sexta-feira, 22 de junho de 2012

MENSAGEM PARA A REUNIÃO DE CÚPULA RIO+20 DA REDE “EM DEFESA DA HUMANIDADE”

A solução não pode ser impedir o desenvolvimento àqueles que mais o necessitam. O real é que tudo aquilo que contribua hoje ao subdesenvolvimento e à pobreza constitui uma violação flagrante da ecologia. (…) Se quisermos salvar a humanidade dessa autodestruição, é preciso distribuir melhor as riquezas e tecnologias disponíveis no planeta. Menos luxo e menos esbanjamento em uns poucos países para que haja menos pobreza e menos fome em grande parte da Terra. (…) Cessem os egoísmos, cessem as supremacias, cessem a insensibilidade, a irresponsabilidade e o engano.”

Fidel Castro, Rio de Janeiro, 1992.


Hoje, vinte anos depois, inspirados naquelas palavras de Fidel, no recente encontro que ele teve com um grupo de fundadores de nossa rede e em seu apelo para continuarmos lutando sem descanso por salvar a espécie humana, cientes de que o egoísmo e a cegueira dos poderosos continuarão bloqueando toda iniciativa ligada às verdadeiras soluções, circulamos esta MENSAGEM PARA A REUNIÃO DE CÚPULA RIO+20 aos restantes capítulos e membros da Rede em defesa da humanidade e a outros movimentos sociais, organizações, redes e pessoas que não estejam dispostos a aceitar o modelo suicida que fora imposto ao mundo, nem nossa extinção como destino fatal.

Devemos exigir por todos os meios ao nosso alcance perante o sistema de organismos internacionais das Nações Unidas:
  1. Que a Cúpula Rio+20 parta da análise do estado do cumprimento dos compromissos assumidos na Agenda 21 e os Princípios acordados na Cúpula Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento de Rio 1992 e reiterados na Conferência de Johannesburgo.
  2. Refutar a pretensão de substituir o enfoque em torno ao cumprimento dos princípios do desenvolvimento sustentável e dos objetivos de desenvolvimento do milênio pelas novas teses colocadas relativamente à “economia verde”. Rejeitar esse conceito e qualquer outra forma de exploração por parte do poder transnacional e exigir uma abordagem multisetorial e multidimensional do enfrentamento à crise.
  3. Condenar a privatização dos recursos naturais e toda forma de mercantilização da natureza. Reconhecer e avaliar a concepção integral da vida das culturas originárias e dos princípios de solidariedade, igualdade, complementaridade e reciprocidade em que estão baseadas alternativas como o Bom Viver e outras, para a relação harmônica com a natureza e a sobrevivência da espécie humana.
  4. Reconhecer a urgência de colocar a defesa dos direitos de nossa espécie e da natureza como eixo central das negociações e instrumentos normativos internacionais em detrimento dos direitos do capital.
  5. Que as autoridades públicas assumam como obrigação principal aplicar um enfoque baseado nos direitos de sustentabilidade, bem-estar e progresso da sociedade, e seja reivindicada a responsabilidade inescusável dos governos de proporcionar serviços essenciais para a vida à totalidade dos cidadãos. Que mudem radicalmente os indicadores de desenvolvimento e progresso para que tenham em conta os custos ambientais, a equidade social e o desenvolvimento humano.
  6. Que seja reconhecida como imprescindível a transformação dos padrões de produção, consumo e distribuição da renda. A busca de acumulação crescente de lucros e a orientação da produção em função da demanda solvente e não da necessidade social, própria do sistema capitalista, não pode, nem poderá nunca, gerar igualdade, eliminar a pobreza, nem garantir um desenvolvimento harmônico com a conservação do meio ambiente. A urgência real de migrar rumo a tecnologias não poluentes não pode reduzir as análises a aspectos meramente tecnológicos.
  7. Que o princípio de responsabilidades comuns, porém diferenciadas, reconhecido na Declaração de Rio, seja traduzido em mecanismos reais de financiamento, flexibilidades e políticas de acesso à tecnologia e o conhecimento para os países mais necessitados e em obrigações incontornáveis para os países industrializados.
  8. Denunciar o cínico “discurso limpo” das potências do Norte que hoje tentam botar a culpa nos países do Sul enquanto ocultam sua responsabilidade histórica e presente no atraso das tecnologias desses países e na deformação de suas economias e favorecem as operações “sujas” das transnacionais no Sul. As marcas e patentes “verdes” devem ser denunciadas como um renovado e perigoso mecanismo de reafirmação da dominação para com todos os países tecnologicamente dependentes.
  9. Que a Cúpula se pronuncie pela imprescindível avaliação precautória das tecnologias segundo seus impactos sociais e ambientais. Deve ser criada com urgência uma Convenção mundial para o controle de tecnologias novas e emergentes, baseada no princípio de precaução e a avaliação participativa.
  10. Denunciar a chamada obsolescência programada e que sejam favorecidas as tecnologias que visem a máxima vida útil dos produtos, beneficiem a padronização, a reparação, a reciclagem e um mínimo de detritos, de maneira que sejam satisfeitas as necessidades humanas com o menor custo ambiental.
  11. Condenar o controle do comércio mundial pelas transnacionais e o papel da Organização Mundial do Comércio (OMC) na imposição de acordos que legitimam a desigualdade e a exclusão e impedem o exercício de políticas públicas soberanas. Promover ações concretas para conseguir um intercâmbio comercial mais justo, e em harmonia com os requerimentos relativos ao meio ambiente.
  12. Acordar medidas concretas para travar a volatilidade dos preços dos alimentos e a especulação nos mercados de produtos básicos, como meio indispensável para combater a fome e a pobreza.
  13. Denunciar a compra maciça de terras em países do Sul por parte de potências estrangeiras e multinacionais para explorar seus recursos naturais ou dedicá-los a projetos que comprometem o meio ambiente ou o equilíbrio de seus ecossistemas.
  14. Que sejam condenadas as guerras, as políticas imperiais e a corrida aos armamentos como as maiores agressões ao meio ambiente e à preservação da espécie humana, tanto por suas consequências diretas como pelas despesas incalculáveis que provocam. Estes recursos bem poderiam ser utilizados para saldar os principais desafios sociais e do meio ambiente que encara a humanidade. Que seja denunciado o caráter suicida dos paióis nucleares e seja demandada sua eliminação e proibição absoluta.
  15. Promover um convênio-marco para a responsabilidade ambiental e social das empresas e legislações nacionais que condenem práticas nocivas e abusivas das mesmas, levando em conta o caráter transnacional das suas operações
  16. Promover ações de controle sobre a publicidade comercial, a incitação ao consumo desmedido e a criação de falsas necessidades, sobretudo os encaminhados à infância e a juventude, e em câmbio estabelecer políticas de impulsação à publicidade de bem público, que constitua fonte de informação e práticas sustentáveis.
  17. Que seja feito um firme pronunciamento em favor de orientar a educação e a ciência em benefício do desenvolvimento humano e não em função do mercado, baseada numa nova ética do consumo que, sem sacrificar o essencial das satisfações materiais, rejeite os produtos fruto de práticas ecologicamente agressivas ou do trabalho escravo e de outras formas de exploração.
  18. Promover a revisão e modificação do sistema de propriedade intelectual vigente, à luz das negociações sobre o meio ambiente, a agenda de luta contra a mudança climática e os direitos humanos, de modo que possa facilitar-se a transferência de tecnologias e conhecimentos práticos ambientalmente saudáveis, ou o acesso a eles.
  19. Exigir à Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI) como organização do sistema das Nações Unidas, que encare a urgente necessidade de uma mudança de paradigma em torno à investigação científica internacional e o conhecimento, de maneira que, deixando de lado os mecanismos de mercado, fomente a necessária colaboração, a investigação coordenada e a difusão e aplicação de seus resultados a grande escala. Que esta organização implemente os mecanismos necessários para propiciar no menor tempo possível uma transição energética efetiva e as medidas de mitigação da mudança climática.
  20. Que seja promovida uma reavaliação integral do sistema de governação ambiental existente, que tem demonstrado ser incapaz de deter a catástrofe ecológica, e sejam criadas as bases de um novo, inclusive, autenticamente democrático e participativo, que seja dirigido às causas profundas da crise, e seja capaz de promover soluções reais a esses problemas para as atuais e futuras gerações.


