Em tempos onde somos bombardeados de ideologia através da mídia, também
deixamos com que o preconceito, os estereótipos e a imposição de valores
sejam infiltrados sem que percebamos.
A cerveja não é só uma
cerveja, é uma devassa. O perfume não é só um perfume, e sim um imã de
homens e mulheres. Não estamos comprando um produto isoladamente, e sim,
comprando o “estilo de vida” que vem agregado a ele. Após anos de
anúncios engraçados, inteligentes, sedutores, e acima de tudo,
convincentes, a vida se torna algo comprável. Algo consumível. E isso é o
que acontece com as mulheres.
Desde o começo da humanidade, nós
éramos vistas como o complemento, um objeto de fácil consumo dos homens.
Não tínhamos direito ao estudo, éramos analfabetas, não podíamos votar,
não tínhamos profissão, nem escolhíamos nossos parceiros. Até hoje, em
muitas vezes, nossos salários são inferiores aos masculinos, mesmo
exercendo exatamente a mesma função. Como podemos deixar tal coisa
acontecer? Como podemos tratar essa diferença injustificável, como coisa
normal?
As injustiças entre os sexos já foi mais explícita, porém,
de maneira característica aos tempos de hoje, continua existindo. Dessa
vez, ela se tornou mais perigosa, porque ela consegue passar de maneira
imperceptível, e nós, anestesiados pela inércia de nossos tempos, nos
calamos diante dela, pois muitas vezes nem a notamos. Infiltradas em
nosso dia-a-dia, a violência contra mulheres e a desigualdade entre os
sexos estão escancaradas em nossa frente. Basta pararmos para
observá-las. Ser mulher não é esse estereótipo com adjetivos tão
conhecidos que nos ensinaram desde pequeno. Não é uma personagem fixa e
atemporal, nem esse clichê que todos nós já conhecemos. Ser mulher é
saber que foi pela coragem de outras pessoas que batalharam que nós
estamos caminhando até igualdade entre ambos os sexos. Ser mulher é
também, saber que há de se continuar caminhando. Ainda há muita estrada
pela frente, muitas práticas a serem quebradas, muitos hábitos, tidos
como naturais, a serem rompidos, pois nos tempos em que vivemos, onde a
violência é banalizada, nada é o que parece.
Eu sou mulher.
Renata Gomes
Um comentário:
Muito boa essa ideia de fazer algo em favor do dia das mulheres na escola. Muito interessante mesmo, eu até fui chamado para participar mas acabei não indo. ótimos textos, além de ótimas interpretadoras, e a Renata escreve super bem também. Foi um excelente dia para todos, mas principalmente as mulheres. Além do mais, eu sou mulher! hahahaha
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