segunda-feira, 5 de março de 2012

A FAVELA, AS DROGAS, A VIOLÊNCIA E A POLÍCIA MILITAR - Parte 2

Não é de hoje que se associam estes quatro elementos da sociedade brasileira, em diferentes associações de idéias, como “a favela e as drogas”, “a favela e a violência”, “a violência e a drogas”, “as drogas e a polícia militar”, ou ainda com três elementos: “a favela, as drogas e a violência”. Pouco (ou nada) se associa na combinação “a favela e a polícia militar”, como se a presença da polícia na favela fosse secundária à presença das drogas, quando na verdade não o é, como veremos nas linhas adiante.
            Mas antes devemos nos detalhar nas definições, separadamente, de cada termo acima.

A POLÍCIA MILITAR: (parte 2)

            A Polícia Militar, ou simplesmente PM, está aí, como eles mesmos gostam de apregoar, para “servir e proteger”. E nada mais verdadeiro do que este slogan, principalmente quando perguntamos “servir a quem”, e “proteger ‘o que e quem’ de quem”.
            Mas para responder estas perguntas simples, e para um melhor entendimento das respostas, cabe retrocedermos um pouco na história deste país, até o tempo da hoje acabada (?) escravidão, nos tempos do Brasil Colônia e Brasil Império.
            Naquela época, pipocavam as revoluções pelo mundo, principalmente nas Américas onde, no Haiti, @s Negr@s simplesmente acabaram com @s branc@s, fazendo da antiga ilha La Española a primeira República Negra das Américas.
            E no Brasil não faltavam exemplos de revoltas, como Cabanos, Malês, dentre outras, e os inúmeros Quilombos formados por Negr@s que conseguiam se libertar do cativeiro, dentre os quais o mais famoso foi o Quilombo dos Palmares.
            Para controlar estes Negr@s escravizad@s, assim como capturar Negr@s fugid@s, surge a figura do Capitão do Mato. Sujeito “mestiço” (negro), sua função social o coloca como superior aos seus “irmãos”, a quem não hesita em capturar, subjugar e punir por suas supostas faltas ao “senhor de escravos”. E cada fazendeiro passa a ter seu próprio bando (ou quadrilha) de jagunços, comandado por um capitão do mato.
            Mais tarde, uma vez que os fazendeiros começam a enxergar @ Negr@ como uma “ameaça” à integridade nacional branca, visto serem a maioria da população e, pior ainda, estarem cada vez “mais abusados, vai que queiram fazer uma revolução...”, estes fazendeiros vêem nos capitães do mato uma proteção contra a “ameaça negra”, e convencem D. João VI (patrono da Polícia Militar) a transformar estes diferentes bandos, nas diferentes fazendas, em “Guarda Nacional”, uma vez que estes jagunços protegem a nação brasileira contra esta “ameaça negra”.
E cada fazendeiro, como chefe desta “guarda”, recebe o título de “Coronel”, título este hereditário. Seu filho, o “coronelzinho”, herdará, com a morte do pai, a fazenda, seus empregados e escravos, e também o comando desta “Guarda”.
            Mais tarde ainda, D. Pedro resolve “unificar” esta “Guarda Nacional”, e lhe dá o nome de Polícia Militar.
            Daí nada mais certo do que um antigo governador do Estado do Rio que, ao “reformular” a polícia, utilizou o nome “nova polícia”. Se verificarmos a atuação dela neste período, em nada diferente de toda a sua história, só podemos completar o slogan: “nova polícia, antigos ideais”, pois combater @s Negr@s e suas diferentes formas de organização continuou, até hoje, a ser a principal função desta corporação.
            Apenas como ilustração, convém ver a cartilha com a qual ensinavam (passado?) seus subordinados a reconhecerem o traficante (negro) e o consumidor de drogas (branco), fato denunciado em 23 de setembro de 2008.

J.J.

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