segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Estudante da USP: "A única visão que eu tinha era das botas"

Uma estudante da USP denuncia, em depoimento, que foi agredida e ameaçada por PMs na ação de reintegração de posse da reitoria. Ela tentou registrar as agressões na polícia, mas não conseguiu. "Um deles pegou na minha nuca, bateu minha cabeça no chão várias vezes, na parte do couro cabeludo, para não deixar hematoma. Nisso passou um repórter da Globo, o primeiro a chegar no local. Quando eu o vi achei que era minha salvação: comecei a gritar e falar o que estava acontecendo. O repórter olhou com o maior desprezo e passou direto".

Raphael Ken Ichi Sassaki

Leia a íntegra no sítio http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=19076&boletim_id=1065&componente_id=17021

Os jovens guerreiros da praça Tahrir

Os guerreiros de Tahrir não levam armas. Óculos de natação para proteger os olhos das balas de borracha da polícia, um que outro pano ou lenço para se proteger dos gases lacrimogêneos letais, tênis velozes e uma expressão comum que atravessa o rosto de uma geração de guerreiros democráticos que têm entre 20 e 30 anos e já vão para sua segunda revolução. Estão unidos por uma fraternidade a toda prova e uma coragem capaz de desafiar a de qualquer soldado de elite de um exército profissional. A reportagem é de Eduardo Febbro, direto do Cairo.

Leia a íntegra no sítio http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=19071&boletim_id=1065&componente_id=17022

Cinismo genocida - (primeira parte)

NENHUMA pessoa sã, especialmente aquelas que tiveram acesso aos conhecimentos elementares que se adquirem em uma escola primária, estaria de acordo com que nossa espécie, de modo particular as crianças, os adolescentes ou jovens, sejam privados hoje, amanhã e para sempre do direito de viver. Jamais os seres humanos, ao longo de sua turbulenta história, como pessoas dotadas de inteligência, conheceram experiência semelhante.

Sinto-me no dever de transmitir àqueles que se ocupam em ler estas reflexões, o critério de que todos, sem exceção, estamos na obrigação de criar consciência acerca dos riscos que a humanidade está correndo de forma inexorável, rumo a uma catástrofe definitiva e total, em consequência das decisões irresponsáveis de políticos a quem o acaso, mais que o talento ou o mérito, pôs em suas mãos o destino da humanidade.

Sejam ou não os cidadãos de seu país portadores de uma crença religiosa ou céticos com relação ao tema, nenhum ser humano, em seu juízo são, estaria de acordo com que seus filhos, ou familiares mais próximos, pereçam de forma abrupta ou vítimas de atrozes e torturantes sofrimentos.

Depois dos crimes repugnantes que, com frequência crescente, a Organização do Tratado do Atlântico Norte, sob a égide dos Estados Unidos e dos países mais ricos de Europa, vem cometendo, a atenção mundial se concentrou na reunião do G20, onde se devia analisar a profunda crise econômica que hoje afeta todas as nações. A opinião internacional, e particularmente a europeia, esperava respostas à profunda crise econômica que, com suas profundas implicações sociais, e inclusive climáticas, ameaça todos os habitantes do planeta. Nessa reunião se decidia se o euro podia manter-se como a moeda comum da maior parte da Europa e, inclusive, se alguns países poderiam permanecer dentro da comunidade.

Não houve resposta nem solução alguma para os problemas mais sérios da economia mundial, apesar dos esforços da China, Rússia, Indonésia, África do Sul, Brasil, Argentina e outros de economia emergente, desejosos de cooperar com o resto do mundo na busca de soluções aos graves problemas econômicos que o afetam.

O insólito é que logo que a OTAN desse por concluída a operação na Líbia – depois do ataque aéreo que feriu o chefe constitucional desse país, destruiu o veículo que o transportava e o deixou à mercê dos mercenários do império, que o assassinaram e o exibiram como troféu de guerra, ultrajando costumes e tradições muçulmanas – a Agência Internacional da Energia Atômica (AIEA), órgão das Nações Unidas, uma instituição que deveria estar a serviço da paz mundial, lançou um informe político, carimbado e sectário, que põe o mundo à beira da guerra com o emprego de armas nucleares que o império ianque, em aliança com a Grã-Bretanha e Israel, vem preparando minuciosamente contra o Irã.

Depois do "Veni, vidi, vici" do famoso imperador romano há mais de dois mil anos, traduzido para o "vim, vi e morreu" transmitido à opinião pública através de uma importante rede de televisão logo que se tomou conhecimento da morte de Gadafi, as palavras são desnecessárias para qualificar a política dos Estados Unidos.