Declaração final da cúpula dos povos - Rio + 20

Movimentos sociais e populares, sindicatos, povos e organizações da sociedade civil de todo o mundo presentes na Cúpula dos Povos na Rio+20 por Justiça Social e Ambiental, vivenciaram nos acampamentos, nas mobilizações massivas, nos debates, a construção das convergências e alternativas, conscientes de que somos sujeitos de uma outra relação entre humanos e humanos e entre a humanidade e a natureza, assumindo o desafio urgente de frear a nova fase de recomposição do capitalismo e de construir, através de nossas lutas, novos paradigmas de sociedade.
A Cúpula dos Povos é o momento simbólico de um novo ciclo na trajetória de lutas globais que produz novas convergências entre movimentos de mulheres, indígenas, negros, juventudes, agricultores, famílias e camponeses, trabalhadores, povos e comunidades tradicionais, quilombolas, lutadores pelo direito a cidade, e religiões de todo o mundo. As assembleias, mobilizações e a grande Marcha dos Povos foram os momentos de expressão máxima destas convergências.
As instituições financeiras multilaterais, as coalizações a serviço do sistema financeiro, como o G8/G20, a captura corporativa da ONU e a maioria dos governos demonstraram irresponsabilidade com o futuro da humanidade e do planeta e promoveram os interesses das corporações na conferência oficial. Em contraste a isso, a vitalidade e a força das mobilizações e dos debates na Cúpula dos Povos fortaleceram a nossa convicção de que só o povo organizado e mobilizado pode libertar o mundo do controle das corporações e do capital financeiro.
Há vinte anos o Fórum Global, também realizado no Aterro do Flamengo, denunciou os riscos que a humanidade e a natureza corriam com a privatização e o neoliberalismo. Hoje afirmamos que, além de confirmar nossa análise, ocorreram retrocessos significativos em relação aos direitos humanos já reconhecidos. A Rio+20 repete o falido roteiro de falsas soluções defendidas pelos mesmos atores que provocaram a crise global. À medida que essa crise se aprofunda, mais as corporações avançam contra os direitos dos povos, a democracia e a natureza, sequestrando os bens comuns da humanidade para salvar o sistema econômico-financeiro.
As múltiplas vozes e forças que convergem em torno da Cúpula dos Povos denunciam a verdadeira causa estrutural da crise global: o sistema capitalista patriarcal, racista e homofóbico.
As corporações transnacionais continuam cometendo seus crimes com a sistemática violação dos direitos dos povos e da natureza com total impunidade. Da mesma forma denunciamos a dívida ambiental histórica que afeta majoritariamente os povos oprimidos do mundo, e que deve ser assumida pelos países altamente industrializados, que ao fim e ao cabo, foram os que provocaram as múltiplas crises que vivemos hoje.
O capitalismo também leva à perda do controle social, democrático e comunitário sobre os recursos naturais e serviços estratégicos, que continuam sendo privatizados, convertendo direitos em mercadorias e limitando o acesso dos povos aos bens e serviços necessários à sobrevivência.
A dita "economia verde"é uma das expressões da atual fase financeira do capitalismo que também se utiliza de velhos e novos mecanismos, tais como o aprofundamento do endividamento público-privado, o super-estímulo ao consumo, a apropriação e concentração das novas tecnologias, os mercados de carbono e biodiversidade, a grilagem e estrangeirização de terras e as parcerias público-privadas, entre outros.
As alternativas estão em nossos povos, nossa história, nossos costumes, conhecimentos, práticas e sistemas produtivos, que devemos manter, revalorizar e ganhar escala como projeto contra-hegemônico e transformador.
A defesa dos espaços públicos nas cidades, com gestão democrática e participação popular, a economia cooperativa e solidária, a soberania alimentar, um novo paradigma de produção, distribuição e consumo, a mudança da matriz energética, são exemplos de alternativas reais frente ao atual sistema agro-urbano-industrial.
A defesa dos bens comuns passa pela garantia de uma série de direitos humanos e da natureza, pela solidariedade e respeito às cosmovisões e crenças dos diferentes povos, como, por exemplo, a defesa do "Bem Viver" como forma de existir em harmonia com a natureza, o que pressupõe uma transição justa a ser construída com os trabalhadores e povos.
Exigimos uma transição justa que supõe a ampliação do conceito de trabalho, o reconhecimento do trabalho das mulheres e um equilíbrio entre a produção e reprodução, para que esta não seja uma atribuição exclusiva das mulheres. Passa ainda pela liberdade de organização e o direito a contratação coletiva, assim como pelo estabelecimento de uma ampla rede de seguridade e proteção social, entendida como um direito humano, bem como de políticas públicas que garantam formas de trabalho decentes.
Afirmamos o feminismo como instrumento da construção da igualdade, a autonomia das mulheres sobre seus corpos e sexualidade e o direito de uma vida livre de violência. Da mesma forma reafirmamos a urgência da distribuição de riqueza e da renda, do combate ao racismo e ao etnocídio, da garantia do direito a terra e território, do direito à cidade, ao meio ambiente e à água, à educação, a cultura, a liberdade de expressão e democratização dos meios de comunicação.
O fortalecimento de diversas economias locais e dos direitos territoriais garantem a construção comunitária de economias mais vibrantes. Estas economias locais proporcionam meios de vida sustentáveis locais, a solidariedade comunitária, componentes vitais da resiliência dos ecossistemas. A diversidade da natureza e sua diversidade cultural associada é fundamento para um novo paradigma de sociedade.
Os povos querem determinar para que e para quem se destinam os bens comuns e energéticos, além de assumir o controle popular e democrático de sua produção. Um novo modelo energético está baseado em energias renováveis descentralizadas e que garanta energia para a população e não para as corporações.
A transformação social exige convergências de ações, articulações e agendas a partir das resistências e alternativas contra hegemônicas ao sistema capitalista que estão em curso em todos os cantos do planeta. Os processos sociais acumulados pelas organizações e movimentos sociais que convergiram na Cúpula dos Povos apontaram para os seguintes eixos de luta:
Contra a militarização dos Estados e territórios;
Contra a criminalização das organizações e movimentos sociais;
Contra a violência contra as mulheres;
Contra as grandes corporações;
Contra a imposição do pagamento de dívidas econômicas injustas;
Pela garantia do direito dos povos à terra e território urbano e rural;
Pela soberania alimentar e alimentos sadios, contra agrotóxicos e transgênicos;
Pela garantia e conquista de direitos;
Pela solidariedade aos povos e países, principalmente os ameaçados por golpes militares ou institucionais, como está ocorrendo agora no Paraguai;
Pela soberania dos povos no controle dos bens comuns, contra as tentativas de mercantilização;
Pela democratização dos meios de comunicação;
Pelo reconhecimento da dívida histórica social e ecológica;
Pela construção do Dia Mundial de Greve Geral;
Voltemos aos nossos territórios, regiões e países animados para construirmos as convergências necessárias para seguirmos em luta, resistindo e avançando contra o sistema capitalista e suas velhas e renovadas formas de reprodução.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

A ditadura militar e CIVIL de 1964


Muito dinheiro para manter a repressão. Algumas coisas que todos já sabiam, mas não havia como comprovar, começam a ser esclarecidas com a publicação do livro “Memórias da Guerra Suja”. O livro, baseado no depoimento do ex-delegado do Dops Cláudio Antônio Guerra aos jornalistas Marcelo Netto e Rogério Medeiros, traz importantes denúncias.

Ele detalha, por exemplo, o envolvimento de empresários com a ditadura. Está tudo no livro: empresas como Gasbras, White Martins, Itapemirim, grupo Folha e o banco Sudameris financiavam a repressão. O dinheiro dos empresários jorrava para custear as operações clandestinas e premiar bandidos com bonificações generosas.

Em seu depoimento ele conta como uma Usina de açúcar do Rio de Janeiro emprestava seu forno para cremar cadáveres de presos políticos. Em outra parte ele confirma que o jornal “Folha da Tarde”, da família Frias (Folha de São Paulo), emprestava suas viaturas para camuflar operações policiais e transportar presos políticos.

Negada anistia ao covarde traidor.


 Por decisão unânime da Comissão de Anistia, José Anselmo dos Santos, constará nas páginas da história do Brasil como um agente infiltrado que contribuiu para a prisão, tortura e morte de mais de uma centena de militantes contrários à ditadura, entre eles sua companheira, a paraguaia Soledad Barret Viedma , grávida de sete meses de um filho dele. E não como um anistiado político, digno do perdão do Estado brasileiro e merecedor de reparação da ordem de R$ 100 mil, como ele requer, desde 2003.

A Comissão da Anistia negou provimento ao seu pleito, no mais emblemático julgamento já realizado nos seus dez anos de trabalho. Em parecer histórico, o relator do processo, o ex-ministro dos Direitos Humanos Nilmário Miranda, destacou que, conforme a Constituição de 1988, a anistia só pode ser concedida aos perseguidos pelo regime, categoria em que Anselmo não se enquadra, por se tratar delator confesso que contribuiu com a prisão de 100 a 200 companheiros, muitos deles assinados nos porões da ditadura. A matéria é de Najla Passos, em Carta Maior.

Cuba: Quem é mesmo uma ditadura?


Proibido ir a Cuba! A nova política da direita estadunidense é tentar, por todos os meios, impedir qualquer visita a Cuba. No dia 27 de abril deste ano, o jornal “The Miami Herald” anunciava o ataque terrorista ao escritório da Airline Brokers, em Coral Gables (Miami), uma das poucas agências especializadas em programas e pacotes turísticos para a Ilha.

Curiosamente, no dia 06 de maio a embaixada dos EUA em Madri impedia o jornalista colombiano Hernán Calvo de viajar a Cuba. Calvo reside em Paris e havia comprado uma passagem aérea para Cuba. Seu voo teria uma escala no aeroporto de Barajas (Madri), onde deveria trocar de avião. Mas foi informado pela empresa Air Europa que deveria aguardar uma pessoa que lhe entregaria o bilhete de embarque.

