quinta-feira, 10 de agosto de 2006

Um homem a serviço da luta contra a opressão


CINQUENTENÁRIO BRECHT
50 anos da morte do dramaturgo alemão são lembrados em todo o Brasil
Estréias de peças, seminários, workshops, debates, shows e palestras ilustram a importância e a contribuição do dramaturgo alemão para a história do teatro e para a história da luta contra a opressão.
Eduardo Carvalho - Carta Maior

No próximo dia 14 de agosto, comemora-se o cinquentenário da morte de Bertold Brecht. A partir desta quinta-feira, 9 de agosto, uma série de estréias de peças, shows de música de seus espetáculos, seminários, workshops e debates marcam a data em todo o Brasil.Ugen Friedrich Bertolt Brecht nasceu em 10 de fevereiro de 1898 em Augsburgo, Baviera, Alemanha. Em 1913 começou sua produção literária, ainda na escola. Escrita em 1918 e encenada em 1923, Baal é considerada a primeira grande peça do dramaturgo e poeta na fase inicial de sua obra. A partir da peça Um homem é um homem (1926), Brecht começa a se interessar pelo estudo do marxismo e a aplicação no campo estético. No final dos anos 30, ele começa a teorizar sobre o teatro épico como de superação da forma dramática.
Com a ascensão de Adolf Hitler e a Segunda Guerra Mundial, Brecht partiu para o exílio em países da Europa e acabou por fixar-se nos Estados Unidos, onde foi perseguido pelo movimento anti-comunista conhecido como Macarthismo. Retornou à Alemanha em 1945 e trabalhou em seu teatro, o Berliner Ensemble, nos últimos oito anos de vida, até falecer em 14 de agosto de 1956. Sua obra teatral abrange 50 peças, dentre as quais se destacam Mãe Coragem, Galileu, Galilei, Santa Joana dos Matadouros e O círculo de giz caucasiano, que trata da questão da disputa pela terra e que estréia no dia 09, no CCBB-Rio, com a Companhia do Latão e fica em cartaz até 24 de setembro.
O CÍRCULO DE GIZ CAUCASIANO GANHA MONTAGEM NO RIO“Obra-prima do teatro moderno” é como o poeta e tradutor Manuel Bandeira define O círculo de giz caucasiano, ao traduzir este que é um dos mais consagrados textos do dramaturgo alemão. E é a versão de Bandeira que a Companhia do Latão, grupo brasileiro dedicado ao universo brechtiano, estréia a convite do próprio CCBB para homenagear o dramaturgo alemão que uniu arte e política deixando um legado fundamental para o teatro moderno, abordando questões pertinentes até os dias de hoje. A tradução de Bandeira para O círculo de giz caucasiano foi encenada pela última vez em 1963, pelo Teatro Nacional de Comédia (TNC). O círculo de giz caucasiano foi escrito no final da Segunda Guerra Mundial, durante o exílio de Brecht nos EUA, e aborda a discussão sobre a disputa de terras. Um grupo de agricultores e outro de criadores de cabras disputam a posse de um vale fértil, cuidado e defendido dos nazistas durante a guerra pelos agricultores. A questão chega a bom termo, dando lugar à uma fábula, a história do círculo de giz caucasiano, passada na Geórgia, sobre a disputa de uma criança.O espetáculo conta com a participação especial do grupo Filhos da Mãe Terra, formado por crianças e adolescentes do Movimento dos Sem Terra (MST), do assentamento Carlos Lamarca, localizado na região de Sarapuí, no interior de São Paulo. Eles estão no vídeo que é utilizado como prólogo da encenação. “Essa montagem tem o objetivo de repensar o legado artístico de Bertolt Brecht em relação ao Brasil atual”, pontua o diretor do espetáculo Sérgio de Carvalho. “Talvez o principal aspecto da forma épica criada por Brecht seja a historicização dos acontecimentos. Não se procura mostrar a vida como ela é, mas como não deveria ter se tornado. O público é quem realiza o sentido da cena ao pensar sobre os subterrâneos dos fatos observados, ao estabelecer o vínculo interrogativo entre uma história que se mostra incompleta e suas causas sociais e econômicas”, explica o diretor Sérgio de Carvalho.“Escolhi esse texto por ser um clássico e por discutir a questão da terra. Acho o momento perfeito para essa encenação”, observa Sérgio de Carvalho. A montagem envolve uma super-produção: elenco de 11 atores que se dividem em 50 personagens ao longo de 2h40, com intervalo; a montagem é permeada por 21 canções especialmente compostas por Martin Eikmeier; dois músicos estarão em cena tocando cello, piano, instrumentos orientais e rabeca.

Agenda de atividades sobre Brecht:

1) O círculo de giz caucasiano Bertolt Brecht, com a Companhia do Latão. Estréia dia 9 de agosto, às 19h, no Teatro III do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) – Rua Primeiro de Março, 66. Centro – RJ. Tel. Tel (21) 3808.2020. Ingressos: R$ 10,00. De quarta a domingo às 19h. Duração: 2h40. Temporada: De 10 de agosto a 24 de setembro. Classificação etária: 16 anos.
2) Cida Moreira - Aos Que Estão Por Vir – Um Concerto CabaretTom Jazz - Avenida Angélica nº 2331 – Higienópolis - (11) 3255-363511 e 12 de agosto - 22h - de R$ 30,00 a R$ 50,00
3) Na Selva das Cidades
São Paulo - 1º,2,3 de setembro (sexta a domingo) - sexta e sábado, 21 horas, domingo 19 horas. Teatro SESC Pinheiros - R. Paes Leme , 195 - Pinheiros - Telefone: 11 3095-9400
Santos (ou Ribeirão Preto) - 8 e 9 de setembro - sexta e sábado
Teatro SESC Salvador - 12 e 13 de setembro - terça e quarta.
Teatro Vila Velha - Avenida Sete de Setembro s\n – Passeio Público - Telefone: 71 3336-1384.Workshop - Teatro Vila Velha: 11 de setembro - segunda
Guaramiranga - (XIII Festival Nordestino de Teatro de Guaramiranga)15 de setembro – sexta - Teatro Municipal Rachel de Queiroz
Fortaleza - 16 de setembro – sábado - Theatro José de Alencar - Praça José de Alencar s/n - Centro - 85 252-2324 Workshop - SESC Fortaleza: 19 de setembro - terça
Brasília - (Cena Contemporânea - Festival Internacional de Teatro de Brasília) - 21 e 22 de setembro - quinta e sexta - Teatro Nacional - Sala Martins Penna. Workshop - Festival Cena Contemporânea: 21 de setembro - quinta.

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