terça-feira, 16 de março de 2010

O 8 de março e a fúria secular da mulher trabalhadora

Primeiro encontro de Engels com Clara Zetkin no Congresso Internacional Socialista em Zurique, em 1893

"As mulheres levam sobre seus ombros a metade do céu e devem conquistá-lo"
Mao Tsetung

Primeiro encontro de Engels com Clara Zetkin no Congresso Internacional Socialista em Zurique, em 1893
Há cem anos, Clara Zetkin, destacada dirigente do Partido Social Democrata (Comunista) Alemão e da Internacional Comunista, propôs à II Conferência de Mulheres Socialistas, realizada em Copenhague, Dinamarca, que se definisse um dia de luta das mulheres para todo o movimento comunista internacional.
Era então agosto de 1910 e no mundo inteiro as mulheres militantes revolucionárias participavam da árdua tarefa delegada pela Segunda Internacional, quando esta ainda era composta pelos principais partidos e personalidades revolucionárias da época: a criação de autênticos partidos comunistas para dirigir a luta revolucionária em seus países. Já naquele período as potências imperialistas começavam a tocar os clarins para a primeira guerra imperialista de proporção mundial.
A proposta de Clara Zetkin, aprovada por aclamação na conferência de mulheres, foi preparada com afinco em vários países. Em 19 de Março de 1911, a primeira celebração do Dia Internacional da Mulher Trabalhadora mobilizou mais de um milhão de mulheres que tomaram as ruas das cidades da Alemanha, Suíça, Áustria e Dinamarca. Em Berlim ocorreram 42 reuniões naquele dia, o mesmo se deu em toda a Alemanha. No encerramento dessas reuniões, as mulheres desfilavam pelas ruas empunhando cartazes. Na Áustria, mais de 30 mil mulheres manifestaram-se nas ruas de Viena*.
Em 1912, milhares de mulheres reuniram-se em Essen, Leipzig e Erfurt. Grandes passeatas tomaram as ruas de Dusseldorf e Berlim, desdobrando-se em enfrentamentos com a polícia, resultando em inúmeras prisões das militantes mais combativas. Em 1912 e 1913 ocorreram reuniões de manifestações na Suécia. Também no ano de 1913, apesar da repressão tsarista, as revolucionárias russas celebram o dia em reuniões clandestinas em Moscou, Kiev, São Petersburgo, entre outras cidades. Em 1914, em Paris, mais de 20 mil mulheres promoveram a primeira celebração do dia internacional de luta das mulheres na França.
No dia 23 de fevereiro de 1917 do calendário gregoriano (8 de março no calendário ocidental), as mulheres russas manifestaram-se em São Petersburgo exigindo pão, o regresso dos maridos enviados para a frente de batalha na I Guerra Mundial, a Paz e a República. A greve estendeu-se rapidamente a todo o proletariado. Em poucos dias a greve de massas transforma-se numa insurreição e ao fim de cinco dias cai o império russo. A partir desse dia, o 8 de março passou a ser considerado a data mundial para a celebração do Dia Internacional da Mulher Trabalhadora.
A historiografia oficial, nos anos de 1950, tentou suprimir estas referências históricas excessivamente vinculadas ao movimento comunista internacional, oferecendo a versão do incêndio da fábrica têxtil no USA ou da manifestação das operárias em Nova Iorque para desvincular a data e seu caráter de classe, bem como o papel da luta revolucionária na determinação deste dia.
Resgatamos aqui sua história escrita com o sangue de inúmeras lutadoras do povo ao longo de séculos de luta, homenageando as heroínas da luta pelo socialismo nesse centésimo 8 de março.

*Informações divulgadas em artigo publicado por Clara Zetkin no jornal Die Gleichheit (A Igualdade). Órgão de imprensa dirigido às mulheres, cujo primeiro número foi publicado em janeiro de 1892. Clara Zetkin foi sua redatora-chefe até 1917.

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