quinta-feira, 25 de outubro de 2007

O neo-nazismo: da Suiça ao Rio de Janeiro

Na propaganda de rua ao lado, vê-se o escárnio do neo-nazismo que exalta a expulsão dos "estrangeiros criminosos" da Suiça, e tudo isto em nome da "segurança". No canto direito o símbolo do partido UDC, contrasta o sol feliz a comemorar com a face desolada da ovelha diferente das demais pagando o preço da intolerância.
Quando será que veremos uma campanha como esta no Brasil? Afinal, a julgar pela política de César "imperador" Maia e "Adolf" Cabral Filho, só está faltando o cartaz. Mas por favor neo nazistas fluminenses, não esqueçam de colocar seus partidos, respectivamente DEM e PMDB!

No cartaz, podem-se ver três ovelhas brancas situadas sobre uma bandeira suíça, dando uma patada com os membros traseiros em uma ovelha negra, que expulsam do quadro. O desenho em questão não é mais que o último capítulo de uma longa série de provocações feitas pelo SVP-UDC (Partido Popular da Suíça), a formação nacionalista do caudilho de direita Christoph Blocher. O que marca a diferença de outras campanhas do mesmo tipo que possam existir na Europa é que o homem que dirige esse partido não é um radical nem um messiânico exaltado, mas sim um poderoso e brilhante industrial de Zurique que ocupa o cargo de conselheiro federal (equivalente a ministro) da Justiça e da Polícia, e, portanto assim, consegue disfarçar melhor seu neo-nazismo, travestindo-se de bem sucedido empresário. A ovelha negra não seria outra coisa senão a óbvia metáfora escolhida pelo SVP-UDC para simbolizar os "criminosos estrangeiros" que, segundo eles, "abusam do sistema, fazem badernas e traficam drogas" na Suíça. Estrangeiros indesejáveis que o partido de Blocher, capitaneado por seu presidente, Ueli Maurer, deseja ver deportados o quanto antes.

A mensagem calou fundo entre seus conterrâneos, já que o SVP-UDC é o que possui maior número de assentos no Parlamento, com quase 30% dos votos e o pior, venceu as eleições parlamentares de 21 de Outubro. A campanha, que incluiu a remessa de suas propostas de porta em porta, chamou a atenção inclusive da Organização das Nações Unidas. O relator especial para Racismo da ONU, o senegalês Doudou Diène, viu-se obrigado a alertar as autoridades sobre o perigo de "desvios xenófobos" em um país que se orgulha de sediar organismos internacionais como o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos ou a Cruz Vermelha Internacional.
Em um recente debate televisivo, o caudilho de Zurique advertiu claramente: "Serei ainda mais perigoso fora do governo, porque agora conheço por dentro os mecanismos do poder". Eis uma característica do velho nazi-fascismo: a política de ameaças, o medo impositivo, a sentença que propaga a idéia de impotência, pois de uma forma ou de outra "serei perigoso", logo é inútil tentar me deter.

Explicar o Neo nazismo como fruto da política neo liberal não é tarefa difícil. A globalização burguesa expande a cultura dominante esmagando as demais, exporta modelos teoricamente bem sucedidos amplamente veiculados pelos meios de comunicação de massa, transforma em lucro a miséria do mundo, incentivando o crescimento das elites regionais que acirram ainda mais as contradições sociais. Esse mar de gente que não pode jogar o covarde jogo neo-liberal está excluído e busca, naturalmente, outras paragens, migrando em busca de oportunidades que lhes foram negadas em seus países de origem. Por outro lado, os países de IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) atrativos formulam e executam políticas protecionistas que vão além das leis invisíveis de mercado, adotando o discurso excludente e perigoso do ultranacionalismo xenófobo, que revive a barbárie dos tempos coloniais e escala seres humanos por etnia, raça, credo e classe social.