Acontece que a pessoa que foi encontrar com Hernán Calvo era um funcionário da Embaixada dos EUA em Madri que fez um interrogatório e depois disse que Calvo não poderia embarcar porque aquele avião sobrevoaria o território estadunidense. Um funcionário da Air Europa, interrogado, disse que a empresa foi forçada a mudar a rota do avião, passando sobre os EUA, para poder impedir os passageiros que iriam para Cuba.

Cuba é o país mais seguro da região! A afirmação foi feita nesta semana por Elías Carranza, diretor do “Instituto Latino-Americano das Nações Unidas para Prevenção de Delitos e Tratamento de Deliquentes”. Ele apresentou o relatório oficial da ONU durante o VI Encontro Internacional de Justiça e Direito e elogiou as conquistas cubanas também nos esportes, cultura, saúde e educação.

O tema da sua palestra no encontro foi “Criminalidade, Justiça Penal e Prisões na América Latina e Caribe” e ele apresentou dados sobre o sistema cubano, destacando que o país é diferente porque “não apresenta a grave situação de violência e criminalidade do restante do continente”. Ao final do discurso, ele destacou que a situação (criminalidade em alta) não é um fenômeno da região, mas um problema em escala mundial.

Na Bahia, brasileiros e cubanos pedem “liberdade para os cinco”. Aconteceu na cidade de Salvador a “XX Convenção Nacional de Solidariedade com Cuba”. O encontro contou com a presença de vários artistas e intelectuais brasileiros e cubanos e denunciou também o bloqueio econômico imposto pelos EUA.

O evento foi aberto na noite de quinta-feira (24) com um ato político e cultural, que contou com a apresentação do Balé Rosana Abubakir e com a intervenção do poeta Thiago de Mello, que emocionou o público. Ao final da sua fala, Thiago de Mello entregou ao embaixador cubano, Carlos Zamora, os direitos autorais de sua participação na Bienal do Livro do Amazonas, para que os recursos sejam utilizados na luta pela libertação dos cinco heróis cubanos presos nos EUA.

A Convenção terminará hoje (27) com uma caminhada pelas praias de Salvador e pedindo a libertação dos Cinco Heróis que estão presos nos EUA.

Em busca de mais fatos sobre a ditadura na Argentina.


 A Justiça argentina autorizou nesta segunda-feira (21) uma busca na residência do general reformado Jorge Eugenio O’Higgins. Ele é suspeito de participar do assassinato de Bernardo Alberte, outro militar e ex-secretário pessoal do ex-presidente Juan Domingo Perón, em 24 de março de 1976, dia do golpe que instaurou a ditadura civil-militar no país (1976-1983).

Durante a busca, realizada por funcionários da Justiça e da Polícia Federal, foram apreendidos documentos que podem complicar a situação de O’Higgins, que na época do crime trabalhava como chefe da Inteligência do Exército, informou a advogada da família de Alberte, Elizabeth Gómez Alcorta.

Alberte dormia ao lado de sua mulher no prédio em que morava, no bairro da Recoleta. Poucos minutos depois do golpe ter sido estabelecido, um grupo de militares, transportados por um comboio de 14 veículos, invadiu seu apartamento arrombando a porta, aos gritos, afirmando que iriam matá-lo por vingança. Ele tentou resistir com seu revólver de uso pessoal, mas foi dominado pelo grupo e jogado do sexto andar do prédio, morrendo na hora.

O fantasma de Pinochet

Pouco mais de mil presos políticos da ditadura do general Augusto Pinochet (1973-1990) que figuram como desaparecidos há mais de 20 anos tiveram seus nomes incluídos no registro eleitoral oficial este ano, segundo denúncia realizada na tarde desta terça-feira (22/05) pela AFDD (Associação das Famílias de Detidos e Desaparecidos).

A falcatrua foi descoberta quando Érika Hennings, ex-militante do MIR (Movimento de Esquerda Revolucionária) que foi presa no dia 30 de julho de 1974, encontrou o nome no seu marido, Alfonso Chanfreau, no cadatro eleitoral. Acontece que ele desapareceu na prisão e seu corpo nunca foi encontrado. Mas está na lista de eleitores!

Grécia: A saída está virando a primeira à esquerda!


Grécia: a esquerda que pode chegar ao poder. A Syriza, Coligação da Esquerda Radical da Grécia, surgiu em 2004 e resulta de um processo de diálogo iniciado em 2001. Participaram muitas correntes da esquerda grega, de inspiração socialista, eurocomunista, ecologista, maoísta e trotskista. Atualmente, a Coligação que tem chances de chegar ao poder na Grécia, é composta por doze organizações e muitas personalidades independentes, entre elas algumas figuras que se afastaram do PASOK (Partido Socialista) nos últimos anos.

A coligação disputou pela primeira vez uma eleição em 2004 e conseguiu passar a barreira dos 3% para eleger seis deputados. Em 2006 durante as eleições autárquicas, a Syriza lançou um jovem de 32 anos, Alexis Tsipras, líder estudantil nos anos 90. Ele alcançou uma votação expressiva e transformou a Coligaçào na terceira força política na capital grega.

A corrente majoritária na Syriza é o Synaspismos, uma antiga coligação entre comunistas que se transformou em partido. As outras organizações são a AKOA (Esquerda Comunista Ecológica e Renovadora); DEA (Esquerda Internacionalista dos Trabalhadores, próxima da tendência trotskista internacional IST, fundada por Tony Cliff); DKKI (Movimento Democrático Social, corrente que saiu do PASOK em 1995); KOE (Organização Comunista da Grécia, de inspiração maoísta, integrou a Syriza em 2007); Kokkino (Vermelho, corrente de inspiração trotskista); Ecosocialistas da Grécia; Cidadãos Ativos (corrente fundada pelo herói da Resistência Manolis Glezos); KEDA (Movimento pela Esquerda Unida na Ação, cisão do PC grego em 2000); Rizospastes (Radicais, cisão dos Cidadãos Ativos, sublinham o patriotismo no discurso); Omada Roza (Grupo Rosa, esquerda radical); e APO (Grupo Político Anticapitalista, corrente de inspiração trotskista).

O programa do Syriza. Em documento divulgado no início da semana passada, a coligação de esquerda grega (Syriza) apresenta seu programa eleitoral. Redigido de forma simples, o programa tem 40 pontos. Vamos ver alguns: 1) realizar uma auditoria da dívida pública, renegociar e suspender os pagamentos até que a economia tenha se recuperado; 2) mudar a Lei Eleitoral para que a representação parlamentar seja verdadeiramente proporcional; 3) adotar um imposto sobre transações financeiras e sobre produtos de luxo; 4) abolir os privilégios fiscais da igreja e dos armadores (donos de estaleiros); 5) acabar com o segredo bancário e a evasão de capitais; 6) cortar os gastos militares; 7) devolver ao salário mínimo o seu valor antes dos cortes exigidos pelo Banco Central Europeu (751 euros brutos mensais); 8) nacionalizar os bancos; 9) nacionalizar os hospitais privatizados e eliminar toda a participação particular no sistema de saúde; 10) retirar as tropas gregas do Afeganistão; 11) romper os acordos militares com Israel e 12) fechar as bases militares estrangeiras na Grécia.

Europa


Inglaterra vai enviar submarino nuclear às Malvinas. O governo britânico pretende enviar um submarino nucelar, munido por um arsenal de grande potência, ao litoral das Ilhas Malvinas, no Atlântico Sul. A informação foi publicada na edição de domingo (20) do jornal britânico “The Sun”. O submarino HMS Talent, chamado pelos militares britânicos de “caçador assassino”, é equipado por mísseis Tomahawk e torpedos Spearfish, e chegaria à América do Sul no dia 14 de junho, data que marca o aniversário de 30 anos da vitória britânica na Guerra das Malvinas sobre a Argentina. Atualmente, a embarcação se encontra no porto de Simon's Town, próximo à Cidade do Cabo, na África do Sul.

O HMS Talent tem 84,5 metros de comprimento, pesa cerca de cinco mil toneladas, pode alcançar uma velocidade de 60 km/h e submerge até uma profundidade de 305 metros. Seus mísseis têm um alcance de até 60 quilômetros. Segundo o jornal, o mesmo modelo de submarino foi utilizado por tropas britânicas para ajudar os rebeldes na Líbia durante a guerra civil que derrubou o líder Muamar Kadafi.

França pretende reduzir idade mínima para aposentaria. Ao contrário do que vem acontecendo na Europa, o primeiro-ministro da França, Jean-Marc Ayrault, anunciou nesta quarta-feira (23) que o governo deverá promover uma reforma da Previdência, que acabará reduzindo a idade mínima da aposentadoria para os 60 anos de idade. Atualmente, os trabalhadores franceses só podem se aposentar a partir dos 62 anos, desde que tenham contribuído com a Previdência por, no mínimo, 41 anos.

Para isso eles arrumam dinheiro! O governo espanhol havia “estatizado” um banco (Bankia) para salvá-lo da falência. Isto custou aos cofres públicos a bagatela de 4,465 bilhões de euros, mas agora sabemos que não é o pior.

