sábado, 20 de março de 2010

Greve, uma necessidade dos trabalhadores, um instrumento contra as elites!

O que move a sociedade, em qualquer tempo histórico, é sua capacidade de se indignar frente as injustiças. Mas, cabe dizer sobretudo aos mais jovens, que a mera discordância solitária, não passará nunca de uma crise individual e, portanto, não irá contribuir efetivamente para a mudança daquilo que se acha injusto.
Digo isto por trabalhar com jovens de várias tonalidades da classe média, alta, baixa, baixíssima e "todos" compram a ideia maldosa e geral dos veículos perversos de comunicação de massa de que greve é um atraso, "prejudica o desenvolvimento", "retarda o MEU curso e portanto a MINHA formação acadêmica", "prejudica o doente nos hospitais", "atrapalha os serviços prestados", e por aí vão as doses cavalares de ideologia que a burguesia usa para convencer a sociedade que a greve é um problema.
Ora, me parece fácil entender as razões da burguesia se dividirmos suas preocupações em duas: A primeira vou chamar de "imediata". Como são donos dos meios de produção, verem emperradas suas máquinas significa ausência de lucro, pronto! Mexeu com a parte mais sensível do empresário, quase sempre um ser insensível. Por que deveria me preocupar com o trabalhador, sua mulher e seus filhos, suas necessidades básicas, sua fome, se devo me preocupar com minhas lanchas, meus carros, minha casas e minha conta bancária alta?
A segunda preocupação da burguesia chamarei aqui de "manutenção do status quo". Essa é muito mais grave do que a primeira, pois mexe com a condição de estado, com a permanência do sistema opressivo que ela montou e que as greves, se constantes e articuladas podem vir a desmontar. As elites sabem que seu sistema funciona de cima para baixo e que, a parte governante é ínfima se comparada ao restante da sociedade. Por isto seus aparelhos ideológicos (TV, jornais, internet, rádios...) estão sempre a serviço da manuteção da ordem (status quo) e a ideia de menosprezar, ridicularizar, criminalizar as greves e outras manifestações populares faz parte da grade diária das mais diversas mídias.
Portanto, caros amigos, pensem duas vezes ao repreender uma greve como por exemplo nas Universidades públicas, geralmente sob o argumento de que "vai atrasar meu curso
", uma vez que se não fossem elas, as Universidades Públicas já teriam fechado e/ou sido privatizadas há muito tempo como estava previsto na arquitetura do "Plano MEC-USAID" nos ventre da ditadura militar brasileira, que redirecionou verbas públicas para o ensino privado, minimizou a escala risível o investimento na área de humanas, privilegiou o ensino técnico no estilo fordista em detrimento do ensino universitário, retirou das grades das faculdades de medicina, enfermagem... a disciplina sociologia, diminuiu os tempos de história e geografia do ensino médio e criou a maldade da tal "educação moral e cívica" para exaltar o sistema autoritário do pós 64. E isto, vale lembrar, com total apoio material e imaterial dos EUA, afinal o plano leva a assinatura de Tio Sam "Usaid". Mas por favor não pensem que esta política ficou nos idos dos anos 60 e 70, pois desde a Era Collor, com a benção dos EUA agora travestidos de Consenso de Washington, o neoliberalismo brasileiro voltou suas cargas e seus ódios contra os nossos mais caros bens públicos e de novo a condenação da universidade, da saúde, se ancorou nas Puc's, estácios, FGV's, ESPM's ou nas Unimed's, Golden Cross, Bradesco... O mestre do neoliberalismo brasileiro, Fernando Henrique Cardoso, que vendeu quase todas as nossas riquezas, foi o sucessor do mal sucedido Collor e há 8 anos Luis Ignácio de maneira mais sútil e dissimulada que FHC, vem dando sequência a política neoliberal, como por exemplo as vagas nas universidades privadas bancadas pelo governo chamadas de Prouni, ao invés de abrir novas vagas nas Uniersidades Públicas.
O que temos que ponderar é que país queremos, para quem queremos e para que queremos. E se vocês forem na montagem da estrutura colonial brasileira, verão que pouca coisa basilar mudou: continuamos latifundiários, dependentes do capital externo, governados por uma minoria com o rabo preso no eixo Europa e EUA, e de certa maneira, escravistas. Penso que o que nos falta é "raiva"! Penso que o que nos falta é canalizar esta raiva, esta indignação e voltarmos para as ruas, exigindo nossos direitos fundamentais e derrubando as estruturas carcomidas do velho colonialismo que insiste em se reeditar a cada governo com a capa das velhas novidades.

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