domingo, 25 de novembro de 2007

¿Por qué no te callas?

Na semana retrasada aconteceu no Chile a Décima Sétima Cúpula Ibero-americana. Na capital, Santiago, Chefes de Estado e de governo de 22 países de língua portuguesa e espanhola da América Latina e da Europa se reuniram de 08 a 11 de novembro, para debater políticas sociais que tornem as sociedades ibero-americanas mais justas e inclusivas. Esse era o foco da 17ª Cúpula Ibero-americana, que teve como tema neste ano Coesão Social.
Tudo corria de forma protocolar, burocrática, como os ministros e assessores haviam combinado antes dos seus chefes entrarem em cena para as fotografias. Faltavam apenas os discursos, as colocações políticas, as defesas ideológicas e a exposição de interesses econômicos, como também é praxe em encontros como este.
Até que os microfones foram abertos para o venezuelano Hugo Chávez, que fez um breve elogio ao Primeiro Ministro espanhol José Luís Zapatero e duras críticas ao ex-presidente da Espanha, José Maria Aznar. O presidente da Venezuela chamou Aznar de “verdadeiro fascista” por ter apoiado a invasão dos EUA ao Iraque e ter mandado soldados espanhóis para ajudar a impor a cultura ocidental no Oriente.
Foi aí que o rei(?) Juan Carlos (?) interrompeu o debate entre Chávez e Zapatero, perguntando de forma inquisidora a razão de o Chefe de Estado da Venezuela não se calar. A "majestade", que nunca fora eleita para nada por seu povo, se levantou e foi embora, deixando um clima tenso no ar, que as empresas de comunicação de massa do Brasil aproveitaram para escancarar em críticas sobre a postura de Chávez. Há uma semana se explora a suposta impetuosidade do venezuelano, tentando relacioná-lo a um ditador, atrelando o debate daquela Cúpula a um “presidentezinho terceiromundista”, que não está à altura dos grandes chefes de Estado do mundo e que muito envergonha a América Latina, blá, blá, blá.
Vossa Majestade, rei (?) Juan Carlos (?), sou um plebeu cearense, que nunca será chamado por nenhuma cúpula Ibero-americana para se posicionar. Mas minha latinidade resolveu responder a pergunta que Chávez não ouviu ou não quis responder:
Não nos calamos por que nunca foi de nossa índole a passividade, nem quando seu país era um Império em nossa América, saqueando nossas riquezas num tempo tenebroso para todos nós americanos e quando a Espanha de fato era uma monarquia tirana, diferente de hoje que o bobo da corte tira onda de rei e acha que pode vir em nossa América e tentar reviver o século XVI, mandando nossas lideranças indígenas arrefecer seus ânimos, com o ferro de sua coroa e o fogo de sua Igreja. E ainda assim, rei(?), eles não se calaram.
Não nos calamos,” majestade”, em nome dos 6 milhões de índios que vocês dizimaram na sanha alucinada por ouro e prata que moveu seu país na nossa América e hoje se move junto aos EUA ao Iraque, para atuar como lacaios dos novos imperialistas e ver se sobra um quinhão do ouro negro que banha aquelas costas.
Não nos calamos, ó figura decorativa, em respeito aos heróis que nunca se calaram como Tupac Amaru, José Martí, Morelos, Hidalgo, Che e tantos outros que cometo a injustiça de não relacionar, mas que você, suponho, já ouviu ao menos falar.
Não nos calamos, ó bibelô de Palácio, pois não nos conformamos com um mundo de dominadores e dominados e, portanto, repudiamos o triste papel que a Espanha cumpre no “novo” cenário mundial.
Não nos calamos, ó parasita do dinheiro público espanhol, por correr em nossas veias a dignidade que vocês nunca tiveram ao pisar no que vocês ousaram em chamar de “novo mundo” e ao fincarem suas patas fétidas por 330 anos em nossa casa cometeram além do maior genocídio que se tem registro na história, um estupro religioso que impôs a nossa cultura politeísta seus valores monoteístas-monolíticos-cristãos, os mesmos que querem impor agora vocês, os novos Cruzados, no Oriente Médio.
Não nos calamos pois não nos rendemos, ainda que tudo conspire à favor dos tiranos.

Aos que leram esse artigo, um abraço bolivariano e a esperança de ver nossa América livre, independente e latina, expurgando de vez um dia, os reis e rainhas da velha ou da nova nobreza, que insistem em nos oprimir.

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