segunda-feira, 6 de maio de 2013

Folha de São Paulo financiou torturas e desaparecimentos.


 Cláudio Guerra é um ex-delegado da Polícia Civil de São Paulo e, há pouco tempo, concedeu uma entrevista aos jornalistas Marcelo Netto e Rogério Medeiros contando como funcionava o sistema de repressão e como eram realizadas as execuções sumárias de opositores do regime militar. O depoimento de Guerra virou um livro – “Memórias de uma guerra suja” – muito interessante e cheio de importantes detalhes sobre o funcionamento da “máquina repressiva”
Na terça-feira (23) ele compareceu à Comissão Municipal da Verdade de São Paulo para um novo depoimento e fez uma série de revelações importantes sobre episódios da ditadura militar. Detalhou o caso conhecido como “chacina da Lapa” e confirmou o que todos já sabiam: a participação do dono da Folha de S. Paulo e de outros empresários no apoio financeiro à repressão.
Ele confirmou ter sido o autor da explosão de uma bomba no jornal O Estado de S. Paulo, na década de 1980, e afirmou que os militares decidiram, a partir de 1980, desencadear em todo o Brasil atentados com o objetivo de desmoralizar a esquerda. “Depois de 1980 ficou decidido que seria desencadeada em todo o País uma série de atentados para jogar a culpa na esquerda e não permitir a abertura política”, disse ele.
Guerra também citou o Coronel Brilhante Ustra e o delegado Sérgio Paranhos Fleury. Este último, segundo Guerra, era o principal torturador e assassino. Segundo ele, Fleury “cresceu e não obedecia mais ninguém”. “Fleury pegava dinheiro que era para a irmandade (grupo de apoiadores da ditadura, segundo ele)”, acusou. E disse ainda que Fleury torturava pessoalmente os presos políticos e metralhou os líderes comunistas no episódio que ficou conhecido como Chacina da Lapa, em 1976.
Guerra disse que recebia da irmandade “por determinadas operações bônus em dinheiro”. O ex-delegado afirmou que os recursos vinham de bancos, como o Banco Mercantil do Estado de São Paulo, e empresas, como a Ultragas e o jornal Folha de S. Paulo. “Frias (Otávio, então dono do jornal) visitava o DOPS (Departamento de Ordem Política e Social), era amigo pessoal de Fleury”, afirmou.
Segundo Guerra, os mortos pelo regime passaram a ser cremados, e não mais enterrados, a partir de 1973, para evitar “problemas”. “Enterrar estava dando problema e a partir de 1973 ou 1974 começaram a cremar. Buscava os corpos da Casa de Morte, em Petrópolis, e levava para a Usina de Campos”, relatou.

Nenhum comentário: