Em 2003 eu
escrevi um texto sobre o feminicídio no México e já alertava para o descaso das
autoridades que não se preocupavam em esclarecer tantos assassinatos. Eis uma
parte daquele texto:
“Entre 1993 e 1998 foram assassinadas 137 mulheres. Em
1999 foram mais 15 jovens, todas com idades entre 15 e 17 anos. Muitas eram
estudantes além de trabalharem nas maquiladoras ou outras pequenas empresas de
Ciudad Juárez, norte do México. Segundo fontes locais, o número de mulheres
assassinadas na cidade já ultrapassou 300 e cerca de 600 estão desaparecidas.
Em todos esses assassinatos há um ponto comum: as mulheres foram violentadas
sexualmente, torturadas, mutiladas e seus corpos foram largados nas areias do
deserto. Em fevereiro de 2003 a barbárie chegou ao limite: o corpo de uma
menina de 5 anos, violentada e apunhalada, foi jogado ao lado da ferrovia, no
centro da cidade.”
Ao que tudo indica, nove anos depois a situação
continua a mesma. “Nem uma mais. Não mais mulheres desaparecidas!”. Esse é o grito das
integrantes do “Comitê de Mães e Familiares com Filhas Desaparecidas” em Ciudad Juárez. Na noite de
quinta-feira (23/02), María García recebeu a notícia de que a ossada de Jessica
Leticia García, sua filha, havia sido identificada. Jessica estava desaparecida
desde o dia 29 de maio de 2010. Em comunicado, o Comitê de Mães e Familiares
com Filhas Desaparecidas destaca que, juntamente com Jessica, foram localizados
os restos mortais de Andrea Guerrero Venzor, desaparecida desde agosto de 2010,
e de Lizbeth Avilés García, sumida desde abril de 2009. E nada está sendo feito
pelas autoridades!
Ernesto Germano
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