Menos de quinze dias depois de “estatizado”, o Bankia “pediu um empréstimo de 19 bilhões de euros ao governo”. O anúncio foi feito na sexta-feira (25). Com isto, o gasto do governo para salvar o banco em dificuldades sobe para 23,465 bilhões de euros. De acordo com a direção do Bankia, os 19 bilhões de euros serão utilizados para cumprir os requerimentos de provisões e de capital exigidos pelas duas reformas financeiras aprovadas pelo governo espanhol. Mas, enquanto isto, a taxa de desemprego na Espanha já passa de 25%!

Israel


Covardia e impunidade! Uma sequência de três vídeos divulgados pela organização não governamental israelense B’Tselem mostrou de forma clara como a existência de assentamentos nos territórios ocupados da Cisjordânia é destrutiva para o processo de paz entre Israel e os palestinos.

Os vídeos foram gravados no sábado (19) e mostram um confronto entre israelenses do assentamento de Yitzhar e palestinos da vila vizinha de Asira al-Qibliya. É possível ver nas imagens gente dos dois lados atirando pedras contra os rivais, num confronto, aparentemente, em igualdade de condições. Em determinado momento, no entanto, as coisas mudam. Entre os assentados, há pelo menos três portanto armas automáticas. Dois estão com fuzis (provavelmente do tipo M4), um com uma pistola automática; os três atiram contra os palestinos enquanto são observados por homens fardados, aparentemente soldados israelenses. Momentos depois, um rapaz palestino (que antes jogava pedras contra os israelenses) é carregado com um ferimento na cabeça e muito sangue escorrendo em seu rosto e pescoço. (O vídeo pode ser visto no site de Carta Capital)

“Rumo a Gaza 2012”. A Flotilha da Liberdade vai, novamente, tentar levar alimentos e ajuda humanitária para Gaza. Nas duas versões anteriores os navios foram impedidos de chegar ao destino e interceptados por barcos militares de Israel. Mas os organizadores do movimento mudaram a tática, diante da repressão de Israel e do silêncio conivente dos outros países.

Por um lado, um grande veleiro (o Estelle) navegará a partir dos países nórdicos e percorrerá vários países europeus para denunciar os atos de Israel e reivindicar o legítimo direito de navegar livremente em águas internacionais. O Estelle sairá de um porto no Mar Báltico, atravessará o Mar do Norte, navegará pelo Atlântico até entrar no Mediterrâneo e se dirigir para Gaza.

Por outro lado, na Faixa de Gaza os palestinos estarão construindo, com a ajuda de voluntários internacionais, um segundo barco que recebeu o nome de “Arca de Gaza”. Ele partirá de um porto palestino e navegará para fora, furando o bloqueio dos navios de Israel que impedem até os pescadores palestinos de navegarem pelo Mediterrâneo.

EUA: Democracia, aborto e fascismo.


É muito dinheiro para eleger um presidente! Mitt Romney, o mais que provável rival republicano de Barack Obama nas eleições de novembro, conseguiu em abril situar-se à altura do presidente em fundos arrecadados, segundo dados de ambas campanhas publicados nesta segunda-feira (21/05). Ele já teria conseguido arrecadar, para sua campanha, 40,1 milhões de dólares, ligeiramente abaixo dos 43,6 milhões de dólares arrecadados por Obama.

A campanha de Romney conta com 61,4 milhões de dólares em dinheiro, mas, segundo o jornal Politico, se forem somados os fundos dos Super PAC favoráveis a ele, essa quantia dispararia até 402 milhões de dólares. Obama leva vantagem no dinheiro disponível diretamente em nome de sua campanha com 147 milhões de dólares. Porém, quando se soma o apoio de seu único Super PAC, o atual presidente fica atrás de Romney com 304 milhões de dólares.

O baile de números para pagar anúncios, publicidade exterior e eventos de campanha poderia chegar, à medida que se aproxima a data das eleições, aos 800 milhões para Romney e 750 milhões de dólares para Obama. Ou seja, mais de 1,5 bilhões de dólares gastos em campanhas eleitorais!

Em Chicago, gigantesca manifestação contra a OTAN. Milhares de pessoas participaram no domingo (20) de uma passeata pelas ruas de Chicago em protesto contra o encontro da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e exigindo a dissolução da entidade. Membros do movimento Occupy Wall Street encabeçaram a manifestação que começou com uma concentração no Grant Park, perto do lago Michigan.

O encontro de cúpula da OTAN foi marcado principalmente para discutir o atual impasse na ocupação do Afeganistão e as dificuldades que os soldados “aliados” estão encontrando na região. Barack Obama, discursando no encontro com os militares, disse que é necessário manter as tropas da OTAN naquele país porque existe uma clara ameaça da China comunista. A matéria foi divulgada pela agência EFE.

Durante os protestos, um grupo de soldados veteranos da guerra do Iraque repudiou a guerra atual e, em gesto inédito, os ex-combatentes retiraram suas condecorações e jogaram na rua, diante do prédio onde acontecia o encontro.

É assim que eles pensam. O deputado estadunidense Steve King, que já chegou a defender que as fronteiras dos EUA com o México fossem reforçadas por cercas elétricas, voltou a causar polêmica em mais um discurso no qual atacou a imigração. Congressista do Partido Republicano pelo Estado de Iowa, King disse nesta segunda-feira (21), em Des Moines, durante um evento de sua campanha para reeleição na Câmara, que os EUA devem escolher os imigrantes que entram no país, “como se escolhe um cão de caça em uma matilha, na qual devemos escolher os melhores segundo as necessidades da ocasião”. Mas não é a primeira vez que King comparou imigrantes a animais. Ao defender o cerco elétrico na fronteira, King justificou sua proposta dizendo que “fazemos isso com o gado o tempo todo”.

A “liberdade” deles é só propaganda nos filmes. Que estranho país é aquele “gigante do norte”! Falam tanto em “liberdade”, exigem que os outros países sigam suas regras, mas não respeitam a opinião dos seus próprios cidadãos.

A empresa aérea American Airlines impediu que uma mulher entrasse no avião com uma camiseta onde defendia a prática do aborto. Ela foi convidada a sair da fila e trocasse de camisa, mas perdeu o seu voo e precisou ficar no aeroporto para fazer outra conexão. O nome da mulher não foi divulgado, mas o jornal estadunidense “Democracy Now” denunciou e está recolhendo assinaturas para que a empresa de desculpe oficialmente. Mais de 4.000 pessoas já assinaram!

domingo, 20 de maio de 2012

Nós também fazemos parte da Comissão da Verdade!


“Aqui mora o torturador da Dilma”. Esta era a frase escrita na faixa que foi estendida diante do prédio número 36, Rua Tereza Moura, em Guarujá – SP. No apartamento 23 do prédio mora Mauricio Lopes Lima, acusado de torturar a presidenta Dilma Rousseff durante a ditadura.
Na segunda-feira (14), aproximadamente 60 pessoas estiveram em frente ao prédio do ex-agente da repressão. Segundo os organizadores do movimento, o objetivo é expor os torturadores à sociedade brasileira. “Nas panfletagens, a gente vê o espanto dos vizinhos, das pessoas que trabalham no comércio. Porque geralmente são figuras que moram no bairro já algum tempo e têm essa história oculta; A gente vai expondo de fato quem são estes ‘bons velhinhos’”, diz Edson Magalhães Rocha, porta-voz do movimento.
Dilma, que era uma das líderes da organização VAR-Palmares, foi presa em 16 de janeiro de 1970. Ela foi brutalmente torturada e seviciada, submetida a choques e pau-de-arara durante 22 dias. No depoimento à Justiça Militar, em Juiz de Fora, cinco meses depois de ser presa, ela deu detalhes da tortura no Dops.
O ato, realizado debaixo de chuva, durou cerca de uma hora (entre 10h e 11h). Durante o protesto, vizinhos desceram, aparentemente assustados, para ver o que acontecia. Funcionários contaram que Lopes Lima estava no local – mas ele nem sequer foi visto na janela.
Outro torturador denunciado. Levante Popular da Juventude realizou protestos em diversas cidades do país contra ex-militares e ex-policiais acusados de tortura durante a ditadura militar. No Rio, o protesto aconteceu em frente ao número 218 da rua Marquês de Abrantes, no Flamengo, onde reside o general da reserva José Antônio Nogueira Belham, um dos ex-chefes da unidade do Doi-Codi na cidade em 1971, ano em que desapareceu o ex-deputado federal Rubens Paiva, após ser detido em casa.
A manifestação aconteceu pela manhã e reuniu cerca de 50 pessoas, que com faixas, cartazes, “panelaços” em latas de tinta e esquetes teatrais chamaram a atenção da vizinhança e dos pedestres sobre a impunidade que desfrutam os acusados de crimes contra os direitos humanos e a necessidade de se conhecer a história do país a partir das esquinas de cada cidade, e não apenas dos livros e enciclopédias oficiais.

Denúncia de trabalho escravo em fazenda no norte fluminense.


 A 2ª Vara Federal em Campos aceitou a denúncia do Ministério Público Federal de que os proprietários da Fazenda Lagoa Limpa submetiam os empregados a trabalhar em condições análogas à escravidão. A fazenda fica no município de Campos dos Goytacazes, no norte do estado do Rio.
A denúncia foi apresentada pelo procurador da República Eduardo Santos de Oliveira e teve origem em uma inspeção feita na Lagoa Limpa em junho do ano passado. Na época, foi constatado que os trabalhadores não dispunham de água potável, instalações sanitárias adequadas e equipamentos de proteção individual, como luvas e botas em quantidade suficiente para todos. Também não havia local adequado para alimentação. Outra irregularidade flagrada pela fiscalização foi a falta de anotações obrigatórias nas carteiras profissionais em relação aos salários e à duração dos contratos de trabalho.

