sábado, 30 de março de 2013

Baseado em fatos reais

Sabe... Eu sou dessas mulheres maduras, descoladas, que achava que já tinha visto de tudo. Mas eis que a vida te pega de surpresa e parece querer te ensinar.
Hoje, de dentro do meu Bentley Continental Supersport, saí com uma amiga que levou um tranco da vida e só restou, como boa cristã que sou, lhe emprestar o ombro e morrer de pena. Ela, coitada, era uma daquelas pessoas que ía 4, 5 vezes à Europa por ano; tinha todas as portas de restaurantes abertas; era citada em colunas sociais; frequentava os points do pessoal do Manhattan Conection; era amiga do Merval Pereira e agora, por conta de denúncias vazias feitas por pessoas que são do mal (sabe gente que é do mal?) ela me confidenciou, ali, no carona do meu carro, que só poderá ir uma ou 2 vezes no máximo à Europa este ano!? Vê se pode? Que país é este? Onde iremos parar? "Por que logo eu"?, perguntou ela. A vida é mesmo muito injusta e a gente só para pra pensar nisto quando acontece uma catástrofe.
E o pior você não sabe. Enquanto ela me contava essa tragédia e borrava a maquiagem (e consequentemente sua plástica número 5) que acentuava a curva dos olhos, o carro estava parado num sinal e nos deparamos como uma cena de pura insensibilidade: uma me-ni-na (sabe aquelas neguinhas que carregam crianças num braço e caixas de chiclete no outro?) bateu no vidro do meu blindado e interrompeu as lágrimas de dor e sofrimento de minha amiga. E não é que a neguinha insistia? Parecia querer me convencer a comprar a criança! Agora você veja se eu iria ficar com uma criatura tão feia como aquela? Ou ainda, se eu iria mascar chiclete da Central do Brasil?
Mas aí eu fui forte. Olhei para minha amiga e filosofei. Filosofei mesmo! "Miga... a vida é como este sinal de trânsito, uma hora está vermelho e te faz parar, pensar e chorar. Outra hora está verde e te faz andar para frente".
Não é que nessa hora o sinal abriu. Eu acelerei deixando a neguinha insensível  que nos importunava  para trás e minha amiga, para cima, enquanto voltava a fazer a conta do limite do seu cartão em Euros.

Um comentário:

Isabela Amaral disse...

E o pior de tudo é você saber que ainda existe gente assim. Por mais absurdo, revoltante e ridículo que seja. As pessoas - algumas, para não generalizar - parecem tão indiferentes, fúteis, egoístas que não veêm a realidade do mundo, mas somente a delas mesmas. Talvez, chegue uma hora que seja insuportável viver com isso e que as pessoas "caiam na real". Aguardarei anciosamente esse momento.