quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

A vitória de Chávez!

A imprensa “amestrada” continua sem conseguir entender o que se passa na Venezuela e, mesmo sem querer, acaba fortalecendo o papel de Hugo Chávez no processo de mudanças que acontecem na América Latina. Nos dias seguintes ao plebiscito sobre a reforma constitucional, os nossos jornais estamparam manchetes ressaltando a vitória do “não” e a manutenção da atual Constituição.
Nas semanas que antecederam o dia 2 de dezembro, jornais brasileiros faziam matérias enaltecendo a preocupação da “oposição” em não permitir as alterações propostas por Chávez. E, até agora, não perceberam a esparrela em que acabaram caindo. Nossa imprensa, orientada por Washington, cai no mesmo erro já cometido por Bush e pela direita mais reacionária da Venezuela. Mostram a vitória do “não” como um avanço “democrático” sobre o possível ditador Chávez.
O que não perceberam? Por que, ao contrário do que dizem, esta foi uma vitória de Chávez?
A nossa imprensa parece ter esquecido a história recente e se confunde nos dados e análises. A vitória de Chávez acaba estampada nas entrelinhas das matérias e, para percebermos isto, basta fazer um breve retrospecto na história da Venezuela.
No dia 17 de novembro de 1999 era promulgada a atual Constituição da “República Bolivariana da Venezuela” que, em seu preâmbulo, dizia: “El pueblo de Venezuela, en ejercicio de sus poderes creadores e invocando la protección de Dios, el ejemplo histórico de nuestro Libertador Simón Bolívar y el heroísmo y sacrificio de nuestros antepasados aborígenes y de los precursores y forjadores de una patria libre y soberana”. Ou seja, a nova Constituição assegurava o bolivarianismo e o resgate da soberania e das participações populares, enquanto a Constituição anterior, de 1961, era autoritária e excluía o povo de qualquer tipo de participação política ou social. É nesta Carta que Chávez assume o caráter revolucionário do seu governo e define o país como “República Bolivariana”.
Em 2001, dando continuidade às reformas constitucionais, Chávez apresenta os 48 projetos de leis que levam a reestruturação do sistema produtivo venezuelano, concretiza as transformações sociais e as mudanças econômicas mais profundas. Nasce neste momento a Lei da Terra (reforma agrária) e a Lei dos Hidrocarburos (nacionalização do petróleo e reforma da empresa petrolífera). Cria os “Círculos Bolivarianos”, espaços de participação e organização popular.
E foram estas mudanças que causaram profundo abalo na direita do país. A ponto de montarem um golpe de Estado, em abril de 2002, tentando retirar pela força um presidente legalmente eleito. O golpe falhou devido à participação popular e Chávez é reconduzido ao Palácio Miraflores. Mas a direita continua conspirando contra a Constituição de 1999 e monta a nova farsa: uma greve geral, em 2003, convocada por uma central sindical de fachada! Também são derrotados e retornam aos seus gabinetes refrigerados onde continuam a conspirar.
O curioso é que, nas duas ocasiões golpistas, uma das principais bandeiras da direita venezuelana era o “não reconhecimento da Constituição Bolivariana” e o retorno à Constituição de 1961.
Durante mais de seis anos, a direita criticou, combateu e procurou desconhecer a Constituição Bolivariana. E agora, sem perceberem da armadilha, se transformaram em legítimos defensores e fiéis depositários da legalidade Constitucional. Por mais de dois meses, financiados com dólares enviados por Bush, foram para as ruas defendendo a Constituição Bolivariana. A mesma que renegavam há pouco tempo.

(Ernesto Germano – dezembro de 2007)

2 comentários:

Anônimo disse...

Ninguém mereceeee...
A imprensa brasileira tá sempre se metendo onde não é chamada, seguindo sempre os "bons exemplos" norte-americanos... Tomara que continue quebrando a cara e gerando o efeito contrário nos seus toscos objetivos... aff
Um dia o mundo acorda... rs

Anônimo disse...

Roosevelt,
eu estava lendo o jornal o globo de hj que diz que o Brasil pode condenar Chavez por ele poder ter uma ligacao com as Farc.Sera q nao eh mais manipulacao da nossa querida imprensa?