sábado, 22 de outubro de 2011

Alguma coisa aconteceu no meu coração. Ele ficou mais sensível, mais aberto e mais quente. Foi São Paulo. A cidade do concreto, que me recebeu com um abraço apertado, intenso, daqueles que se sente lá dentro e que parece que dura um tempão e nunca mais vai embora.
Pelo meio de tantos prédios, carros, pessoas, nuvens, se vê dor, alegria. Se vê arte. Se vê poesia. Seja aquela presente nos pés de Garrincha, ou no coração do corinthiano fanático; aquela que está na voz dos homens, sejam eles malandros, existencialistas ou simplesmente crianças. Aquela que não precisamos enxergá-la, mas senti-la. Senti-la naquela cela desesperadora em tempos de calamidade, de frieza dos que não a enxergam. Como podemos conter nossas lágrimas ao ver um homem sem a poesia? Pois nem sequer os olhos para enxergá-la ele tem. E o que dizer daqueles que os têm, e que sentem a maldita? Estes têm o dever de mostrá-la, escancará-la, sendo assim, solidários com aqueles impossibilitados por uma grande nuvem que quando se precipita deixa cair gotas de sangue manchando São Paulo corroendo toda a poesia que há nela. Porém, é um ciclo. A poesia pode até ser corroída, mas ela volta... Ela volta mais forte, mais bonita, se dissipando pelos ares paulistanos, alcançando o coração de cada um que sente essa cidade de concreto.


Ingrid Manzini

Um comentário:

Catarina Schumann disse...

Ingrid
Muito lindo! Realmente, você é um grande talento e uma grande promessa para a Literatura. Parabéns!