O que importa agora é a necessidade de criar nos povos uma consciência clara do abismo para onde a humanidade está sendo conduzida. Duas vezes nossa Revolução conheceu riscos dramáticos: em outubro de 1962, o mais crítico de todos, em que a humanidade esteve à beira do holocausto nuclear; e em meados de 1987, quando nossas forças enfrentavam as tropas racistas sul-africanas, dotadas com as armas nucleares que os israelenses as ajudaram a criar.

O xá do Irã também colaborou junto a Israel com o regime racista e fascista sul-africano.

O que é a ONU? – uma organização impulsionada pelos Estados Unidos antes do final da Segunda Guerra Mundial. Essa nação, cujo território estava consideravelmente distante dos cenários de guerra, tinha-se enriquecido enormemente; acumulou 80% do ouro do mundo e, sob a direção de Roosevelt, sincero antifascista, impulsionou o desenvolvimento da arma nuclear que Truman, seu sucessor, oligarca e medíocre, não vacilou em usar contra as cidades indefesas de Hiroshima e Nagasaki, no ano de 1945.

O monopólio do ouro mundial na posse dos Estados Unidos e o prestígio de Roosevelt permitiram o acordo de Bretton Woods, que atribuiu aos Estados Unidos o papel de emitir o dólar como única divisa que se utilizou durante anos no comércio mundial, sem outra limitação que seu respaldo em ouro metálico.

Os Estados Unidos, ao finalizar aquela guerra, eram também o único país que possuía a arma nuclear, privilégio que não vacilou em transmitir a seus aliados e membros do Conselho de Segurança: Grã-Bretanha e França, as duas mais importantes potências coloniais do mundo naquela época.

À URSS, Truman nem sequer informou uma palavra sobre a arma atômica antes de usá-la. A China, então governada pelo general nacionalista, oligárquico e pró-ianque Chiang Kai-shek, não podia ser excluída daquele Conselho de Segurança.

A URSS, golpeada duramente pela guerra, a destruição e a perda de mais de 20 milhões de seus filhos pela invasão nazista, consagrou ingentes recursos econômicos, científicos e humanos para equiparar sua capacidade nuclear com a dos Estados Unidos. Quatro anos depois, em 1949, testou sua primeira arma nuclear; a de hidrogênio, em 1953; e em 1955 seu primeiro megaton. A França dispôs de sua primeira arma nuclear em 1960.

Eram apenas três os países que possuíam a arma nuclear em 1957, quando a ONU, sob a égide ianque, criou a Agência Internacional da Energia Atômica. Alguém imagina que esse instrumento dos Estados Unidos fez algo para advertir o mundo sobre os terríveis riscos a que se exporia a sociedade humana quando Israel, aliado incondicional dos Estados Unidos e da OTAN, situado em pleno coração das mais importantes reservas do mundo em petróleo e gás, se constituía em perigosa e agressiva potência nuclear?

Suas forças, em cooperação com as tropas coloniais inglesas e francesas, atacaram Port Said quando Abdel Nasser nacionalizou o canal de Suez, propriedade da França, o que obrigou o primeiro-ministro soviético a transmitir um ultimato, exigindo o cessar daquela agressão, que os aliados europeus dos Estados Unidos não tiveram outra alternativa senão acatar.

(Continuará)



Fidel Castro Ruz
12 de novembro de 2011
20h15.

Cinismo genocida - (Segunda e última parte)

Para termos uma ideia do potencial da URSS em seus esforços para manter a paridade com os Estados Unidos nesta esfera, basta assinalar que quando se produziu sua desintegração, em 1991, na Bielorrúsia havia 81 ogivas nucleares, no Cazaquistão 1.400 e na Ucrânia aproximadamente 5 mil, as quais passaram à Federação Russa, único Estado capaz de sustentar seu imenso custo, para manter a independência.

Em virtude dos tratados START e SORT sobre a redução de armas ofensivas, assinados entre as duas grandes potências nucleares, o número destas se reduziu para vários milhares.

Em 2010, foi assinado um novo Tratado deste tipo entre ambas as potências.

Desde então, os maiores esforços foram consagrados ao aperfeiçoamento dos meios de direção, alcance, precisão e engano da defesa adversária. Imensas quantias são investidas na esfera militar.

