos que podem afetar a imagem pública de pessoas e de instituições, como, por exemplo, acontece quando temos a cobertura de movimentos de greve dos profissionais de educação e de outras categorias profissionais que são apresentados como os culpados pelo estado de caos que tomou conta do serviço público. Serviço público, que atende principalmente às camadas mais humildes da população, que precisam mais dele, e que é cada vez mais sucateado pelas autoridades que vêm se sucedendo nos últimos anos. O que nós, profissionais de educação, exigimos e merecemos da sociedade e da imprensa que dela faz parte, é maior respeito pela figura do professor, pois sem ele não se poderá construir de fato soberana, independente, desenvolvida e verdadeiramente feliz para todos que dela fazem parte.

Estrada do Galeão, 2715, sala, 205, Ilha do Governador
endereço eletrônico: seperegional7@ibest.com.br

sábado, 20 de março de 2010

ATENÇÃO: MALUF PODE ENFIM SER PRESO EM 181 PAÍSES (menos no Brasil)

Maluf é incluído em lista da Interpol por desvio de dinheiro da prefeitura de SP




Agência Brasil
Publicação: 19/03/2010 20:17 Atualização: 19/03/2010 20:36
São Paulo – Acompanhado por duas fotos e com um alerta de “procurado”, o nome do deputado federal Paulo Maluf (PP-SP) aparece desde o ano passado em uma das páginas da Interpol, a polícia internacional. Maluf aparece no site da Interpol integrando a chamada “difusão vermelha”, que seria uma espécie de alerta máximo e que significa que o deputado não poderá se deslocar para um dos 181 países integrantes da Interpol sob risco de ser preso.

A ação que desencadeou a inclusão do nome de Maluf na Interpol é da promotoria criminal de Nova York (nos Estados Unidos) que acusa o deputado de ter participado de uma conspiração para roubar dinheiro da prefeitura de São Paulo, crime que teria tido início em janeiro de 1993 quando Maluf foi eleito prefeito. Em Nova York, Maluf é acusado de conspiração em quarto grau, ocultação de valores desviados e de roubo de dinheiro do município.“Os conspiradores engendraram um esquema de superfaturamento e de propina envolvendo a construção municipal de uma avenida arterial em São Paulo conhecida como projeto da Avenida Água Espraiada” (atualmente chamada de Jornalista Roberto Marinho), diz documento assinado pelo promotor norte-americano Robert Morgenthau. O esquema teria funcionado com participação de empresas brasileiras de construção, com utilização de faturas superfaturadas.Segundo Morgenthau, Maluf teria transferido os “recursos roubados” da prefeitura da capital paulista para uma conta em Nova York, que recebeu o nome de Chanani. De lá, o dinheiro teria seguido para uma conta bancária nas ilhas de Jersey. O promotor norte-americano também acredita que o dinheiro aplicado na conta bancária de Nova York tenha retornado ao Brasil para comprar artigos pessoais e pagar despesas relativas a campanhas políticas brasileiras, entre elas, a do ex-prefeito Celso Pitta, que administrou a cidade entre 1997 e 2000.“Ele não é preso no Brasil porque deveria haver um pedido de extradição da Justiça de Nova York para o Brasil. Mas ele não pode ser extraditado porque a Constituição brasileira proíbe a extradição de brasileiro nato”, explicou o promotor do Ministério Público de São Paulo Silvio Marques. O promotor acredita que Maluf tenha desviado US$ 166 milhões dos cofres da prefeitura para a sua empresa, a Eucatex.Segundo o sítio da Interpol, pesam contra Maluf acusações de fraude e roubo. Além do deputado, também é “procurado” pela Interpol o seu filho Flávio Maluf.Os advogados de defesa do deputado suspeitam de que a denúncia possa conter alguma influência política, já que Maluf aparecia no sítio da Interpol há pelo menos seis meses e o fato só foi divulgado agora, próximo das eleições. O promotor negou influência política. “Não se trata de perseguição política e sim de um processo criminal em razão dele ter cometido crimes nos Estados Unidos. Até porque não haveria motivo nenhum para a promotoria de Nova York estar perseguindo o ex-prefeito que lá não tem nenhuma influência política”, disse Marques.O promotor também negou que a ação tenha sido uma forma de represália contra Maluf, que é autor de uma lei apelidada de “mordaça”, que está tramitando no Congresso e que defende multa ao promotor que esteja agindo politicamente num processo. O projeto deve ser votado na semana que vem.O advogado Mauricio Silva Leite, um dos cinco defensores do deputado no caso, diz que uma ação já foi impetrada no início de fevereiro tentando anular a ação. “Considero esse ato uma violência, uma afronta à soberania do Brasil e uma afronta também ao Congresso Nacional. Seria mais ou menos um promotor estadual de Santa Catarina ou do Acre mandar uma ordem para a polícia internacional para criar uma restrição para um congressista americano. Para mim isso é uma ilegalidade”, afirmou.Além desse processo que corre na justiça de Nova York, Maluf também está sendo investigado em dois processos que correm atualmente no Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo Silvio Marques, nos processos que correm no Brasil o deputado é acusado de corrupção e de lavagem de dinheiro.
A matéria acima fora extraída do Jornal Correio Braziliense de 19 de Março de 2010. Abaixo um pequeno comentário do "Vozes da América".

