Depois das incríveis
declarações racistas
e homofóbicas do deputado Jair Bolsonaro
no programa CQC, em abril de 2011, e do surgimento de grupos que incitam o ódio
contra nordestinos pela internet, a onda neonazista vem ganhando adeptos no
Brasil.
Hoje, o Brasil tem cerca de
300 células neonazistas. Segundo a antropóloga Adriana Dias, mestre pela Unicamp
e que estuda o tema há dez anos, cerca de 150 mil brasileiros baixam mensalmente
mais de cem páginas com conteúdos nazistas. Desse total, 15 mil são líderes e
coordenam as incitações de ódio na internet.
A pesquisa de Adriana Dias
identificou o perfil do neonazista brasileiro: desses 300 grupos, 90% se concentram
em São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina; são brancos, homens,
jovens, a maioria com ensino superior (completo e incompleto); para se inserir
nas células, é necessário ritual de iniciação. Geralmente, espancar
gratuitamente um negro ou judeu na rua, e que pode levar à morte; depois de
aceito, o nazista recebe senha para acessar manual, que lhe dirá, entre outras
coisas, como reconhecer um útero branco – a mulher perfeita para procriação de
um neonazista; todos eles enfrentam dificuldades de socialização; muitos
apresentam frustrações sexuais: o próprio Emerson Rodrigues afirmou em seus vários
sites e perfis, que sua ex-namorado havia o deixado por um “negão”(sic); muito
se sentem ressentidos por supostamente terem perdido poder, com a entrada do
PT, associado à esquerda, no governo – esse aspecto está ligado, sobretudo, ao
preconceito contra nordestinos e à ascensão de uma nova classe média; são
fundamentalistas religiosos – o que pode ajudar a confundir liberdade religiosa
com crimes de ódio.
Ernesto Germano
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