Muito poucos no mundo, salvo raros pensadores e cientistas, se dão conta e advertem de que bastaria a explosão de 100 armas nucleares estratégicas para pôr fim à existência humana no planeta. A imensa maioria teria um fim tão inexorável como horrível, em consequência do inverno nuclear que seria gerado.

O número de países que possuem armas nucleares, neste momento se eleva a oito, cinco deles são membros do Conselho de Segurança: Estados Unidos, Rússia, Reino Unido, França, e China. Índia e Paquistão adquiriram o caráter de países possuidores de armas nucleares, em 1974 e 1998, respectivamente. Os sete mencionados reconhecem esse caráter.

Israel, ao avesso, nunca reconheceu seu caráter de país nuclear. Contudo, calcula-se que possui entre 200 e 500 armas desse tipo, ficando indiferente quando o mundo se inquieta pelos gravíssimos problemas que ocorreriam, em decorrência da eclosão de uma guerra, na região onde se produz grande parte da energia que move a indústria e a agricultura do planeta.

Graças à posse das armas de destruição em massa é que Israel pôde desempenhar seu papel como instrumento do imperialismo e do colonialismo, nessa região do Oriente Médio.

Não se trata do direito legítimo do povo israelense a viver e trabalhar em paz e liberdade, se trata precisamente do direito dos demais povos da região à liberdade e à paz.

Enquanto Israel criava aceleradamente um arsenal nuclear, atacou e destruiu, em 1981, o reator nuclear iraquiano de Osirak. Fez exatamente o mesmo com o reator sírio, em Dayr az-Zawr, no ano de 2007, um fato sobre o qual estranhamente a opinião pública mundial não foi informada. As Nações Unidas e a AIEA conheciam perfeitamente o ocorrido. Tais ações contavam com o apoio dos Estados Unidos e da Aliança Atlântica.

Nada tem de estranho que as mais altas autoridades de Israel proclamem agora sua intenção de fazer o mesmo com o Irã. Esse país, imensamente rico em petróleo e gás, tinha sido vítima das conspirações da Grã-Bretanha e dos Estados Unidos, cujas empresas petrolíferas saqueavam seus recursos. Suas forças armadas foram equipadas com o armamento mais moderno da indústria bélica dos Estados Unidos.

O xá Reza Pahlevi também aspirava a dotar-se de armas nucleares. Ninguém atacava seus centros de pesquisas. A guerra de Israel era contra os muçulmanos árabes. Os do Irã não, porque tinham se transformado em um baluarte da OTAN, que apontava suas armas para o coração da URSS.

As massas dessa nação, profundamente religiosas, sob a direção do aiatolá Khomeini, desafiando o poder daquelas armas, desalojaram o xá do trono e desarmaram um dos exércitos melhor equipados do mundo sem disparar um tiro.

Por sua capacidade de luta, o número de habitantes e a extensão do país, uma agressão ao Irã não guarda semelhança com as aventuras bélicas de Israel no Iraque e na Síria. Uma sangrenta guerra se desencadearia inevitavelmente. Sobre isso não deve haver nenhuma dúvida.

Israel dispõe de um elevado número de armas nucleares e da capacidade de fazê-las chegar a qualquer ponto da Europa, Ásia, África e Oceania. Eu me pergunto: A AIEA tem o direito moral de sancionar e asfixiar um país, se tenta fazer em sua própria defesa o que Israel fez no coração do Oriente Médio?

Penso realmente que nenhum país do mundo deve possuir armas nucleares e que essa energia deve ser posta a serviço da espécie humana. Sem esse espírito de cooperação a humanidade marcha inexoravelmente rumo a sua própria destruição. Entre os próprios cidadãos de Israel, um povo sem dúvida laborioso e inteligente, muitos não estarão de acordo com essa disparatada e absurda política que também os leva ao desastre total.

De que se fala hoje no mundo acerca da situação econômica?

As agências internacionais de noticias informam que "O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e seu par chinês, Hu Jintao, apresentaram agendas comerciais divergentes […] ressaltando as crescentes tensões entre as duas maiores economias do mundo."

"Obama usou seu discurso ― afirma a agência Reuters ― para ameaçar a China com sanções econômicas, a menos que comece a ‘jogar segundo as regras do jogo’…". Tais regras são, sem dúvida, os interesses dos Estados Unidos.

"Obama ― afirma a agência ― está envolvido na batalha pela reeleição, no próximo ano, e seus opositores republicanos o acusam de não ser suficientemente severo com a China."

As notícias publicadas na quinta-feira e sexta-feira últimas, refletiam muito melhor as realidades que estamos vivendo.

