segunda-feira, 21 de julho de 2008

Deu na Caros Amigos de Janeiro de 2008 - Coluna "Enfermaria" de Mylton Severiano

1. As prioridades do orçamento mundial

Gastos em dólares

1º lugar - Armamentos, 80 bilhões;
2º lugar - Fumo, 40 bilhões;
3º lugar - Publicidade, 25 bilhões;
4º lugar - Cerveja, 16 bilhões;
5º lugar - Vinho, 8,6 bilhões;
6º lugar - Golfe, 4 bilhões...

Total necessário para satisfazer as necessidades elementares de saúde, educação e alimentação de todas as crianças do mundo - 3,4 bilhões!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Fonte: informe de 1995 do Unicef, órgão da ONU para a infância.



2. Energia solar para o seu lar

O sol batendo no solo da Brasil (maior nação tropical do planeta) equivale por dia à energia gerada por 300.000 usinas de Itaipu. Em termos energéticos, o babaçu do Maranhão vale uma Arábia Saudita (petróleo, esgotável em 30 anos). E o Brasil se mantém atrelado ao petróleo e às usinas hidrelétricas.

Fonte: J. W. Bautista Vidal, entrevista a Caros Amigos, dezembro de 1997.


3. Arroz com feijão

Ao contrário do que se pensa, adulto, e não criança, é o maior freguês do fast food (comida rápida). A proporção de frequentadores fica em 35% de maiores de 25 anos, para apenas 10% de menores de 10 anos. Neste tipo de alimentação faltam vitamina A, cálcio e ferro. Falta folha verde-escura e falta legume alaranjado (cenoura, abóbora).

Fonte: noticiário da TV Cultura de São Paulo, 30/10/97, 13h30; Globo Cîência nº 76, novembro de 1997.


4. Reforma agrária já! (um século atrás)

"Precisamos combater o regime capitalista na agricultura, dividir a propriedade agrícola, dar propriedade da terra ao que efetivamente cava a terra e planta e não ao doutor vagabundo e parasita, que vive na "casa grande" ou no Rio de Janeiro ou em São Paulo. Já é tempo de fazermos isso e é isso que eu chamaria de problema vital."

Fonte: Lima Barreto (1881-1922), escritor brasileiro.



Nota do Vozes da América: A coluna "Enfermaria" estrou na revista Caros Amigos em 1997 com estas curtas informações e ainda outras. Porém, onze anos se passaram desde lá e nada parece ter mudado. Tem alguém muito louco nesta história toda, não sei se o mundo com sua guinada à direita, não sei se a gente com nossa passividade mórbida ou se o autor desta coluna, Mylton Severiano, que segue chovendo no molhado. E você? De que lado está? Desça do muro! Tome partido! Mostre sua cara! Seja como for, reaja! Ainda que seja para dizer que concorda.

domingo, 20 de julho de 2008

Exército 3 x 0 Providência

Nos últimos dias muito tem se falado sobre 1968, ano em que a juventude do mundo, sobretudo no Brasil, resolveu incendiar o planeta com a fúria e indignação contra o sistema vigente no universo. Armados de utopias e ao som de músicas de protesto, os jovens brasileiros foras às ruas exigirem o fim da ditadura e a volta da liberdade de expressão.

Mas o governo militar, para acabar com o suposto plano comunista de comandar o país, criou o Ato Institucional nº5, o terrível AI-5, baixado no dia 13 de dezembro de 1968, e que permaneceu forte durante dez anos, os temíveis anos de chumbo da história brasileira. Estão sendo programados vários eventos, livros e debates para lembrar essa época em que a ditadura militar não admitia vozes contrárias ao seu governo. Enfim, para quem estiver a fim de conhecer um pouco dessa história, sugiro várias leituras, mas principalmente o livro "1968 o ano que não acabou" do jornalista Zuenir Ventura, entre tantos outros sobre o tema.

Mas já que vários ex-carbonários resolveram lembrar esse tempo de luta, quarenta anos depois, o exército brasileiro também resolveu lembrar seus tempos áureos de baionetas em punho. Nesta semana que passou, onze deles, de sentinela no morro da Providência/RJ prenderam três três jovens moradores da favela, por desacato à autoridade.

Como o superior não quis prendê-los, o oficial inferior desacatou as ordens oficiais e seqüestrou os três insurgentes favelados, e conforme ele mesmo relatou, os jovens foram entregues de presente, aos traficantes do morro da Mineira (ADA), rivais do morro da Previdência (Comando Vermelho, CV). Por isso teriam sido executados. Sei não, essa história está meio camuflada.

Pois é, o exército brasileiro (EB), quarenta anos depois resolveu dar as caras (ou armas), e terceirizou a tortura e o assassinato.

Não é a primeira vez que o EB atormenta o morro da Providência, lembram quando o quartel foi assaltado? E isso aí, orgulho ferido não se cura fácil, meu compadre...

Quer seja nos morros cariocas ou nas palafitas nordestinas, essas histórias de dor e sofrimento parece que não têm fim na vida das pessoas simples do país.

Eu só queria entender por que tanto ódio ao povo da periferia? Quarenta anos atrás, muitos lutaram por liberdade de expressão. Oras, então por quê não se expressam nesse momento?
Vamos fazer de conta que esses três jovens são brancos e da classe média. Vamos abraçar a Lagoa Rodrigo de Freitas. Chama a Hebe, a Ivete. Vamos para a Paulista. Vamos usar fitinha branca para pedir paz. Vamos criar um ONG para salvar a vidas dos pobres em extinção. Ué, cadê todo mundo porra?

"É né, quando morre pobre ninguém quer?!"

O silêncio é mais covarde e violento do que bala de fuzil.

Sei que ninguém está me escutando, mas as favelas estão sangrando e as mães choram seus filhos mortos nas vielas, abandonados pelo descaso dessa elite que segura a baioneta, e finge que não vê, mesmo quando o sangue escorre sobre seus pés.

Não tenho tempo para orações, esse país nem cristo salva.

*Obs. minha caneta está carregada até a boca.


Texto extraído do jornal Le monde Diplomatique - Brasil
escrito por Sérgio Vaz.
Agradecimento especial ao amigo e aluno Marcus Paulo Rossi, que faz parte de uma geração que ainda sonha e não se conforma.

Esperança a Última que Morre!

A espera de um milagre,
Para que minhas esperanças,
Não esvaiam-se em desgosto!
Como esses fétidos esgotos,
Que é a ambição pelo poder,
Que nós humanos tanto almejamos...

No mundo de injustiça
Pregam a ignorância,
E a consciências do mundo
Gostam de ver morrendo...
As ideologias esvaem-se, morrem lentamente,escondida por panos quentes...

Cadáveres aos montes!
De mente morta, só vagam...
A juventue encurralada, incompreendida pelo mundo que os engolem tentando calá-los!
Como acreditar em mudanças?

Acho que não sou daqui!
Minhas esperanças sangram...
Mas hei de continuar acreditando, que um dia há de mudar esse mundo infeliz...
E se antes eu morrer,
Não sentirei desgosto, por não ver meus sonhos realizarem-se...
Se algo existir além da morte,
Continuarei a sonhar, acreditar no mundo perfeito!
Mas se nada existir,
Hei de me libertar das sujeiras, de uma sociedade injusta!

Marla Brück, estudante, faz parte de uma nova geração que ainda sonha e não se conforma. Que venha seu futuro.