Na Argentina, a volta por cima.


O novo titular da Secretaria de Direitos Humanos da Argentina tem 37 anos e é advogado. Foi um dos fundadores do grupo organizado por filhos de desaparecidos políticos H.I.J.O.S. (Filhos e Filhas pela Identidade e a Justiça, Contra o Esquecimento e o Silêncio, na sigla em espanhol, que se traduz por FILHOS) em Córdoba. Tinha dois anos quando seus pais foram sequestrados.
Martín Fresneda, que agora assume como secretário de Direitos Humanos tem história e conhece bem o que foi a ditadura militar em seu país. Quando criança, junto com seu irmão, testemunhou o sequestro de seus pais durante a chamada “Noite das Gravatas”. As crianças, que tinham quatro e dois anos, presenciaram a operação. Foram tirados de casa junto com sua mãe e levados pela repressão. Ao saber que a polícia tinha a sua família, o pai se apresentou e se entregou desarmado. Pelo testemunho de sobreviventes, anos mais tarde se soube que o casal foi levado à La Cueva, o centro clandestino de detenção que funcionou na Base Aérea de Mar del Plata. Os meninos ficaram com seus avós e depois foram criados por uma tia, em Catamarca.

Chile: 200 mil estudantes nas ruas.


O movimento estudantil do Chile deu mais uma demonstração de força na quarta-feira (16) ao levar cerca de 200 mil estudantes às ruas do país para exigir uma reforma tributária que aumente o volume de recursos destinados à educação.
A nova mobilização organizada pela Confech (Confederação dos Estudantes do Chile) acontece vinte dias depois da primeira marcha (que reuniu 80 mil pessoas na capital e as mesmas 200 mil pessoas em todo o país, no dia 25 de abril). No dia seguinte daquela marcha, o presidente Sebastián Piñera anunciou um projeto de reforma tributária que previa um aumento máximo de US$ 900 milhões na arrecadação do país, que seriam integralmente investidos na educação. A Confech considerou o projeto do governo insuficiente.
Camila Vallejo, líder estudantil que virou símbolo do movimento no ano passado, disse que o aumento do número de manifestantes “demonstra que o movimento estudantil é capaz de apresentar propostas para o país melhores que as apresentadas pelo governo”. Ela anunciou que uma nova marcha será realizada no dia 21 de maio, em frente ao Congresso Nacional, na cidade de Valparaíso, durante a prestação de contas do presidente chileno ao Parlamento.

Giro pela Europa 4


Londres: parque olímpico livre de pobres. Os organizadores da Olimpíada de Londres esperam que 80.000 pessoas estejam no Parque Olímpico na hora de acender a tocha, mas não falam de quantos cidadãos estão sendo expulsos da área em uma “limpeza” que está sendo feita pela polícia londrina.
Segundo o jornal inglês “The Guardian” e a rede de TV BBC, milhares de pessoas estão sendo expulsas da área do parque por serem pobres ou “indesejados”. O governo está criando as chamadas “zonas de dispersão”, com o intuito de facilitar abordagens e remoção de pessoas com “comportamento anti-social” da área do Parque Olímpico. A BBC denunciou que os aluguéis na região estão sofrendo aumentos absurdos para expulsar os moradores de aumentar o lucro dos proprietários que esperam faturar com os turistas.
A zona leste de Londres, local onde está o Parque Olímpico e uma das áreas mais pobres do país, foi o bairro visitado e estudado por Friedrich Engels quando escreveu seu conhecido livro “A situação da classe operária na Inglaterra”. Agora é palco de especulação imobiliária e perseguição aos pobres.
A irritação com as medidas do governo britânica é evidente em Julian Cheyne, entrevistado pela BBC. Ex-morador de um condomínio social, o Clays Lane Peabody Centre, em Stratford, ele foi despejado e o conjunto, demolido para dar lugar ao Parque Olímpico. O Clays Lane, construído em 1977 e composto por 57 casas, era conhecido como a maior co-operativa de moradores do Reino Unido e a segunda maior da Europa. Todos foram removidos para outras áreas.
Olimpíada diferente. O jornalista Dave Zirin, do jornal especializado inglês Edge of Sports, acaba de fazer um balanço dos preparativos para a Olimpíada de Londres. Serão 48.000 homens da força de segurança inglesa, 13.500 soldados, mísseis terra-ar montados no alto de prédios residenciais, armas sônicas para dispersar multidões e aviões sem tripulantes (drones) para vigiar os céus! Além disto, uma cerca eletrificada de 18 quilômetros, cercada de agentes de segurança e 55 equipes com cães de ataque! E vale lembrar que Londres, normalmente, já possui mais câmaras de vigilância de rua “per capita” do que qualquer outra cidade no mundo.
Não, isto não é um balanço das forças da OTAN no Oriente Médio. São os preparativos ingleses para a Olimpíada. O jornalista Stephen Graham, do jornal Guardian, diz que a situação é como um “Cerco de Londres” e a maior mobilização de forças militares e de segurança do Reino Unido. Ele afirma que a quantidade de soldados mobilizados é maior do que a quantidade de soldados ingleses no Afeganistão.
Crise cortou 21 milhões de emprego desde 2008. A crise econômica mundial já comprometeu, desde seu início, em 2008, 21,3 milhões de emprego nas vinte economias mais dinâmicas do planeta mais a União Europeia, bloco conhecido como o G20. A conclusão é o resultado de um relatório realizado em conjunto pela OIT (Organização Mundial do Trabalho) e a OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico), divulgado nesta quinta-feira (17/05).
O relatório faz referência “a gravidade” da taxa de desemprego juvenil e lembra que em alguns países esse índice é três vezes maior entre a população jovem. A taxa média de desemprego juvenil nos países do G20 é de 19,2%, mas existem grandes diferenças entre as distintas nações que formam o grupo: enquanto em alguns este índice é 7%, em outros esse número chega a quase 50%. “Adotar políticas que favoreçam a inserção dos jovens entrem no mercado de trabalho com educação adequada, formação profissional, experiência inicial de trabalho e orientação é essencial para nossas sociedades integrarem a nova geração”, disse o diretor-geral da OIT, Juan Somavia.
Derrota eleitoral de Angela Merkel é um aviso. No último domingo (13), o SPD (Partido Social-Democrata Alemão) ganhou as eleições legislativas no estado federado da Renânia do Norte-Vestfália, superando amplamente a CDU (União Democrata-Cristã) da chanceler Angela Merkel. Os social-democratas obtiveram 38,3% dos votos e a CDU, até agora a primeira força política regional, 25,8%, o pior resultado de sua história nesse território.
Alemanha está apoiando oposição a Chávez. A notícia foi dada em Berlim, na segunda-feira (14). O governo alemão está apoiando abertamente a oposição venezuelana e seus diplomatas defenderam esta posição durante a reunião do Grupo de Trabalho do Conselho da União Europeia sobre a América Latina.
Enquanto Portugal, Polônia e França pediam que o apoio acontecesse de forma “discreta”, os representantes de Angela Merkel defenderam que o apoio deve ser direto, sem ocultações. E isto ficou claro em uma viagem recente de parlamentares alemães que estiveram na Venezuela, mas se reuniram apenas com os opositores de Chávez.
Grécia vive agora crise política. Os gregos irão às urnas mais uma vez em junho para escolher um novo Parlamento, em uma eleição que deve definir o futuro político e econômico do país nos próximos anos. Após o fracasso na formação de um governo, devido ao impasse envolvendo os principais partidos, o presidente Karolos Papoulias confirmou nesta terça-feira (15) a convocação do novo pleito. Em jogo, estará a opção por continuar ou não com as políticas de austeridade fiscal impostas pela União Europeia que tem penalizado a população, e a manutenção do país na Zona do Euro.
Enquanto isto, a Grécia permanece sem um governo oficial, já que nenhuma das forças políticas conseguiu maioria parlamentar para indicar os integrantes do gabinete. O novo pleito colocará mais uma vez em lados opostos os partidos tradicionais (Pasok e Nova Democracia), que defendem o cumprimento das medidas de austeridade fiscal impostas pela União Europeia para equilibrar as contas públicas do país, e as legendas que querem romper o acordo por considerá-lo injusto com a população grega. Dentre eles, destaca-se a frente de esquerda Syriza, que foi a principal surpresa das eleições de 6 de maio, alcançando o segundo lugar.
Como um país deixa o euro? Pelas legislações vigentes na Europa, um país não pode ser “expulso” da zona do euro. Mas pode ser pressionado a sair. Para os países da zona do euro, a saída da Grécia ainda é uma preocupação, porque pode gerar pânico nos mercados. O maior medo deles é que os investidores podem pensar: “se a Grécia sucumbiu, Portugal, Irlanda, Espanha e Itália também vão sucumbir”. Mas há outra face desta moeda. Para os líderes europeus estarem falando abertamente na saída da Grécia, é por que já têm algum plano para isso. Os países de economia mais fraca teriam disponíveis, por exemplo, os 240 bilhões de euros prometidos para a Grécia. É tudo uma questão de “negócios”, sem qualquer preocupação com o povo grego.