A agência estadunidense AP, a melhor informada desse país, comunicou: "O líder supremo iraniano advertiu os Estados Unidos e Israel de que a resposta do Irã será enérgica se seus arqui-inimigos lançarem um ataque militar ao Irã…"

A agência noticiosa alemã informou que a China tinha declarado que, como sempre, acreditava que o diálogo e a cooperação eram a única forma de aproximação ativa para resolver o problema.

A Rússia se opôs igualmente às medidas punitivas contra o Irã.

A Alemanha rechaçou a opção militar, mas se mostrou partidária de fortes sanções contra o Irã.

O Reino Unido e a França defendem fortes e enérgicas sanções.

A Federação Russa assegurou que fará todo o possível para evitar uma operação militar contra o Irã e criticou o informe da AIEA.

"‘Uma operação militar contra o Irã pode acarretar graves consequências e a Rússia terá que fazer tudo de sua parte para aplacar os ânimos’, afirmou Contantín Cosakov, chefe da comissão das Relações Exteriores da Duma" (Parlamento) e criticou, segundo a agência Efe, "as afirmações por parte dos Estados Unidos, França e Israel sobre o possível uso da força e de que o lançamento de uma operação militar contra o Irã está cada vez mais próxima".

O editor da revista estadunidense Executive Intelligence Review, Edward Spannaus, declarou que o ataque contra o Irã desencadeará a Terceira Guerra Mundial.

O próprio secretário da Defesa dos Estados Unidos, depois de viajar a Israel, há alguns dias, reconheceu que não pôde obter do governo israelense um compromisso de se consultar previamente com os Estados Unidos sobre um ataque contra o Irã. Chegou-se a esses extremos.

O subsecretário de Assuntos Políticos e Militares dos Estados Unidos desvelou cruamente os obscuros propósitos do império:

"Israel e Estados Unidos se envolverão nas manobras conjuntas ‘mais importantes’ e ‘de maior transcendência’ da história dos aliados, declarou no sábado (12) Andrew Shapiro, subsecretário dos Assuntos Políticos e Militares dos Estados Unidos".

"…no […] Instituto Washington para a Política do Oriente Médio, Shapiro anunciou que participarão nas manobras mais de 5 mil efetivos das forças armadas estadunidenses e israelenses e simularão a defesa de mísseis balísticos de Israel".

"‘A tecnologia israelense é essencial para melhorar nossa segurança nacional e proteger nossas tropas’, acrescentou…"

"Shapiro destacou o apoio do governo de Obama a Israel, apesar dos comentários da sexta-feira por parte de um alto funcionário estadunidense que expressou sua preocupação de que Israel não avisasse os Estados Unidos, antes de levar a cabo uma ação militar contra as instalações nucleares do Irã."

"Nossa relação com a segurança de Israel é mais ampla, mais profunda e mais intensa do que nunca antes."

"‘Apoiamos Israel porque é de nosso interesse nacional fazê-lo’ […] É a pura força militar de Israel o que dissuade os possíveis agressores e ajuda a fomentar a paz e a estabilidade."

Hoje, 13 de novembro, a embaixadora norte-americana na ONU, Susan Rice, disse à rede BBC que a possibilidade de uma intervenção militar no Irã não só não está fora da mesa, mas é uma opção real que está crescendo, por culpa do comportamento iraniano.

Ele insistiu em que a administração norte-americana está chegando à conclusão de que será necessário acabar com o atual regime do Irã para evitar que este crie um arsenal nuclear. "Estou convencida de que a mudança de regime vai ser a nossa única opção aqui", reconheceu Rice.

Não é necessário nem uma palavra mais.



Fidel Castro Ruz
13 de novembro de 2011
20h17

domingo, 27 de novembro de 2011

Ato em homenagem a Convergência Socialista emociona

A emoção tomou conta do ato público em homenagem aos militantes da Convergência Socialista que foram perseguidos e presos pela ditadura militar. O ato, que lotou o Auditório Paulo Kobayashi da Assembleia Legislativa de São Paulo na noite desse 17 de novembro, também reivindica reparação e Justiça aos militantes perseguidos da extinta organização. A atividade, que contou com mais de 250 pessoas, teve o apoio do deputado estadual Carlos Gianazzi do PSOL de São Paulo.

Bernardo Cerdeira, ex-editor do jornal Convergência Socialista e ex-preso político, explicou a motivação do ato. “Esse ato se insere nas comemorações dos 10 anos da Comissão de Anistia e é também uma homenagem aos militantes mortos, presos, demitidos, perseguidos pela ditadura,”, lembrando que a antiga organização fez parte da história da luta contra o regime de exceção.