Obs.: Até a imprensa burguesa, que financiou Maluf várias vezes, teve que se render ante ao óbvio. A questão é que este bandido é tratado como "Vossa Excelência", "o Deputado Federal"," o ex-prefeito de São Paulo", "o empresário dono da Eucatex"... E isto por que roubou milhões de dólares de DINHEIRO PÚBLICO, que ajudaram a matar muitas pessoas vítimas da falta de verbas em hospitais públicos, que contribuíram para a falta de merenda e de professores nas escolas públicas. Este bandido, não é tratado assim pela imprensa que o fez. Enquanto isto, no país da aberração, uma senhora presa por roubar margarina e um supermercado, continua detida após um ano de cárcere e é tratada, assim como as milhares de CRIANÇAS abandonadas, como "trombadinha", "bandido", "marginal"...

Aonde está a malufista assumida Hebe Camargo ??? Que cansou de usar seu "programa" (com o perdão da expressão) para "exigir das autoridades a diminuição da maioridade penal" sempre que um adolescente pobre ou criança miserável cometia algum tipo de crime, bárbaro ou não? Aonde está o Cansei, grupo fascista de São Paulo, que conta com a citada apresentadora, com a Ivete Sangalo (apologista da pedofilia), com a Regina Duarte e outros e outras escórias da sociedade. E por falar em pedofilia onde anda a Igreja Católica que apoiou Maluf em vindouros tempos em São Paulo? Apareçam, mostrem suas caras sem a máscara que os caracterizou em épocas de vacas gordas.

Mídias alternativas

A busca por informação é uma necessidade básica do nosso tempo. O problema é que o monopólio dos meios de comunicação pertence a dois, três impérios no Brasil e no mundo, fato que nos deixa soterrados de UM só tipo noticiário, os mesmos que criminalizam o pobre e a pobreza, se negam a discutir seriamente o aborto e a pena de morte, pois sabem que as soluções fáceis viram bandeiras fáceis para justificar o fascismo social crescente, que vê alma em feto mas não vê alma em marginal, que prega o extermínio da favela por considerá-la um nicho da marginália e isolam a favela com muros de "contenção sonora". Para driblar esta unilateralidade da informação que na melhor das hipóteses nos emburrece, o sítio http://www.vozesdaamerica.blogspot.com/ vem sugerir alguns endereços de mídias alternativas que, vale lembrar, não dizem "a verdade", mas sim outras versões diferentes das versões banalizadas pelo monopólio de mídia.
0. www.carosamigos.com.br - Revista mensal com uma visão assumidamente de esquerda.
1. http://diplo.org.br/ - Sítio do Le monde diplomatique no Brasil
2. http://www.granma.cu/ - sítio do Jornal cubano Granma
3. http://www.transparencia.org.br/index.html - Sítio sem conotação de esquerda, mas que se pretende ser um fiscalizador do dinheiro público, apresentando todas as contas dos deputados e senadores, prefeitos e governadores.
4. http://www.cartamaior.com.br/ Sítio da revista semanal Carta Capital, que tende a mostrar os dois lados da história, pois tem articulistas à esquerda e à direita.
5. http://www.anovademocracia.com.br/ Sítio de esquerda, mas não ligada a nenhum partido político.
6. http://www.pstu.org.br/ Sítio ligado ao partido Marxista Trotskysta PSTU
7. http://www.pcb.org.br/ Sítio do Partido Comunista Brasileiro
8. http://www.adital.com.br/ Sítio de informações sobre a América Latina
9. http://www.ezln.org.mx/ Sítio do Movimento Zapatista do México
10. http://www.josemartirj.webnode.com/ Sítio da Associação Cultural José Martí, casa de amizade Brasil-Cuba.
11. http://www.cecac.org.br/
12. http://www.pcv-venezuela.org/ Sítio do Partido Comunista da Venezuela
13. http://www.neruda.uchile.cl/ Sítio da Universidade de Chile sobre Pablo Neruda, pois sem poesia não haveria vida.
14. http://www.releituras.com/ Sítio para quem gosta de cultura
15. http://www.fundacionneruda.org/ Sítio da Fundação Pablo Neruda.
16. http://www.wallacecamargo.blogspot.com/ EXCELENTE!!!
16. Outras possibilidades interessantes:
a) Blog do Emir Sader
b) Blog do Juca Kfouri
c) Agora é a sua vez! Vá além do MSN e do Orkut, busque. Leia. "Navegar é preciso, viver não é preciso"