Israel, Palestina...


Greve de fome vitoriosa. Na segunda-feira (14), 1.600 presos palestinos em prisões israelenses chegaram a um acordo para pôr fim a uma greve de fome que já durava dois meses. O protesto dos prisioneiros pressionou o governo de Israel a acabar com o isolamento dos presos e acabar com a prática de renovação indefinida de detenções preventivas, ou seja, sem condenação ou acusação formal. Os detentos que estavam em isolamento serão reintegrados aos demais e voltarão a ter direito à visita de familiares vindos da Faixa de Gaza e ao uso de telefones celulares, além de poderem ver televisão.
Em Ramalah, a emoção dos familiares era evidente. Naseem, uma ativista de direitos humanos, estava radiante com a notícia, já que seu irmão era um dos “grevistas”. “Estou tão feliz, porque temia por sua vida se continuasse mais tempo sem comer nada”, disse. No acampamento que os familiares dos presos montaram do lado de fora da prisão, há duas semanas, várias mulheres portavam fotografias de seus filhos. Dentro de uma tenda, uma família também estava em greve de fome há uma semana.
Brasil faz doação para ajudar refugiados palestinos. Na segunda-feira (14), o Brasil se comprometeu a doar 7,5 milhões de dólares para a UNRWA (Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados Palestinos), que promove ações de saúde, educação e assistência social aos refugiados da Faixa de Gaza.
O valor representa um aumento de 700% em relação à quantia doada pelos brasileiros em 2011. Além disso, o compromisso faz do Brasil o maior doador para a causa palestina entre os países que integram o chamado Brics, que inclui também a Rússia, Índia, China e África do Sul.
A agência, que atende cerca de 1,2 milhão de refugiados na região, informou que o dinheiro será utilizado no financiamento do programa de assistência alimentar que atende 106 mil palestinos. Parte da doação será destinada a projetos educacionais e de atendimento à saúde.
“Todos os imigrantes africanos deveriam ser presos”. Não se surpreenda com a frase. A afirmação foi feita pelo ministro do Interior de Israel, Eli Yishai, na quarta-feira (16). Para ele, um ultra-ortodoxo que faz parte do governo de coalizão do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, todos os imigrantes africanos no país “deveriam ser presos”.
Segundo ele, a decisão “é dura, mas simples: pôr todos eles, sem exceção, em prisões e centros de detenção”, afirmou ao jornal israelense Hayom, em sua versão online. Para o ministro, os imigrantes ilegais “não respeitam a lei em Israel, e a prisão não assusta. Não possuem trabalho e ainda cometem delitos sexuais e contra a propriedade. Não se pode pôr em perigo a segurança dos cidadãos de Israel”, completou.
Qualquer semelhança com o nazismo e os campos de concentração não é mera semelhança!

Notícias dos EUA, o império decadente.


EUA sem fantasia. Excelente trabalho do economista chileno Manfred Max-Neff, especialista em economia internacional. Em um trabalho realizado em conjunto com o físico Philip B. Smith, intitulado “Economics Unmasked” (Economia Desmascarada), ele nos apresenta espantosos números sobre a realidade nos EUA.
Segundo dados oficiais apresentados no documento, 50 milhões de estadunidenses dependem de cupons governamentais para poderem comer e 45 milhões de estadunidenses não possuem seguro médico. Desde o início da crise, em 2008, 5 milhões de famílias já perderam suas casas por dívidas com bancos e mais 13 milhões de famílias devem ser desalojadas até 2014. No país mais rico do mundo, 3 milhões de pessoas são moradores de ruas (homeless).
Um dos dados mais alarmantes do documento é o que mostra a concentração de renda. Em um país com população de 300 milhões de habitantes, apenas 400 famílias ficam com mais de 50% de toda a riqueza (cerca de 1,57 trilhão de dólares)!
Parece piada! O presidente dos EUA, Barack Obama, anunciou na sexta-feira (18) que seu país está iniciando uma ação coordenada entre as iniciativas pública e privada para ajudar 50 milhões de pessoas que vivem na pobreza nos países em desenvolvimento. O objetivo é colaborar com a distribuição de alimentos nesses países. Por que ele não se preocupa com os milhões de famintos e sem lar no seu próprio país?
Uma vergonha! A “famosa” eficiência do FBI só funciona, mesmo, nos filmes de televisão. Na prática, é uma instituição vergonhosa e submissa aos interesses dos mais ricos. Quase um mês depois do atentado contra a agência de viagens em Miami, o FBI não interrogou um único suspeito e nem começou as investigações.
Um informe do Departamento de Bombeiros de Coral Gables, em Miami, confirma que o incêndio que destruiu o escritório da agência Airline Brokers, especializada em viagens para Cuba, foi intencional. Ou seja, trata-se de um ato criminoso. Mas o FBI não se mexeu, não tem suspeitos e nem iniciou as investigações.
Onde está a “liberdade”? Naquele país do norte, que fala tanto em “liberdade”, não se pode protestar! A polícia de Chicago prendeu quatro manifestantes que participavam de um protesto diante do prédio da Corte de Imigração contra as deportações que acontecem diariamente no país.
Entre os presos está o sacerdote ativista José Landaverde. Ele e a militante do Movimento Sem Fronteiras, Emma Lozano, estavam sentados na entrada do prédio e se negaram a sair dali com seus cartazes. Foram presos junto com outros ativistas do movimento “Occupy Chicago” que protestavam contra a reunião da cúpula da OTAN que se realiza na mesma cidade.
José Landaverde havia denunciado as “decisões injustas e inumanas” dos “juízes racistas” que “deportam trabalhadores e separam famílias”. Ele tem feito vários pronunciamentos apontando o aumento de ações da polícia contra imigrantes.
EUA financiam terrorismo na Síria. O governo dos Estados Unidos está ajudando países do Golfo Pérsico a enviar armamentos pesados e modernos para a oposição na Síria, que há 14 meses tenta derrubar o regime do presidente Bashar Al Assad. A revelação é de uma reportagem publicada na quarta-feira (16) pelo jornal “Washington Post”, que atribui a informação a rebeldes sírios e funcionários do governo Obama.
Segundo o jornal, o envio de armas e munição tem se intensificado nas últimas semanas, período em que entrou em vigor um plano de paz negociado pelo ex-secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, com autorização do Conselho de Segurança da ONU. “Estamos aumentando nossa assistência não-letal à oposição síria, e continuamos a coordenar nossos esforços com amigos e aliados na região para ter maior impacto no que estamos fazendo coletivamente”, teria dito um alto funcionário do Departamento de Estado dos EUA.
As principais portas de entrada dos armamentos seriam as fronteiras com a Turquia e com o Líbano, ainda de acordo com o jornal. Os principais financiadores dessa operação seriam os governos da Arábia Saudita e do Catar, além de outros países do Golfo Pérsico.
Segundo o “Washington Post”, esse auxílio aos rebeldes representaria uma mudança na posição do governo Obama sobre o conflito, que teria deixado de apostar em uma solução negociada, para reconhecer a possibilidade de um longo conflito armado no país.
Uma declaração muito séria. Noam Chomsky, linguista e filósofo estadunidense conhecido em todo o mundo, disse que o governo Obama mente e manda matar os que podem ser suspeitos de “terrorismo”. Professor do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, Chomsky criticou o uso de aviões não tripulados (“drones”) contra suspeitos de terrorismo classificando a prática como “assassinato e violação da justiça”.
As declarações foram feitas em um programa da emissora Democracy Now. “Durante a administração Bush nós sabíamos que as pessoas eram sequestradas e enviadas para locais de torturas”, disse ele, “mas na administração Obama as pessoas são assassinadas”.
Como são tratados os imigrantes? É estarrecedor o relatório divulgado pela “União Americana de Liberdades Civis”, entidade de defesa dos direitos humanos nos EUA. O relatório revela que os imigrantes presos nos EUA sofrem constantes violações em seus diretos humanos e são torturados em centros de detenção federais. O documento diz que a situação é ainda mais grave no estado da Georgia, onde vivem cerca de 500 mil imigrantes “indocumentados”. 

domingo, 13 de maio de 2012

Enfim, a justiça!



O coronel da Polícia Militar Mário Colares Pantoja, que comandou o massacre de Eldorado dos Carajás, em 1996, foi preso na segunda-feira (7) e vai cumprir a sua pena de 228 anos de prisão. O massacre resultou na morte de 21 sem-terra e deixou mais de 60 feridos. Pantoja já havia sido condenado a cumprir 228 anos de prisão pelos crimes, mas, por força de liminar expedida pelo Supremo Tribunal Federal (STF), aguardava os julgamentos de uma sucessão de recursos em liberdade.
O Tribunal de Justiça do Pará determinou também a prisão do major José Maria Pereira de Oliveira, condenado a 158 anos de prisão pela sua participou nos crimes. Porém, ele ainda não foi localizado. Apesar da ação policial contra 1,5 mil sem-terra ter mobilizado mais de 150 policiais, no dia 17 de abril de 1996, os oficiais foram os únicos responsabilizados. O governador à época, Almir Gabriel (PSDB), também não sofreu qualquer tipo de punição.
O Massacre de Eldorado dos Carajás aconteceu em 17 de abril de 1996, durante uma operação da PM para reprimir o tráfego da rodovia PA 150, no município de Eldorado do Carajás, sudeste do Pará, onde 1,5 mil trabalhadores ligados ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) realizavam um protesto.
Durante a ação, 19 foram assassinados. Na maioria dos corpos, restaram os sinais evidentes de execuções. Outros dois morreram a caminho do hospital. Mais de 60 pessoas ficaram feridas, muitas delas com sequelas que levarão para o resto da vida.