Bernardo lembrou da ocupação do campus da USP pela PM, como prova da manutenção dos aparatos de repressão da ditadura militar e disse: “defender que a Verdade venha à tona, que se possa reconstituir a memória das vítimas desta perseguição, que haja Justiça e punição aos torturadores e assassinos, não é um exercício de nostalgia. É uma iniciativa para que isso nunca mais volte a acontecer em nossa história para que não haja torturas nem criminalização dos movimentos sociais”, sendo bastante aplaudido.

Também dirigiu uma critica contundente ao governo do PT que até hoje se recusa a abrir todos os arquivos secretos da ditadura. “Só pode haver uma verdade se os documentos forem abertos sem segredo de Estado” .

A Comissão da Verdade foi alvo de quase todos os oradores. A maior parte da criticas são dirigidas ao caráter totalmente limitado que não prever a possibilidade de punir os torturadores. “Uma verdadeira Comissão da Verdade indicia processa e pune os torturadores da ditadura” , avalia Bernardo Cerdeira.

Mas o momento de maior emoção no ato foi quando os presos políticos da CS foram chamados para frente da mesa. Lá estavam os ex-presos políticos da antiga Liga Operária e da Convergência Socialista que sofreram torturas e perseguições sob o regime militar

Na história desta repressão destacam-se duas operações movidas pelos órgãos de segurança. A primeira, em maio de 1977 contra a Liga Operária, que resultou em prisões e torturas dos militantes políticos. A segunda foi em agosto de 1978, quando a repressão coloca em prática a “Operação Lótus” e prende a direção da CS, além de três militantes estrangeiros, entre eles Nahuel Moreno. Toda história é contada em um documentário sobre as perseguições dos militantes da CS. O documentário foi exibido durante o ato e emocionou muitos ativistas.

Mais de 150 militantes da CS foram presos e enquadrados pela Lei de Segurança Nacional. Calcula-se que pelo menos 100 ativistas foram demitidos em razão de seus empregos devido a perseguição política. Hoje, uma Comissão de ex-presos e perseguidos políticos destas antigas organizações, que reúne 75 pessoas, reivindicam justiça e reparações junto ao Estado brasileiro.

Em sua fala, Agmar Oliveira, vice-presidente da Comissão Nacional de Anistia, explicou que os trabalhos desenvolvidos pela comissão nestes 10 anos correm o risco de paralisia. Por isso alertou: “É necessário uma pressão maior sobre a Comissão da Anistia e sobre o Ministério da Justiça para que sejam julgados os 6 mil processos que ainda precisam ser julgados” . O advogado ainda completou: “Não é demérito nenhum ser anistiado. O Estado brasileiro tem uma dívida com aqueles que litaram e foram torturados ou assassinados”, disse.
Márcia Basseto Paes, presa em 1977 por distribuir panfletos do 1° de maio, emocionou o plenário ao relatar sua experiência no cárcere ao lado de Zé Maria de Almeida e Celso Bambrila. Incomunicáveis, os presos corriam risco de morte nas mãos da polícia, que até então não reconhecia as prisões. Foi quando um grupo de operários foi a uma assembleia de estudantes na USP para denunciar as prisões. O fato levou o movimento estudantil às ruas, produzindo a maior mobilização contra a ditadura desde 1968. “Os companheiros tiveram muita coragem para ir à USP pedir liberdades democráticas e a nossa libertação. E isso não era fácil naquela época. Eu tenho certeza que se não fosse isso a gente não estaria mais aqui”, disse. Ela arrancou aplausos do plenário quando denunciou o papel do ex-senador Romeu Tuma, como um dos chefes da repressão durante a ditadura. “Tuma foi um torturador sim!”, disse sob aplausos.

Finalizando o ato e com a voz embargada, Zé Maria de Almeida criticou o governo por “blindar” os torturados da ditadura com a Comissão da Verdade. “Nós temos uma dívida com aqueles que não estão mais entre nós. Devemos isso para aqueles que morreram na luta. A presidente Dilma foi torturada, mas seu governo impede a punição e o esclarecimento dos crimes da ditadura”, criticou.

“Liberdade de imprensa”?

