sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Caros Amigos: Uma voz diferente!

Sem mais delongas

Não dá mais para adiar: o Brasil precisa enfrentar e desmontar
o oligopólio da mídia. Já está claro, para boa parte da sociedade,
que o aperfeiçoamento e o funcionamento da democracia
– mesmo nos marcos do capitalismo – pressupõem a democratização da comunicação social.

O modelo vigente de concessões da radiodifusão possibilita a
concentração de emissoras de rádio e TV nas mãos de alguns poucos grupos empresariais, os quais controlam a informação, restringem a liberdade de expressão, influenciam decisivamente na vida cultural, política e social do povo brasileiro. Mais do que isso: o atual sistema burla a vontade popular expressa na Constituição de 1988 e representa uma ameaça efetiva para a diversidade cultural e política.

A sociedade brasileira é testemunha do partidarismo e da manipulação dos meios nas eleições. Não faz o menor sentido que
o serviço público de radiodifusão, operado mediante concessão,
seja utilizado por interesses particulares para favorecer partidos
e candidatos do agrado dos grupos econômicos, religiosos e políticos.Está na hora do Brasil aperfeiçoar os critérios de controle
social da mídia.

A sociedade é testemunha, também, do uso dos meios para criminalizar os movimentos sociais, as populações negras, faveladas e pobres em geral. Há muito tempo que a grande mídia tem sido conivente com as violências do Estado contra os segmentos populares, ao mesmo tempo em que sonega e omite informações e fatos relevantes para o desenvolvimento nacional.

A edição especial da Caros Amigos fornece aos leitores
uma coletânea de reportagens e artigos sobre a atual situação
da comunicação, aponta os grandes nós e desafios, compara com
as saídas construídas em outros países e mostra as várias alternativas e frentes de luta para melhorar, aperfeiçoar e – principalmente – democratizar o sistema de comunicação no Brasil.

Esperamos, com isso, contribuir para a reflexão e o debate.

A edição especial está nas bancas! Vá em frente!

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Protestos pedem fechamento da Escola das Américas

Está marcada para este domingo (20) a grande concentração popular diante das portas do Fort Benning – instalação do Exército dos EUA (Columbos, na Georgia) – para uma grande manifestação humanitária pelo fechamento do Instituto do Hemisfério Ocidental para a Cooperação em Segurança, mais conhecido como Escola das Américas (ou “Escola de Torturadores”), e pelo fim da militarização imposta pelos Estados Unidos. De acordo com a Rede de Alternativas, a Escola das Américas é considerada hoje um lugar para o treinamento de assassinos. Nas palavras do padre Roy Bourgeois, fundador da SOA Watch, “a SOA é o braço militar [dos EUA] para proteger a ganância de 1%, à custa de 99%, ao longo das Américas”.
Entre os mais destacados ex-alunos da “Escola” estão Manuel Noriega, militar que participou do golpe de estado que derrubou o Governo de Arnulfo Arias (Panamá); Elías Wessin, também envolvido em golpe de Estado, derrubou o Governo de Juan Bosh (República Dominicana); Hugo Banzer, militar que chegou à presidência em 1971 ao derrubar o general Juan José Torres em um golpe de Estado e após isso instaurou uma ditadura; Vladimiro Montesinos, assessor do ex-ditador peruano Alberto Fujimori, atualmente preso por corrupção e tráfico de drogas; e Roberto Eduardo Viola, militar ex-presidente da Argentina durante o ano de 1981.

domingo, 20 de novembro de 2011

• Aconteceu nos EUA!

Richard James Verone, cidadão estadunidense de 59 anos, residente em Gastonia, na Carolina do Norte, entrou em um banco de sua cidade e dirigiu-se ao caixa entregando um bilhete onde comunicava que era um assalto. Exigiu que lhe fosse entregue a quantia de $1 (um dólar!) e avisou que estaria sentado no saguão do banco. Parece coisa de maluco, não é? Mas o problema é que Richard James Verone estava apenas querendo ser preso para poder receber tratamento médico na cadeia, pois havia ficado sem o seu plano de saúde em função dos cortes feitos pelo governo Obama. O que Richard não sabia é que todo o seu sacrifício foi em vão, porque o governo também suspendeu os atendimentos gratuitos de saúde nas prisões estadunidenses! A matéria é do jornalista Mark Engler (https://www.facebook.com/pages/Mark-Engler-Democracy-Uprising/117982368212095 )

E se fosse em Cuba?