Enquanto isso... no Rio de Janeiro,

O Nazifascista Secretário de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame, aquele mesmo que ordenou ataques sucessivos e ininterruptos ao Complexo do Alemão na Penha – RJ, matando pessoas em nome da luta contra o narcotráfico, fortalecendo o Estado-Policial ainda mais, disse nessa terça-feira dia 23 de Outubro, dois dias depois da derrota da humanidade na Suíça, que sua estratégia contra a "bandidagem" está correta, se referindo a lamentável cena de perseguição e morte que as televisões mostraram sem críticas. Ali, na favela da Coréia, em Senador Camará , um helicóptero da polícia dava tiros em dois SUSPEITOS que corriam morro abaixo. As balas furavam a terra ainda seca e explodia em pequenos chumaços de areia até que os supostos traficantes foram mortos por uma polícia assassina, liderada por um secretário neo-nazista que ainda ousou argumentar assim o fato dos traficantes levarem para a zona sul seus armamentos e drogas:
“É difícil a polícia entrar ali, porque um tiro em Copacabana é uma coisa. Um tiro na favela da Coréia, no complexo do Alemão (zonas oeste e norte respectivamente) é outra”.
O comentário argumentativo deste secretário, pasmem, de segurança pública, carrega a real face da elite carioca que entende haver de fato uma cidade partida, uma segregação espacial e social que se reflete no tratamento diferenciado dado às populações marginalizadas.
E como se não bastasse e até como desdobramento desta política segregacionista, o governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral Filho não deixou por menos. No dia 24 de Outubro, ontem, se justificando por ser a favor da legalização do aborto como forma de acabar com a violência, evocou as teses dos autores de "Freakonomics", livro dos norte-americanos Steven Levitt e Stephen J. Dubner, que estabelece relação entre a legalização do aborto e a redução da violência nos EUA.. Os economistas estadunidenses escreveram isto na década de 70 e o governador do Rio argumentou assim seu racismo:
"Tem tudo a ver com violência. Você pega o número de filhos por mãe na Lagoa Rodrigo de Freitas, Tijuca, Méier e Copacabana, é padrão sueco. Agora, pega na Rocinha. É padrão Zâmbia, Gabão. Isso é uma fábrica de produzir marginal", declarou e decretou Adolf Cabral Filho.
O desinformado governador não leu os últimos relatórios do IBGE, que afirmam que as mulheres de baixa renda tem tido menos filhos, que portanto, a curva de natalidade vem caindo ano-a-ano no Brasil e nem por isso a pobreza diminuiu.
A onda neo-nazista chegou de fato ao Rio de janeiro e não está apenas na esfera estadual. Não podemos esquecer a insistente tentativa do prefeito-imperador, César Maia, em impor na marra, contra a vontade dos profissionais da educação e estudantes, a malfadada "aprovação automática" nas escolas municipais. Mais uma tentativa de maquiar números às custas da população pobre que, segundo tal política, terá tratamento diferenciado em relação ao filho da classe média de escolas particulares.
Pobre Rio de janeiro, tão longe da sua tradição à esquerda, tão perto da tirania neo-nazista.
Sinto-me como àquela ovelha negra do quadro acima, desolado e estrangeiro em meu próprio país, cercado por um putrefato sistema social que olha pessoas e enxerga lucros, que não entende o pluralismo e não respeita a diferença.
"Erguei-vos, ó vítimas da fome"!

3 comentários:

Anônimo disse...

neonazismo falta de emprego p/ os ocupantes.....

Anônimo disse...

Não adianta fala que vão matar os nazista... nós dominamos o mundo e os negros estão ferrados esse negocio de comunidade anti nazistas e os farcadas porque não resolve nada... policia, governos, fala o vocês que perdem tempo de suas vendas não adianta ate quando vou falar que não adianta, não adianta... não adianta nos ja estamos dominando tudo... ate quando vou dizer não adianta você não vão conseguir ter sucesso.

Anônimo disse...

Gosto do conceito neonazista, entretanto não sou racista. Gostar de uma ideologia é uma coisa, segui-la é outra. Uma sociedade razoável não se faz separando brancos e negros, e sim, cuidando para que a faixa de pobreza diminua, reduzindo assim a criminalidade, abrindo mais vagas nas escolas, dando empregos para pessoas de pouca cultura, mas se vermos bem, não é o neonazismo ou o nazismo que criou esta situação no Rio ou no Brasil... São as políticas que servem apenas para os que já estão "em cima", os ricos e poderosos. Antes mesmo dessa idéia de nazismo, já havia a separação e o expurgo dos pobres e negros. Não posso dizer que sou Neonazista total, caso o racismo seja a meta, mas não nego gostar.