Esta aconteceu em Washington e mostra que “liberdade de imprensa” é uma expressão que os estadunidenses só usam quando interessa a eles, mas lá a coisa é diferente.
O fato aconteceu com o jornalista independente Sam Husseini que compareceu a uma coletiva do príncipe Turki al-Faisal, da Arábia Saudita (grande aliada dos EUA), no Clube Nacional de Imprensa de Washington. Ele aguardou pacientemente sua vez para fazer uma pergunta ao príncipe e perguntou: “que legitimidade tem o seu regime, caro senhor. O senhor se apresenta entre nós como representante de um dos regimes mais autocráticos do planeta (...). Que legitimidade tem o seu regime, além de bilhões de dólares e armas?”
O príncipe não respondeu, mas o governo dos EUA respondeu. No mesmo dia, Sam Husseini recebeu uma carta informando que estava suspenso do Clube Nacional de Imprensa.

Ernesto Germano

Criança pobre tem que trabalhar! ?

A idade média não está tão distante! Newt Gingrich, líder nas pesquisas do Partido Republicano para as eleições presidenciais de 2012, defendeu que crianças pobres deveriam trabalhar “para ganharem dinheiro e ética de trabalho”. A declaração foi feita em um encontro na Universidade de Havard e divulgada pe-la CNN. Gingrich, ex-congressista da Geórgia e um dos intelectuais do partido, disse que as leis contra o trabalho infantil são “absolutamente estúpidas” e propôs que as próprias escolas paguem os estudantes mais pobres para, por exemplo, limparem os edifícios. Uma pesquisa da Universidade Quinnipiac (Nova York) lançada nesta terça-feira (22) mostrou que Gingrich lidera as preferências para concorrer à Presidência pelo Partido Republicano, com o apoio de 26% dos partidários, passando o rival Mitt Romney, que tem 22%.
O que é ruim - os EUA - pode ainda piorar. Parece incrível...

Estão preparando a censura em larga escala

O Pentágono e o governo de Washington estão montando o cenário para uma grande guerra contra a liberdade na internet e vai afetar usuários no mundo inteiro. Um projeto de lei apresentado no Congresso cria as condições para que desapareçam páginas da Internet. O projeto, inicialmente, é simples: criar as condições técnicas para “apagar” sítios na internet que coloquem em risco a “propriedade intelectual”. Defendido arduamente por grupos de pressão de Hollywood, é apoiado por inúmeros congressistas estadunidenses (deputados e senadores) e estabelece um mecanismo pelo qual um certo “fiscal” poderia suspende e tirar do ar, páginas contrárias aos interesses da grande indústria de entretenimentos esta-dunidense.
O grande problema no projeto é que poderão ser fechadas páginas na internet e até mesmo determinado o bloqueio através do Sistema Nominal de Domínios (DNS), um mecanismo que permite a identificação das páginas.

Israel e seus crimes impunes

Todas as casas do povoado beduíno de Deqeiqa, no sul de Hebron, receberam ordem militar de demolição, em um mais um exemplo da política de expulsão israelense na Cisjordânia ocupada. O povoado, situado nas empobrecidas e desérticas colinas do sul de Hebron, é lar de cerca de 400 pessoas que vivem da pecuária e não têm eletricidade, nem água corrente. Em janeiro, o exército israelense demoliu 17 estruturas, entre elas um sala de aula, precários estábulos e 12 casas, e agora outras 75 estruturas, a maioria casas, também correm o risco de serem derrubadas. A denúncia está sendo feita pela Alon Cohen, uma ONG israelense. Yariv Mohar, porta-voz dos Rabinos pelos Direitos Humanos, acredita que as auto-ridades israelenses “querem anexar o sul de Hebron para que passe a ser parte do Neguev, porque está muito perto da fronteira e tem poucos habitantes palestinos”. O argumento do Exército é que Deqeiqa, fora dos mapas israelenses, é um mero “agrupamento de casas” e que não pode se manter como comunidade.
Curiosamente, procurei em todos os jornais e sites da internet, mas não encontrei uma só denúncia contra Israel. Não foi realizada qualquer reunião na ONU sobre o tema e ninguém pediu a intervenção da OTAN para garantir “ajuda humanitária” na região. Nada! Apenas o silêncio cúmplice enquanto Israel comete suas barbaridades!

Ernesto Germano

Pega a mentirosa!