Dilma anuncia nomes para a Comissão da Verdade.


A presidenta Dilma Rousseff anunciou na noite de quinta-feira (10) os sete nomes que vão integrar a Comissão da Verdade (CV), criada há quase seis meses para investigar violações aos direitos humanos ocorridas entre 1946 e 1988, período que inclui a ditadura militar (1964-1988).
São eles: José Carlos Dias (ex-ministro da Justiça do governo Fernando Henrique), Gilson Dipp (ministro do Superior Tribunal de Justiça), Rosa Maria Cardoso da Cunha (advogada da presidenta e do seu ex-marido durante a ditadura), Cláudio Fonteles (ex-procurador-geral da República no governo Lula), Paulo Sérgio Pinheiro (diplomata com farta experiência em legislação internacional da ONU e da OEA), Maria Rita Kehl (psicanalista e escritora) e José Cavalcante Filho (jurista). 

TV Record mostrou parte da canalhice.


 Em horário nobre, a TV Record apresentou uma reportagem de 15 minutos mostrando as canalhices de Roberto Civita e sua Editora Abril. A matéria, muito bem montada, mostrou as provas já existentes da relação entre a revista Veja e a quadrilha de Carlinhos Cachoeira.   
Pela primeira vez o grande público ouviu as gravações feitas pela Polícia Federal (grampos) comprovando a ligação da Veja com o bando do Cachoeira. O diretor da revista, Policarpo Junior, é chamado carinhosamente de “Poli” ou de “PJ” pelos bandidos. Em uma das gravações o “Poli” discute com um bandido a melhor maneira de fazer as matérias que interessavam ao bando. Na verdade, as gravações feitas pela Polícia Federal comprovam que o verdadeiro “editor” da Veja era o Cachoeira e que dele partiu a iniciativa de criar o chamado “escândalo do mensalão”. Está tudo nas gravações e será muito difícil a Roberto Civita e sua Veja desmentirem.

Escravidão em área arrendada para a Klabin.


 A Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de Santa Catarina (SRTE/SC) libertou doze pessoas de condições análogas à escravidão na fazenda Pelotinhas, localizada no bairro rural de Morrinhos, em Lages (SC). A fazenda de 800 hectares pertence a empresa Arruda Rodrigues Participações Ltda. e está arrendada para a Klabin S.A., gigante no setor de papel e celulose. 
Os trabalhadores realizavam os serviços de corte de madeira e foram encontrados utilizando motosserras sem qualquer treinamento e sem equipamentos de proteção individual. Eles declararam que os poucos EPIs que possuíam foram comprados por eles. O empregador Marcos Antonio de Barba não disponibilizou água potável e nem instalações sanitárias aos funcionários, que bebiam água de uma sanga, espécie de brejo, e utilizavam o mato como banheiro. A água, de cor e origem duvidosa, também era usada para tomar banho preparar as refeições. Os empregados disseram que é comum os cavalos beberem água no mesmo local.
Um galpão e um trailer eram usados como alojamento. O galpão estava escorado por madeiras e apresentava grandes frestas e buracos no chão. No ambiente também eram armazenados sacas de cereais, maquinários, fogões e botijões de gás. Os empregados dormiam em colchões ou espumas próprios, em péssimo estado de conservação. “Um dos maiores absurdos que a equipe constatou foi que tábuas foram improvisadas no forro do galpão, e um colchão foi colocado, sobre a fiação elétrica, para que um dos empregados dormisse”, conta Lilian Carlota Rezende, coordenadora da operação.

EUA


Flagrante provocação. Na segunda-feira (07), a Força Aérea dos EUA iniciou “manobras militares conjuntas” com a Força Aérea da Coréia do Sul. Estão sendo utilizados 60 aviões de combate e centenas de pilotos dos dois países. Segundo informe oficial, as “manobras” se estenderão até sexta-feira (18) e incluirão simulações de combates, reabastecimento de combustível no ar e neutralização de um sistema de defesa “inimigo”.
O governo da Coréia do Norte está denunciando que as manobras acontecem muito perto da fronteira entre os dois países, o que aumenta a tensão na região. 
Enquanto isto, em Miami... A polícia estadunidense continua absolutamente parada e nada fez para desvendar o atentado contra a agência de viagens em Coral Gable. O FBI, que nos filmes de TV aparece com tanta eficiência, está em passo de tartaruga e já prorrogou duas vezes o início das investigações para descobrir quem colocou a bomba no escritório da empresa de viagens Airline Brokers, uma das poucas que vendem pacotes de turismo para Cuba.
A conhecida deputada representante da extrema direita estadunidense, Ileana Ros-Lehtinen, resolveu também se calar e nada diz sobre o atentado. Afinal de contas, ela foi a maior defensora do terrorista Orlando Bosch e continua sustentando o canalha maior, Posada Carriles.
O que ainda escondem? A juíza federal estadunidense Gladys Kessler negou na sexta-feira (11) o pedido para divulgar o último volume do informe oficial da CIA sobre a fracassada invasão do país à Baía dos Porcos, em Cuba, em abril de 1961. O NSA (sigla em inglês para Arquivos da Segurança Nacional) pediu em abril de 2011 (data do aniversário de 50 anos da tentativa de golpe), a abertura do quinto volume dos documentos. Apenas os quatro primeiros volumes foram liberados. O quinto é protegido por um dispositivo conhecido como “privilégio do processo deliberativo”, ou seja, estão imunes da lei.
O quinto volume, segundo Kornbluh, relata uma forte crítica à operação escrita pelo então diretor-geral da agência Lyman Kirkpatrick “que apenas demonstra o rancor da CIA em relação aos seus próprios oficiais (...) (A censura) tem por objetivo evitar a vergonha, a CIA não quer que o público tenha conhecimento deste volume”, protestou.