Boas leituras!

Greve, uma necessidade dos trabalhadores, um instrumento contra as elites!

O que move a sociedade, em qualquer tempo histórico, é sua capacidade de se indignar frente as injustiças. Mas, cabe dizer sobretudo aos mais jovens, que a mera discordância solitária, não passará nunca de uma crise individual e, portanto, não irá contribuir efetivamente para a mudança daquilo que se acha injusto.
Digo isto por trabalhar com jovens de várias tonalidades da classe média, alta, baixa, baixíssima e "todos" compram a ideia maldosa e geral dos veículos perversos de comunicação de massa de que greve é um atraso, "prejudica o desenvolvimento", "retarda o MEU curso e portanto a MINHA formação acadêmica", "prejudica o doente nos hospitais", "atrapalha os serviços prestados", e por aí vão as doses cavalares de ideologia que a burguesia usa para convencer a sociedade que a greve é um problema.
Ora, me parece fácil entender as razões da burguesia se dividirmos suas preocupações em duas: A primeira vou chamar de "imediata". Como são donos dos meios de produção, verem emperradas suas máquinas significa ausência de lucro, pronto! Mexeu com a parte mais sensível do empresário, quase sempre um ser insensível. Por que deveria me preocupar com o trabalhador, sua mulher e seus filhos, suas necessidades básicas, sua fome, se devo me preocupar com minhas lanchas, meus carros, minha casas e minha conta bancária alta?
A segunda preocupação da burguesia chamarei aqui de "manutenção do status quo". Essa é muito mais grave do que a primeira, pois mexe com a condição de estado, com a permanência do sistema opressivo que ela montou e que as greves, se constantes e articuladas podem vir a desmontar. As elites sabem que seu sistema funciona de cima para baixo e que, a parte governante é ínfima se comparada ao restante da sociedade. Por isto seus aparelhos ideológicos (TV, jornais, internet, rádios...) estão sempre a serviço da manuteção da ordem (status quo) e a ideia de menosprezar, ridicularizar, criminalizar as greves e outras manifestações populares faz parte da grade diária das mais diversas mídias.
Portanto, caros amigos, pensem duas vezes ao repreender uma greve como por exemplo nas Universidades públicas, geralmente sob o argumento de que "vai atrasar meu curso
", uma vez que se não fossem elas, as Universidades Públicas já teriam fechado e/ou sido privatizadas há muito tempo como estava previsto na arquitetura do "Plano MEC-USAID" nos ventre da ditadura militar brasileira, que redirecionou verbas públicas para o ensino privado, minimizou a escala risível o investimento na área de humanas, privilegiou o ensino técnico no estilo fordista em detrimento do ensino universitário, retirou das grades das faculdades de medicina, enfermagem... a disciplina sociologia, diminuiu os tempos de história e geografia do ensino médio e criou a maldade da tal "educação moral e cívica" para exaltar o sistema autoritário do pós 64. E isto, vale lembrar, com total apoio material e imaterial dos EUA, afinal o plano leva a assinatura de Tio Sam "Usaid". Mas por favor não pensem que esta política ficou nos idos dos anos 60 e 70, pois desde a Era Collor, com a benção dos EUA agora travestidos de Consenso de Washington, o neoliberalismo brasileiro voltou suas cargas e seus ódios contra os nossos mais caros bens públicos e de novo a condenação da universidade, da saúde, se ancorou nas Puc's, estácios, FGV's, ESPM's ou nas Unimed's, Golden Cross, Bradesco... O mestre do neoliberalismo brasileiro, Fernando Henrique Cardoso, que vendeu quase todas as nossas riquezas, foi o sucessor do mal sucedido Collor e há 8 anos Luis Ignácio de maneira mais sútil e dissimulada que FHC, vem dando sequência a política neoliberal, como por exemplo as vagas nas universidades privadas bancadas pelo governo chamadas de Prouni, ao invés de abrir novas vagas nas Uniersidades Públicas.
O que temos que ponderar é que país queremos, para quem queremos e para que queremos. E se vocês forem na montagem da estrutura colonial brasileira, verão que pouca coisa basilar mudou: continuamos latifundiários, dependentes do capital externo, governados por uma minoria com o rabo preso no eixo Europa e EUA, e de certa maneira, escravistas. Penso que o que nos falta é "raiva"! Penso que o que nos falta é canalizar esta raiva, esta indignação e voltarmos para as ruas, exigindo nossos direitos fundamentais e derrubando as estruturas carcomidas do velho colonialismo que insiste em se reeditar a cada governo com a capa das velhas novidades.