María Corina Machado é uma representante da direita na Venezuela e possível candidata nas próximas eleições para disputar com Hugo Chávez. Há poucos dias, María Corina concedeu uma escandalosa entrevista em redes de rádio e TV, todas dominadas pela direita, dizendo que sofreu um atentado a tiros quando passava por um bairro popular da capital. A denúncia sobre o possível atentado ganhou páginas de jornais e muito destaque, mas a máscara caiu pouco depois.
Acontece que uma conversa telefônica entre ela e sua mãe foi divulgada e desmente tudo. Na conversa ela diz que “Mamãe, estou no escritório. Estamos bem. Olha, vai sair uma notícia de que sofremos um atentado a tiros e outras coisas, mas estou avisando que estamos bem. Eu estou em meu escritório, não venha para cá.” Na mesma conversa, sua mãe pergunta “Mas, como podem inventar isto?” e ela responde “Fique tranquila”.
Para ouvir a conversa: http://www.youtube.com/watch?v=ArO1BXkMXj8&feature=player_embedded

Honduras: 59 assassinatos políticos, sob as bênçãos de Obama.

Vamos supor que algum militante da oposição fosse assassinado a tiros, em plena luz do dia, em grande cidade da Venezuela, da Bolívia, do E-quador, da Argentina ou mesmo no Brasil, para não falar em Cuba. No mesmo dia, em questão de minutos, todos os jornais estariam estampando matérias sobre os “crimes bárbaros de opositores do regime” e, com certeza, o Departamento de Estado dos EUA faria uma série de pronunciamentos na ONU exigindo intervenção imediata para garantir a “democracia”. Não é?
Mas quando 59 opositores de um regime que tem as bênçãos de Washington são mortos, em um ano apenas, ninguém fala nada!
É o que está acontecendo em Honduras, onde o governo golpista derrubou o presidente democraticamente eleito (Zelaya) e depois recebeu o aval do governo Obama, com direito a visita da senhora Clinton para garantir que todos entenderiam a mensagem. Só para se ter uma idéia, em outubro passado o presidente golpista de Honduras, Porfírio Lobo, visitou Washington e foi recebido pessoalmente por Obama, com saudações calorosas. Nenhuma palavra foi dita sobre os assassinatos de membros da oposição ao regime!
Um dos casos mais recentes foi o assassinato de Pedro Salgado, vicepresidente do Movimento Unificado Camponês de Aguán. Ele foi morto a tiros e depois decapitado, dentro de sua casa! Sua esposa, Reina Irene Mejía também foi morta a tiros. Mas não se viu uma só palavra de Obama sobre isto! Direitos humanos só quando interessam...

No Chile, torturador foi homenageado.

A homenagem feita ao ex-repressor Miguel Krassnoff nesta segunda-feira (22), em Santiago, no Chile, provocou confrontos entre simpatizantes e opositores do regime de Augusto Pinochet (1973-1990). “É inaceitável para o povo chileno a homenagem ao violador dos direitos humanos Miguel Krassnoff”, disse a porta-voz da Associação de Familiares de Detentos Desaparecidos (AFDD), Mireya García, citada pelo Prensa Latina. A dirigente do grupo de direitos humanos rejeitou a iniciativa do prefeito de Providencia, Cristián Labbé, a favor do ex-repressor e ex-membro da polícia secreta de Pinochet. De acordo com investigações judiciais, Krassnoff está envolvido nos assassinatos do cantor e compositor Víctor Jara e do líder do Movimento de Esquerda Revolucionária, Miguel Enríquez, entre muitos outros crimes.

Da série “e se fosse em Cuba”?

Vejam o absurdo da matéria. No sábado, dia 19, o Ministério de Comunicações de Israel usou forças policiais para cortar as transmissões de uma estação de rádio em Jerusalém Oriental, a “Kol Hashalom” (“Tudo pela Paz”, em hebraico). O governo israelense resolveu fechar a emissora porque tem uma programação favorável à paz entre israelenses e palestinos. É claro que arrumaram uma desculpa logo divulgada pelos “jornalistas amestrados”. Dizem que a emissora foi fechada porque se tratava de uma “rádio pirata”. A emissora foi estabelecida por pacifistas israelenses em cooperação com palestinos, com a tentativa de substituir a lendária “The Voice of Peace” (A Voz da Paz), do ativista Abie Nathan. O deputado do partido conservador Likud Dany Danon disse que o Ministério de Comunicações fechou a emissora a seu pedido após alegar que a mesma “instigava” as pessoas contra Israel.
A pergunta é sempre a mesma: e se isto acontecesse em Cuba? E se o governo cubano fechasse uma estação de rádio? Certamente estaríamos vendo “protestos” em todo o mundo e nossos jornais estariam cheios de matérias sobre as maravilhas da “liberdade de imprensa”. Talvez a OTAN já estivesse programando uma “ajuda humanitária” com toneladas de bombas para serem lançadas sobre a Ilha. Mas foi o governo de Israel, um eterno aliado, então fazem questão de calar.