Desculpem insistir neste tema, mas não consigo deixar de pensar nisto. Dorli Rainey é uma senhora estadunidense de 84 anos que, nesta terça-feira (15), foi levada para atendimento médico de emergência depois de ser atingida por spray de pimenta lançado em seu rosto por policiais de Sattle. Dorli participava dos protestos convocados pelo movimento “Occupy”, contra a situação econômica nos EUA, quando foi agredida pelos policiais. Um porta-voz da polícia, defendendo a ação covarde dos soldados, disse que “o gás de pimenta foi disparado apenas contra indivíduos que se recusavam a obedecer a ordem para dispersar ou que tinham comportamento ofensivo em relação aos policiais”. Uma senhora de 84 anos? Os policiais de Seattle se sentiram ameaçados por uma senhora de 84 anos? Mas a minha pergunta ainda está posta: e se fosse em Cuba?
Vamos supor que, em alguma cidade cubana, uma senhora de 84 anos fosse agredida por um policial. O que aconteceria? Em primeiro lugar, nossos jornais estariam cheios de declarações contra o “ditador” Fidel Castro. Provavelmente, os fuzileiros navais dos EUA estariam preparando um desembarque na Ilha e a OTAN já estaria afundando Havana em bombas lançadas de moderníssimos aviões. Tudo isto sob o signo de “ajuda humanitária” para derrubar o regime repressor.
Mas a história aconteceu em Seattle. A foto de Dorli Rainey, a mulher de idade, sendo carregada por dois manifestantes e com resquícios do produto químico em seu rosto tornou-se uma das imagens-símbolo do movimento civil, que se espalha por todas as grandes cidades dos EUA e luta contra a desigualdade social no país. “É uma imagem horrível. Eu não sou tão feia assim”, disse Dorli, ex-professora, em uma entrevista à agência Associated Press. Ela é uma ativista conhecida no círculo político da cidade, e se descreve como “uma velha senhora em botas de combate”. Ela afirmou, mesmo após o incidente, que continuará a participar dos protestos. “Sou bem durona”.
Para mais detalhes da covardia e ver as imagens:
http://operamundi.uol.com.br/conteudo/noticias/17886/policia+joga+spray+de+pimenta+em+idosa+ao+reprimir+protesto+nos+eua.shtml

Isto sim é Cuba!

Segundo nossos jornais e comentaristas muito bem pagos, Cuba é um país miserável, seu povo vive com fome e mendigando pelas ruas, as cidades são velhas e sujas, nada presta e o povo está cansado do regime. É isto que lemos diariamente em jornais e revistas, não é? Mas não é o que podemos ver ao consultar o mapa do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da ONU divulgado recentemente. Cuba está em 51º lugar entre os 187 países pesquisados e muito na frente se consideradas apenas as questões soci-ais.
O que coloca Cuba em 51º lugar e no segundo grupo é o baixo rendimento bruto per capita de sua população, que, ao contrário do que pensam ou querem que pensemos os analistas neoliberais, não significa necessariamente uma qualidade de vida muito menor. Em Cuba a renda é mesmo muito baixa, quase a metade da brasileira, mas com pouca diferença entre o mais baixo e o mais alto rendimento. Há um sistema de subsídios à alimentação, ao transporte e à cultura, e a saúde e a educação são gratuitas em todos os níveis, do curativo à quimioterapia, da creche ao doutorado. O “IDH de não rendimento” de Cuba (ou seja, o IDH sem o indicador de renda) é de 0,904, o que coloca o país em 25º lugar, ultrapassando 26 países que tem o IDH maior por causa da renda. O maior IDH de não rendimento é o da Austrália (0,975), seguido de Nova Zelândia, Noruega, Coreia do Sul, Holanda e Canadá. Os Estados Unidos estão em 13º lugar (0,931). Cuba está na frente, dentre outros, do Reino Unido, da Grécia, de Portugal, de Israel e dos riquíssimos Emirados Árabes Unidos, Brunei e Qatar, sendo que esse último que tem rendimento bruto per capita 20 vezes maior do que a de Cuba.
No item “esperança de vida”, Cuba desmascara os “doutores analistas”. Vejamos: Noruega – 81,1 anos; Austrália – 81,9 anos; Holanda – 80,7 anos; EUA – 78,5 anos; Nova Zelândia – 80,7 anos; Canadá – 81,2 anos; Cuba – 79,1 anos.


