domingo, 13 de maio de 2012

As eleições na Grécia


 A vitória do socialista Hollande, na França, não foi a única boa notícia do domingo (06). As eleições gregas foram significativas e marcam, também, o início de uma mudança na Europa. Os dois principais partidos da Grécia, que sustentam o governo e garantem a política de “austeridade”, sofreram grandes perdas nas eleições parlamentares de domingo.
O primeiro passo da “virada” grega aconteceu em novembro passado quando a insatisfação popular fez cair o governo de Papandreu. É certo que ele foi substituído por outro homem de confiança do sistema europeu (Banco Central e FMI), mas o seu partido (Pasok) acaba de sair muito queimado das eleições e dificilmente conseguirá montar um gabinete que consiga governar o país.
Na semana anterior, a OCDE anunciou que a renda média grega caiu 25,3% em 2011, uma redução sem precedentes em qualquer parte do mundo em tempos de paz (os britânicos caíram 2% no mesmo período), com um desemprego de 21% e um desemprego entre os jovens de 50%. Mas o governo insiste em manter a política de “austeridade” defendida por Merkozy (Angela Merkel + Sarkozy) para a Europa.
A esquerda ficou com o segundo lugar e rompeu o poder do governo. Houve um considerável crescimento da Coalizão de Esquerda Syriza nas eleições gregas, atingindo cerca de 15% dos votos e garantindo o segundo lugar no pleito. Este avanço quebra a espinha dorsal do governo.
Os dois partidos que formavam o antigo governo de coalizão, ND (Nova Democracia) e Pasok (Movimento Socialista Pan-helênico), tiveram, juntos, cerca de 34% dos votos, garantindo o primeiro e o terceiro lugar, respectivamente. Esse cenário faz com que dependam de um terceiro partido para poderem criar um novo governo de coalizão.
O lado preocupante das eleições gregas foi o crescimento de um partido neonazista chamado “Amanhecer Dourado” que obteve perto de 7% dos votos!
A receita da direita para a crise. O partido neonazista que apareceu na recente disputa eleitoral grega já deu sua receita para a crise: “‘Propomos minar as fronteiras”. Nikolaos Michaloliakos, o líder neonazista da Aurora Dourada, deu na noite de domingo seu primeiro susto num grupo de jornalistas que aguardava na sede do partido para uma entrevista.
O auditório estava cheio para a entrevista quando um homem de cabeça raspada gritou “Todos de pé”. Era o sinal para a entrada de Michaloliakos na sala. Os jornalistas que não se levantaram, foram “convidados” a se retirar do local. Depois ele anunciou sua receita para salvar a Grécia: “É preciso proteger as fronteiras, e propomos minar toda a extensão delas. Não para matá-los (os imigrantes), mas para impedir que entrem no país. Isso, mais a vigilância do Exército, blindará a Grécia. Enquanto houver um único grego desempregado, não teremos pena dos estrangeiros”.

Um comentário:

Diego Soffritti disse...

É realmente interessante pensarmos, depois de todo esse processo histórico, um fantasma do nazismo vivo na europa.

Mas, como já dizia o antigo Heráclito, a guerra é o pai de todas as coisas... É no momento de tensão que vemos definidamente o que cada lado representa!

Esperamos que o melhor lado prevaleça, seja lá o que isso signifique.