Greve de Professores em São Paulo

Este blog, humildemente pois sabe de sua força e abrangência, apóia os bravos professores paulistas que estão em greve há 12 dias. As reivindicações são tão velhas quanto o descaso do poder público paulista com a educação: salário, condições de trabalho, jornada de trabalho, aprovação automática para fazer crescer os números do Estado a maquiar que as coisas vão bem... A novidade, e infelizmente em nosso tempo isto é raro, é que as ruas voltaram a ser palco de grandes manifestações contra o Governador José Serra, isto mesmo, aquele que pretende ser Presidente da República a partir de 2011. As imagens dos grevistas nas ruas me tomaram e, agoram, me ajudam a teclar estas linha em total solidariedade a greve dos professores. Abaixo reproduzo uma carta retirada do sítio do sindicato dos professores de São Paulo sobre a greve, http://apeoespsub.org.br/, boa leitura.


CARTA ABERTA AO SR. GOVERNADOR JOSÉ SERRA,
PREZADO SR.,
Começo a me questionar, enquanto Educadora da Rede Pública do Estado de São Paulo, há dezessete anos, como conseguimos chegar a tamanho descaso e desconsideração com a Educação num momento tão decisivo para a história do país de crescimento acelerado quer econômica ou culturalmente falando.
Não consigo entender tamanha raiva e falta de diálogo que caracterizam o governo do Estado de São Paulo quanto à figura do professor.
Sinto um enorme pesar no tratamento a nós dispensado e não vejo motivo para tal.
Pergunto-me constantemente o que teria acontecido ao nosso governador atual, para deter sentimentos tão mesquinhos para com a nossa categoria.
Qual não foi meu espanto ao ser informada de que a mãe de nosso governador também exercera a nossa profissão, mas acredito que em momentos melhores do que estes por nós vivenciados.
Será que terá sido o fato de a mãe do candidato ter sido professora e seu tratamento com o filho ter sido tão traumático assim, a ponto desse trauma ser transferido a categoria inteira? Mesmo que fosse verdade, não haveria justificativa para generalizar toda uma categoria, na pior das hipóteses. Terá sido uma professora tradicional e autoritária do tipo “era da palmatória”?
Não sei o que causa tanto rancor para conosco, poderíamos justificar esse desdém psicologicamente falando como traumas da infância ou adolescência, ou ainda, o que seria mais verossímil, uma simples apatia ao grupo de servidores públicos em geral.
Por favor, entenda como um desabafo de alguém que não só fala em nome da categoria, mas que pretende que estas mal traçadas linhas possam levar à reflexão do nosso lado, dos conflitos que afligem a categoria e dos esforços que fazemos para superá-los, a fim de cumprir nossa missão.
Ao governador quero reiterar que os tempos passaram. Nós, da Educação acompanhamos essa mudança, nos atualizamos, já não há mais “palmatória”, hoje o cerne de nossa profissão está centrado no aluno e na qualidade de sua aprendizagem. A formação plena do educando enquanto cidadão consciente e participativo na sociedade a qual pertence.
Pode parecer que não, mas a nossa categoria entendeu a mudança e não se negou a aceitá-la, inclusive as Propostas Curriculares implantadas pelo governo, apesar de o Currículo Unificado ser tão criticado por parte dos grandes estudiosos educacionais da atualidade.
Contudo, não resistimos à mudança, oferecemos sim uma oportunidade a ela de melhoria à Educação, conforme preza toda a nova proposta curricular, mesmo que a mesma não seja tão boa quanto pretende-se que seja.Não teríamos direito à consideração e valorização como um todo?