Ernesto Germano

McDonald's explora trabalho escravo

A Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa de São Paulo promoveu na última quarta-feira (9) uma audiência pública para analisar as denúncias do uso de trabalho análogo à escravidão pela poderosa multinacional estadunidense McDonald’s. O evento foi aberto com a apresentação de um vídeo com depoimentos de jovens trabalhadores vítimas da brutal exploração. No vídeo, que gerou comoção e revolta entre os deputados e sindicalistas presentes à audiência, os funcionários relatam como são arregimentados pela rede de fast-food, que se apresenta como “campeã na oferta do primeiro emprego”. Eles também dão detalhes sobre as péssimas condições de trabalho, os salários aviltantes e a jornadas extenuantes.
E você com isto? Chegou sua hora de descer do muro dos indiferentes e tomar um lado da história: Vai continuar referendando o trabalho escravo?

IBGE: Mulheres ainda ganham apenas 70% da renda dos homens

A renda das mulheres representava apenas 70% da renda dos homens em 2010, segundo os Indicadores Sociais Municipais do Censo Demográfico 2010, divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta quarta-feira. Segundo a pesquisa, o rendimento médio mensal das mulheres foi calculado em R$ 983, enquanto a dos homens foi de R$ 1.392. A diferença variou de 70,3% na região Sul (R$ 1.045 para as mulheres e R$ 1.486 para os homens) a 75,5% na região Norte (R$ 809 das mulheres contra R$ 1.072 dos homens).

Enfim a Comissão da Verdade

“O sigilo não oferecerá nunca mais guarida ao desrespeito aos direitos humanos no Brasil” disse Dilma Rousseff ao sancionar a Lei que cria a Comissão da Verdade.
Esta é uma data especial para ser lembrada: 18 de novembro de 2011. Neste dia a presidenta Dilma assinou duas leis de extrema importância para nós, brasileiros. Uma cria a Comissão Nacional da Verdade para trazer a público tudo o que conseguir reunir, em dois anos, sobre violação de direitos humanos cometida por agentes públicos motivados politicamente. A outra é a Lei de Acesso à Informação, que inverte a lógica de que dados e documentos públicos são confidenciais, podem ficar escondidos para sempre e só vêm à luz por decisões individuais.
Daqui a seis meses, todos os órgãos públicos estarão obrigados a divulgar na internet informações sobre o que fazem com seus recursos – para quem repassam, por exemplo –, quais as licitações em curso e quais os contratos assinados. Vale para ministérios, secretarias estaduais e municipais, Congresso Nacional, assembléias legislativas estaduais, câmaras de vereadores, tribunais, procuradorias de justiça. Só escapam prefeituras de cidades com menos de 10 mil habitantes.
A Comissão vai investigar atentados aos direitos humanos praticados no país, mas não punirá do ponto de vista judicial. O foco deve ser a ditadura militar (1964-1985), apesar de a comissão ter um raio de ação maior (1946 a 1988). Todos os papéis, registros, qualquer coisa que ainda esteja com Forças Armadas e revele tortura e assassinato terá de ser entregue à Comissão, se requisitado.
As duas leis serão publicadas no Diário Oficial da próxima segunda-feira (21).
• ONU pede julgamento a torturadores brasileiros. A alta comissária de Direitos Humanos da ONU (Organização das Nações Unidas), Navi Pillay, afirmou que o Brasil precisa trabalhar para punir oficiais que participaram de torturas durante o período da ditadura militar no país (1964-1985). A declaração foi dada nesta sexta-feira (18), no mesmo dia em que a presidente Dilma Rousseff sancionou a lei que prevê a criação da Comissão Nacional da Verdade, cuja missão será apurar crimes que envolvem violações dos direitos humanos entre 1946 e 1988. No entanto, a Comissão não poderá processar e muito menos punir ninguém, justamente por conta da Lei de Anistia, promulgada em 1979.
• A verdade vai aparecendo. Documentos secretos obtidos pelo jornal Página 12, da Argentina, mostram que o regime militar brasileiro participou e propiciou a caçada dos anos 70 contra todo foco de resistência, na América Latina e na Europa. Nos arquivos da inteligência brasileira há relatórios sobre as atividades do escritor Juan Gelman em Roma e sobre uma viagem que supostamente realizou em Madri “junto com Bidegain, Bonasso M. e outros dirigentes… no dia 17 de junho de 1978”, descreve a nota incluída num dossiê do Estado Maior do Exército do Brasil, intitulado “Movimiento Peronista Montonero en el exterior, Accionar, Contactos, Conexiones con Grupos Terroristas, Antecedentes”. Os documentos agora divulgados mostram que Brasil serviu como cérebro logístico da repressão na América Latina. Militares brasileiros espionaram, prenderam e entregaram cidadãos de outros países para “ditaduras amigas”.

Ernesto Germano