Estudantes fazem mobilização continental pela educação.

Estudantes latino-americanos marcharam nesta quinta-feira (24) em mobilizações por todo continente para defender o direito à educação pública e gratuita. O ato contou com a adesão de organizações estudantis e movimentos do Chile, Colômbia, Peru, Argentina, Brasil, México, Equador, Venezuela, Costa Rica, Paraguai, El Salvador, Bolívia, Uruguai, Espanha, França e Alemanha. As manifestações também acontecerão nas redes sociais. Chile e Colômbia são países que vivem atualmente intensas manifestações estudantis. No Chile, a mobilização por educação pública e gratuita começou há mais de seis meses e desencadeou mobilizações em diversos países da América Latina. Ontem, cerca de 12 mil pessoas participaram dos protestos. Na Colômbia, estudantes protestam desde o dia 12 de outubro contra a lei de reforma da educação superior. Os estudantes colombianos, que junto com os chilenos organizaram o 24N dizem que o objetivo da marcha vai além da queda da reforma da educação. Para eles, “o objetivo é alcançar uma educação gratuita, de excelência, e a serviço da sociedade a que se deve a universidade”.
Em São Paulo, as mobilizações estavam relacionadas às reivindicações dos estudantes da USP (Universidade de São Paulo), pela saída da Polícia Militar do campus da universidade e contra declarações do governador do Estado, Geraldo Alckmin, que sugeriu "uma aula de democracia” aos alunos que ocupavam a reitoria da USP. No Rio de Janeiro, os estudantes se reuniram na Ocupario, praça da Cinelândia contra a mercantilização da educação.

Mais trabalhadores resgatados em condições degradantes no Rio Grande do Sul

Ação conjunta do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e do Ministério Público do Trabalho (MPT) possibilitou o resgate de três pessoas submetidas a condições degradantes análogas ao trabalho escravo. Eles trabalhavam no corte de pinus, no distrito Eletra Blang, na zona rural de São Francisco de Paula (RS). Em outra fazenda, na zona rural de Cambará do Sul (RS), dois adolescentes de 17 anos foram encontrados trabalhando na mesma atividade, que é proibida para menores de idade.
Os três trabalhadores resgatados em São Francisco de Paula ficavam alojados em local sem higienização, água potável, lençóis e sem armários. Não possuíam registro em Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) e não recebiam equipamentos de proteção individual. A ação também constatou que não foram realizados exames médicos admissionais, além de os três se deslocarem entre o alo-jamento e as frentes de trabalho de forma improvisada, em um trator. Entre outras irregularidades, não havia sanitários na frente de trabalho, a comida era escassa e os trabalhadores que operavam motosserra não receberam qualquer capacitação.

Ernesto Germano

Trabalho escravo em obras da construtora MRV

A construtora MRV Engenharia poderá ser multada em até R$ 11 milhões pela utilização de trabalhadores em condição análoga à escravidão em duas obras no interior de São Paulo. As ações civis públicas foram propostas pelo Ministério Público do Trabalho, depois que fiscais flagraram a existência de trabalho escravo na construção do empreendimento residencial Beach Park, em Americana, e nas obras do condomínio Spazio Mont Vernon, em São Carlos.
No caso de Americana, a precarização do trabalho foi decorrente da terceirização dos serviços nas obras. Segundo o Ministério Público, a MRV utiliza-se de empreiteiras para fazer a intermediação da mão de obra e, com isso, tenta transferir a responsabilidade trabalhista às pequenas empresas. Nessa obra, o Ministério Público observou casos de operários sem receber salários, alojamentos e moradias fora do padrão legal e aliciamento de trabalhadores. Cerca de 60 trabalhadores estão nessa situação.
Em São Carlos, a fiscalização flagrou um canteiro de obras desorganizado, com detritos acumulados e desrespeito às normas de segurança e saúde do trabalho. Entre as irregularidades foram relatadas falta de proteção contra quedas e alojamentos improvisados. A fiscalização também documentou péssimas condições de conservação e higiene de colchões e o não fornecimento de armários, roupas de cama e travesseiros para os trabalhadores. De acordo com o procurador, entre 10 ou 12 trabalhadores foram encontrados nessa situação em São Carlos, que “não era da mesma gravidade que em Americana”.

Ernesto Germano