Por que, para tal, precisamos fazer uma “provinha” para ter direito a algo que já é nosso por direito, pois todas as categorias têm direito aos reajustes de perdas salariais. Não é uma recusa nossa o fazer a prova, mas sim a maneira como essa prova é imposta a nós como recompensa pelo que já é nosso.
Em que momento nossos governantes são avaliados para confirmar sua competência em nos liderar?Vivemos períodos incertos, inseguros e de constante mudança, mas, com certeza, governador, seu grande inimigo não é o professor, assim como também não somos seus grandes fãs, pois precisamos de governantes abertos, flexíveis e que saibam ouvir a população e dialogar com ela, não um candidato tão fechado, sem diálogo algum e sem respeito ao funcionalismo público.
Reforço aqui que a grande diferença entre o reino animal racional e o irracional é justamente a habilidade de dialogar. Assim sendo, deixo aqui meu apelo ao governador que tente dialogar com a massa, conversar conosco, apresentar-se a nós, pois somos parte da população que, com certeza está avaliando o governo para além das “grandiosas obras públicas” que marcam seu mandato e são veemente veiculadas na mídia para sensibilização do povo.
Não se esqueça, no entanto, que somos seres humanos complexos em nossa formação pessoal, cultural e profissional e não serão “obras arquitetônicas” que garantirão novas eleições, pelo contrário, não se esqueça o lado humano, o afetivo e o respeito ao próximo. Não gostamos de ser humilhados e distanciados de nossa participação ativa na sociedade.
Lembre-se de que a consciência política da população aumentou consideravelmente a ponto de já ser possível diferenciar campanha política de realidade social.
Aliás, não é pela força, mas pelo diálogo, pelas constantes negociações e a escuta do outro que nos leva a compreender os problemas sociais e buscar respostas a eles.
Isso sim, pode levar a mudanças profundas e efetivas, capazes de transcender as portas das escolas e garantir a formação integral do Educando.
Educando responsável pelo futuro do estado e da nação.
Educandos a nós, professores, confiados pela sociedade.
Só queremos a preservação de nossos direitos, enquanto categoria, de exercer plenamente nossa função, no direcionamento desses pequenos aprendizes para o enfrentamento da vida e vida com qualidade.
Sr. Governador, não nos impeça de cumprir nossa missão. Se possível ajudar, ajude-nos, mas não nos “sucateie” com tantos massacres e descasos.
Não merecemos isso. Já sofremos o bastante e vivemos quase à margem de uma sociedade do consumo, pois nossos salários não são suficientes para usufruirmos dos bens que estão tão em voga.
Quando pedimos reajuste salarial o fazemos porque realmente estamos com salários defasados.
Por favor, reconsidere, reavalie nossos salários e veja, no fundo de sua alma, se você conseguiria sobreviver com apenas R$ 1.400,00 por mês.
Essa é a média dos salários pagos ao professor hoje por uma média de 40 h/a.
Não estou encontrando culpados, mas apenas tentando compreender o que tem acontecido conosco e como nos deixamos afundar tanto.
Por favor, reconsidere nosso caso, reveja com carinho, pois acredito que em meio a esse coração de pedra, deva haver, um último resquício de sangue humano, correndo nas veias e capaz de compreender as dificuldades pelas quais passam seus semelhantes.
É tudo o que peço. O governo tem como ajudar sim. A Prefeitura de São Paulo, uma máquina infinitamente menor do que a estadual, tem condições de oferecer aos seus professores condições melhores, por que então, apenas o Estado não conseguiria?
Pense nisso,
A categoria agradece...Os pais agradecem...E os alunos, ainda mais....
Elisama
subsede Osasco