sábado, 25 de fevereiro de 2012

Desabafo em tempos de folia



 Não sou ninguém é bem verdade, apenas um amante da cultura popular que nestes dias exala em forma de samba. E este é o ponto. Sei que o carnaval é um daqueles marcos culturais que já perdemos para o comércio, para a indústria, assim como o futebol. Nesse sentido, é fácil explicar o que leva o Paulo Barros e sua Unidos da Tijuca a causar tanto furor. Nada contra este artista, mas ele faz tudo, menos carnaval nos moldes que fui acostumado a entender. O que ele faz é entretenimento e uma vez chegou a dizer que seu sonho era trabalhar para os Estúdios Dsiney ou para a Pixar... faz sentido.O que não aceito é ver a Portela, com a inenarrável Clara Nunes, ficar atrás do Michel Jackson, embora a merecida homenagem da Tijuca a Luiz Gonzaga. Não dá para ver a Mangueira com a tradicional bateria de um surdo só, fazer uma parada daquelas na Avenida e colocar a massa para cantar a raíz do samba carioca do Cacique de Ramos, ser superada pela Rainha Elizabeth, Roberto Carlos e outros "reis" na cabeça de quem nasceu para ser Disney. Que o Paulo Barros é criativo, não duvido. Que é um artista, muito menos. Mas não posso deixar de dizer que não caio na esparrela midiática de que vivemos uma Era Paulo Barros, como um dia vivemos a Joãozinho Trinta e blá blá blá...Sei que minha visão já foi superada há muito pela mega indústria que gira em torno desta mina de lavar dinheiro, mas insisto em evocar João Nogueira, Cartola, Sinhô, Delegado, Noel Rosa, Clara Nunes, Beth Carvalho, Zé Keti... e todos que de uma forma ou de outra entoam: "...samba, agoniza mas não morre, alguém sempre te socorre, antes do destino derradeiro..."

Rooseveltt de Lima

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