terça-feira, 20 de março de 2012

Luta de classe, o EBX da questão.

Acidentes acontecem em qualquer classe social, é fato. 
Mas o que estamos presenciando desde a noite de sábado, 16, é a mais pura materialização da luta de classes nos formatos mais variados: os jornalistas de empresas lacaias "ponderando os dois lados da questão", como se houvesse justificativa para explicar uma colisão entre um super carro com uma bicicleta; pessoas com o mínimo de inteligência (e julgo que seja o mínimo mesmo, mas isso não vem ao caso) defendendo o Príncipe das Trevas e consequentemente o rei(ke), argumentando que isto é "uma coisa que todos estamos sujeitos"... Todos que andam em alta velocidade, pelo acostamento em perímetro urbano; uma polícia conivente que sequer fez boletim de ocorrência, pois este só apareceu no dia seguinte e a única nota lançada, pasmem, foi feita pela EBX, empresa mãe de um cara que se vangloria em ser a maior fortuna de um país faminto e a oitava de um mundo em crise profunda;  uma preocupação anormal de retirar o carro do local do crime antes da perícia chegar, sob o argumento que não haveria risco de se mexer nas provas de um possível crime como adulteração do velocímetro, retirada de provas substanciais como pedaços do corpo...; um carro absolutamente destruído após colidir com uma simples bicicleta que, convenhamos, num simples exercício de ilação, se o carro ficou naquele estado, como não terá ficado a bicicleta e o homem que a guiava?; um corpo dilacerado que nem chegou a ser recomposto para o enterro e um rei(ke) que se limitou a dizer "meu filho poderia estar morto".



Eike usa Twitter para defender filho
Nesta segunda-feira, o empresário Eike Batista voltou a usar o Twitter para defender o filho Thor.

“A imprudência do ciclista podia ter causado três mortes”, disse o empresário no Twitter, em resposta a um leitor que havia elogiado a postura de seu filho Thor.

"Independente da posição social e da condição financeira, foi correto sua atitude. Ser capaz de assumir a autoria sem omissão!", havia escrito o leitor.

Eike rebateu as informações da família da vítima, de que Wanderson foi atingido quando pedalava pelo acostamento.

“Nao é verdade! As marcas estão na segunda pista onde se ultrapassa!”, escreveu Eike.

O empresário também respondeu a um leitor que perguntou por que o carro tinha sido recolhido pelo advogado antes da perícia:

“Nao é verdade! A perícia já foi feita! Só por isso que o carro foi liberado, e está à disposição da Justiça!”

Eike elogiou o comportamento do filho.

“Ele é assim! Fez tudo que um cidadão honrado tem obrigação de fazer! Prestou socorro, depôs e assinou, fez o bafômetro com O,O! Ele foi exemplar! E, graças a Deus, não bebe!

O corpo do ajudante de caminhão Wanderson Pereira dos Santos, de 30 anos, foi enterrado na tarde de domingo (18) no Cemitério de Xerém, em Duque de Caxias. De acordo com a família da vítima, o enterro foi pago por Thor Batista.

O carro de Thor Batista depois de atropelar Wandereson Pereira 
O comportamento deste, digamos, pai, é o mesmo de todos aqueles débeis que defendem seus filhos, mas não ousam em defender o justo. Pois antes mesmo de qualquer coisa definitiva sobre o caso, vem um amontoado de defesas estéreis e provas forjadas que colocam em dúvida este "grande cidadão" Príncipe das Trevas.
Mas por que não se fala no ajudante de caminhoneiro Wanderson Pereira? Por que não mostraram a bicicleta? Por que não falaram de sua tentativa de permanecer vivo no dia a dia de um país que concentra renda nas mãos de poucos? Por que não assumimos que para haver um Eike Batista tem que haver milhares de Wanderson Pereira?
Triste é o fim de quem sequer teve um começo...

Chico Baeta

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