Giro pela Europa - 3


A Itália também se move. Assim como a Grécia, a Itália também disse “não” às medidas de austeridade impostas à população por conta da crise econômica e os eleitores provocaram uma grande derrota aos partidos de direita nas eleições municipais realizadas no domingo (06) e segunda-feira (07). Os eleitores italianos também preferiram os partidos de esquerda no primeiro turno das eleições que definirão os novos prefeitos de 941 cidades do país. “Sofremos uma derrota”, afirmou o secretário geral do PDL (Povo da Liberdade), partido conservador do ex-premiê Silvio Berlusconi, Angelino Alfano, após a divulgação dos primeiros resultados.
A Europa que vai acordando. As informações a seguir, sobre as recentes transformações na Europa e como o projeto neoliberal vai sendo derrotado, está no artigo de José Antonio Lima, em Carta Capital, sob o título “Os governos que a austeridade derrubou”.
Islândia - Geir Haarde – janeiro de 2009 (governo de centro-direita em coalizão com social-democratas). Haarde foi premiê da Islândia entre 2006 e 2009 e viu seu governo ruir a partir de outubro de 2008. Em apenas uma semana daquele mês, os três principais bancos do país (Kaupthing, Glitnir e Landsbanki) foram nacionalizados por conta de sua total incapacidade de rolar as enormes dívidas. A crise jogou a Islândia numa espiral de recessão que ainda não acabou. Haarde foi julgado por negligência na forma como tratou a crise e, em abril de 2012, num veredicto cheio de conotação política, foi considerado culpado por abordar pouco o tema da crise financeira nas reuniões de seu gabinete.
Reino Unido - Gordon Brown – maio de 2010 (governo de centro-esquerda). O Partido Trabalhista estava no poder desde 1997 quando foi derrotado nas eleições gerais de maio de 2010 pelo Partido Conservador. Mesmo com o segundo lugar no pleito, Gordon Brown, que substituíra Tony Blair em 2007, teve a oportunidade de montar uma coalizão com o Partido Liberal-Democrata (terceiro colocado). A missão se provou impossível. Com sua popularidade em queda por conta de um escândalo de gastos parlamentares e sem conseguir conter os efeitos da crise econômica, Brown desistiu. O conservador David Cameron tomou seu lugar e conseguiu conciliar os interesses de seu partido com os liberais-democratas.
Irlanda - Brian Cowen – janeiro de 2011 (centro-direita). Depois de um início de década com muita prosperidade, a Irlanda começou a afundar a partir de 2008. Naquele ano, a crise financeira e econômica deixou claro que a bonança do país era fruto de uma economia com fundamentos precários. Durante a tempestade, Brian Cowen assumiu o governo. Ele não conseguiu evitar os efeitos da crise e ainda assinou o pedido de resgate à União Europeia e ao Fundo Monetário Internacional. O resgate, que impunha uma série de medidas de austeridade ao país, passou a ser encarado como uma humilhação nacional pelos irlandeses. Em março de 2011, menos de três anos depois de assumir o cargo, Cowen saiu do poder como o primeiro-ministro menos popular da história da Irlanda.
Portugal - José Sócrates – março de 2011 (centro-esquerda). Sócrates estava no poder desde 2005 e liderou Portugal no momento mais agudo da crise. A partir de 2010, o desemprego cresceu rapidamente, assim como o déficit público, e seu governo passou a adotar medidas de austeridade. Inicialmente, as medidas eram moderadas, mas depois que falência do país se aproximou, elas precisariam ser aprofundadas. Em março, diante desta perspectiva, o governo de Sócrates foi derrubado e ele passou a comandar um gabinete de transição. Neste cargo, Sócrates protagonizou um grande vexame. Em 4 de abril de 2011, negou categoricamente que Portugal pegaria um empréstimo bilionário com o FMI e a UE. Em 6 de abril, anunciou a tomada do empréstimo.
Eslováquia - Iveta Radicova – outubro de 2011 (centro-direita). O partido de centro-direita de Radicova conseguiu liderar um governo de coalizão mesmo após receber apenas 15% dos votos nas eleições de junho de 2010 ao juntar sob seu comando quatro outras pequenas legendas. Radicova subiu ao poder pregando a redução de gastos por parte do governo e prometendo não aumentar os impostos. Seu governo caiu pouco mais de um ano depois, quando a Eslováquia precisou aprovar a ampliação de um fundo continental para resgatar economias que viessem a ter problemas. Sem conseguir fazer o plano avançar, Radicova aceitou deixar o poder em troca da posterior aprovação do texto.
Espanha - Jose Luiz Rodrigues Zapatero – dezembro de 2011 (centro-esquerda). Líder do Partido Socialista, Zapatero foi eleito em 2004 e 2008 para comandar o governo espanhol. No início de seu segundo mandato, se notabilizou por negar a crise, utilizando termos como “estagnação” e “desaceleração acelerada”. Depois, passou a tentar colocar em prática medidas para conter a crise, e fez até uma reforma constitucional em 48 horas. Nada adiantou e a taxa de desemprego explodiu. Sob ataques pesados do Partido Popular (centro-direita), Zapatero dissolveu o Parlamento em setembro de 2011 e não conseguiu fazer seu sucessor.
Itália - Silvio Berlusconi – novembro de 2011 (direita). O bilionário Berlusconi se envolveu em uma série de escândalos pessoais que abalaram sua imagem e também a de seu país. Mas o que derrubou Berlusconi foi sua falta de habilidade para lidar com a crise. Berlusconi deseja aplicar na Itália as medidas de austeridade pedidas pela UE e pelo FMI, mas não encontrava apoio. No início de novembro, encontrou a solução: em troca da aprovação de novas medidas de cortes de gastos, anunciou que deixaria o poder em favor de um governo de coalizão.
Grécia - Georges Papandreou – novembro de 2011 (centro-esquerda). Papandreou assumiu o governo grego em outubro de 2009. Em seu primeiro grande ato, anunciou que a dívida pública e o déficit no orçamento eram muito maiores do que o governo anterior divulgara anteriormente. Papandreou, então, colocou em prática duras medidas de austeridade, incluindo a redução dos empregos públicos, a venda de estatais e aumento de impostos. As medidas, sozinhas, não tiveram efeito para conter a crise, e a Grécia, então, buscou empréstimos do FMI e do Banco Central Europeu. Em novembro de 2011, após acertar os detalhes do empréstimo, Papandreou anunciou de surpresa que submeteria o pacote de resgate a um referendo popular. Na semana seguinte, ele estava fora do cargo.
Romênia - Emil Boc – fevereiro de 2012 e Mihai Razvan Ungureanu – abril de 2012 (centro-direita). A Romênia já está na segunda rodada de governos derrubados pela austeridade. O primeiro foi o de Emil Boc, que sucumbiu em fevereiro em meio a uma onda de protestos contra medidas como cortes de salários e aumento de impostos. Mihai Razvan Ungureanu substituiu Boc, mas não conseguiu completar três meses no cargo. Um novo premiê assumirá o comando do país até as eleições de novembro, mas sobram temores de que, diante das duras restrições impostas pelo FMI ao país, o próximo primeiro-ministro também terá dificuldades para se manter no cargo.
Holanda - Mark Rutte – abril de 2012 (centro-direita). Em abril, o governo de Rutte caiu depois de apenas 558 dias de existência, se tornando o quarto mais curto da Holanda desde a Segunda Guerra Mundial. Rutte, que presidia uma coalizão frágil, caiu ao perder o apoio do Partido da Liberdade, do extremista de direita Geert Wilders. A divisão ocorreu nos debates a respeito do orçamento da Holanda para 2013. Rutte queria aprovar um plano que previa o corte de 16 bilhões de euros, mas Wilders e seu partido não aceitaram, alegando que isto prejudicaria a economia. Os socialistas também rejeitavam os cortes.
França - Nicolas Sarkozy – maio de 2012 (centro-direita). O primeiro turno da eleição presidencial da França deixou clara a (falta de) popularidade das medidas de austeridade na Europa. Enquanto o presidente Nicolas Sarkozy (artífice, ao lado da Alemanha, da campanha pela austeridade) recebeu 27,2% dos votos, seus três principais rivais – François Hollande, Marine Le Pen, e Jean-Luc Mélenchon, todos contrários a essas políticas – receberam mais de 57% dos votos. No segundo turno, o país se dividiu em dois, mas Hollande foi eleito.
Espanha afunda ainda mais. O desemprego na Espanha chega quase a 25%. É o nível mais elevado em dezoito anos e coloca mais de 5,6 milhões de pessoas na rua. Em quatro das regiões autônomas, o nível de desemprego é superior a 30%, e em nível nacional o desemprego entre menores de vinte e cinco anos é de 52%. Isso não parece preocupar o governo liberal do senhor Rajoy que garante a manutenção do seu severo plano de austeridade.
Para superar a crise, um curso de prostituição. Não é piada e nem “pegadinha”. Uma campanha publicitária em outdoors com os dizeres “Trabalhe já! Curso de prostituição profissional” está causando problemas na cidade de Valência, no leste espanhol. Pelo preço de cem euros, uma empresa afirma ensinar desde “técnicas especiais” até a história da “profissão mais antiga do mundo”. As informações são do jornal espanhol Las Províncias.
Segundo a empresa que organiza o curso, 95 pessoas já se interessaram em participar. Um dos “professores”, identificado apenas por Brandon, afirma fazer programas desde os 18 anos e diz que, com esse curso, os profissionais do sexo estarão mais preparados.
Para salvar bancos ainda tem dinheiro? O governo da Espanha decidiu, na quarta-feira (09), “estatizar” o Banco Financiero y de Ahorros, e com isso controlará 45% do Bankia, quarta maior entidade financeira do país. Para isto, vai disponibilizar capital suficiente para sanear o grupo, informou o Ministério da Economia. O Bankia, possui cerca de 10 milhões de clientes e mais de 400 mil acionistas.
A maracutaia é bem simples: o governo vai transformar em ações o empréstimo de 4,465 bilhões de euros que o país concedeu ao grupo no final de 2008. Não é “bacaninha”? Enquanto isto, o desemprego chega a 25%!
Milhares de policiais protestam em Londres. Milhares de policiais do Reino Unido tomaram as ruas do centro de Londres na quinta-feira (10) para protestar contra os cortes aplicados pelo governo do conservador David Cameron e a deterioração de suas condições trabalhistas. “Cortaram 20% do orçamento da Polícia, mas não apenas isso: estão transferindo muitos dos serviços que poderíamos fazer a companhias privadas”, afirmou à Agência Efe Gary Sutton, inspetor da Polícia de Kent (sudeste da Inglaterra). Milhares de policiais sem uniforme vindos de diversas cidades britânicas - cerca de 20 mil segundo a imprensa - passaram pelo Parlamento de Westminster e Downing Street com cartazes que acusavam o premiê britânico de estar desmantelando a Polícia.
Quem manda na Europa? Certamente que Washington! E disto ninguém mais duvida... O Parlamento Europeu acaba de aprovar o novo acordo de transferência de dados pessoais às autoridades estadunidenses. Este acordo sobre os dados dos dossiês de passageiros (ditos PNR: Passenger Name Record) fixou as condições jurídicas. Alguns poucos deputados europeus tentaram questionar, dizendo que o acordo coloca o governo dos EUA acima dos direitos dos cidadãos europeus. Mas não adiantou.
O novo dispositivo aprovado prevê que os dados sobre todas as pessoas que viagem na Europa sejam transferidos para os serviços de inteligência dos EUA. As autoridades estadunidenses conservarão os dados PNR num banco ativo durante um período de cinco anos. Após os primeiros seis meses, todas as informações que poderiam ser utilizadas para identificar um passageiro seriam “despersonalizadas”, o que significa que dados tais como o nome dos passageiros e suas coordenadas deverão ser ocultados.
Ou seja, a “liberdade de ir e vir, na Europa, já não é livre”. Cada viajante europeu terá seu nome e seus dados pessoais transferidos para Washington. Quem manda na Europa?